Cine Victoria reabre com grandes títulos por preços acessíveis no centro de Porto Alegre
Débora Fogliatto
Um dos mais tradicionais cinemas de rua de Porto Alegre voltou a funcionar neste início de 2016, após passar quase um ano com as portas fechadas. O Cinema Victoria, que desde 1999 está localizado em uma galeria na rua Borges de Medeiros, entre a Andradas e a Andrade Neves, havia sido fechado em fevereiro de 2015 como parte de uma série de encerramento de contratos por parte da rede Arcoíris. Agora, os moradores do Centro ganham uma opção barata para assistir aos blockbusters — os ingressos custam entre R$ 10 e R$ 12 por pessoa, com meia-entrada a R$5 e R$6.
Pouco mais de um mês após o fechamento do Victoria, também foram encerradas as atividades do Cine Tanópolis, na cidade de Montenegro, região metropolitana de Porto Alegre. A ligação entre os dois acontecimentos é o antigo administrador do Tanópolis, Luiz Carlos Maurente, que administrou o espaço a partir de sua participação como membro da Associação Comercial Industrial e de Serviços. Ele começou na instituição em 2001, quando já havia parceria com o cinema, administrado pela mesma Arcoplex. “Eu fui fazendo umas coisinhas para o gerente e comecei a gostar, interagir com o público, assistir filme. Em 2007, a Associação Comercial passou a ser responsável pelo cinema, com nós, funcionários, administrando. E fui o único que fiquei até o final, saí da Associação mas recebi a proposta para gerenciar o cinema”, relata.
No final de março, a Associação optou por fechar o cinema, o que fez Luiz Carlos procurar novas oportunidades de trabalho. Por conhecer a Arcoplex devido à sua relação em Montenegro, ficou sabendo do fechamento do Victoria e tratou de reabri-lo. Desde novembro, ele administra o espaço juntamente com sua esposa e sua mãe, que trabalham principalmente na bilheteria e na venda de pipocas e itens de bomboniere. Embora esteja funcionando como um negócio familiar inicialmente, o Victoria já começou a receber currículos e atrair interesses na região, afirmou o proprietário.
A programação será focada em blockbusters e grandes produções, como o sucesso de bilheteria Star Wars: O Despertar da Força, em cartaz na primeira semana. As animações também ganham destaque e serão parte constante da programação, garantiu Luiz Carlos. Atualmente, está sendo transmitido Hotel Transilvânia 2, e completa a programação o filme de terror A Visita. A maior parte das sessões é dublada, explica o novo administrador, devido à grande procura do público por essa modalidade. Nos filmes adultos, há uma ou duas sessões por semana legendadas.
A família não conseguiu investir muito em marketing antes de reabrir o Victoria, mas considera que a procura tem sido dentro do esperado para os primeiros dias do ano. Nesta terça-feira (6), as últimas sessões do dia lotavam a área de espera do primeiro andar do cinema, por volta das 19h30. Dentre as pessoas que aguardavam para assistir Star Wars, estavam o casal Heleana Sousa da Silveira e Felipe D’Agostini, com a filha – que coincidentemente tem o nome do cinema, Vitória. Conversando com os novos proprietários, Heleana os parabenizava por terem reaberto o clássico cinema.
A família mora na Duque de Caxias, a poucas quadras do Victoria. “Eu cresci aqui dentro, sempre morei no Centro. Quando fechou, entramos em pânico”, relata ela. Os três chegaram da praia, onde passaram o Ano-Novo, e foram direto conferir a programação do cinema. “Vai bombar, foi uma tristeza quando fechou. E os preços e horários são ótimos”, avaliou Heleana, animada, garantindo que no verão, ainda mais pessoas devem ir ao local.
Para reabrir com condições de atender bem o público, Luiz Carlos providenciou projetores digitais DCP, adquiridos a partir do programa de financiamento do BNDES para apoiar pequenos exibidores no processo de digitalização. Ele também colocou ar condicionado nas duas salas, e o sistema de som foi atualizado, assim como o encapamento de algumas poltronas. “Ainda há melhorias a serem feitas. Esse carpete aqui está enrugado, por exemplo”, diz, demonstrando preciosismo, enquanto mostra o chão da Sala 1.
Por enquanto, o Victoria não tem sessões nas segundas-feiras, mas o administrador já pensa em formas de fazer esse dia ser utilizado para projetos culturais ou educativos. Quando trabalhava em Montenegro, desenvolveu uma parceria com o Santander Cultural, de Porto Alegre, que fornecia filmes educativos, que eram exibidos em sessões especiais para estudantes e, posteriormente, trabalhados em salas de aula. “Esse projeto tinha reconhecimento do Ancine, do Ministério da Cultura pela Lei Rouanet, e empresas patrocinavam. Cada aluno pagava apenas R$ 1, com transporte”, relata. A ideia é realizar alguma iniciativa parecida no Victoria, no futuro.
O Victoria localizava-se originalmente na esquina da Borges com a Andrade Neves. Inaugurado em 1940, quando era chamado Cine Teatro Vera Cruz, foi fechado em 1950 e reabriu como Victoria três anos depois, época em que recebeu grande público, tornando-se um dos mais célebres cinemas de calçada da capital. Voltou a fechar em 1998 e, em 1999, passou a pertencer à galeria onde está localizado atualmente, com adaptações como a divisão em duas salas, que permanecem até hoje.
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