Guia21 recomenda A Forma da Água, Todo o Dinheiro do Mundo e o Porto Verão Alegre
Da Redação
Dentre os filmes que estreiam nesta semana, destacamos dois: A Forma Da Água e Todo o Dinheiro do Mundo. O primeiro é o novo filme de Guillermo Del Toro, diretor de O Labirinto do Fauno e Círculo de Fogo. A Forma Da Água é ambientado na década de 60, em meio a Guerra Fria. A trama mostra uma zeladora em um laboratório experimental secreto do governo americano que se apaixona por uma criatura presa no local. Em Todo o Dinheiro do Mundo, de Ridley Scott, um rapaz neto de um magnata do petróleo é sequestrado ao responder afirmativamente a um chamado pelo seu nome.
Além das estreias, outros grandes filmes seguem em cartaz nos cinemas de Porto Alegre e região. Um deles é o recomendado na semana passada pelo Guia21: The Post. O novo filme de Steven Spielberg mergulha na rotina do jornal The Post e também na do seu principal concorrente, o The New York Times.
Tradicional no Verão, está transcorrendo o 19º Porto Verão Alegre. A programação da última semana de espetáculos é variada, com peças que abordam diversos assuntos. O destaque dessa semana vai para uma homenagem aos 50 anos do Teatro de Arena.
Abaixo, maiores detalhes de tudo isso e muito mais.
Este pequeno Guia é um resumo. Não se trata de uma programação completa, mas de recomendações dos melhores espetáculos que assistimos. O critério é a qualidade. Se você tiver sugestões sobre o formato e conteúdo de nosso guia, por favor, comente. Boa semana! De segunda a sexta, atualizamos nosso Guia21 com a programação do que acontece em POA.
Cinema – Estreias
A Forma da Água (****)
(The Shape of Water),
de Guilhermo Del Toro,
EUA, 2017, 123 min
Os momentos iniciais de A Forma da Água são dedicados a apresentar sinteticamente o cotidiano de Eliza (Sally Hawkins). Moradora de um apartamento sobre o cinema da cidade, ela é profissional de limpeza de um laboratório norte-americano subordinado ao exército. Guillermo del Toro desloca elegantemente a câmera pelos cômodos da residência, evidenciando o esmero da direção de arte e da cenografia ao delineamento de um espaço, ao mesmo tempo, acolhedor e repleto de personalidade. A trilha sonora de Alexander Desplat se impõe positivamente como auxiliar vital da construção da atmosfera lúdica, própria à improvável e central história de amor, uma metáfora da beleza da diversidade. Logo nos deparamos com uma criatura confinada, o humanoide anfíbio denominado Forma (Doug Jones). Por ser “monstro”, ou seja, diferente do padrão, o governo norte-americano o trata como trunfo para obter vantagem contra a União Soviética. O filme se passa nos anos 60, em plena Guerra Fria. (Com o Papo de Cinema)
No GNC Praia de Belas 5, às 14h10
CÓPIAS LEGENDADAS
No Cinemark Barra 7, às 13h10, 16h10, 19h e 24h45
No Cinespaço Wallig 1, às 13h10, 16h, 18h30 w 21h
No GNC Iguatemi 3, às 13h30, 16h10, 19h e 21h40
No GNC Moinhos 4, às 13h50, 16h30, 19h e 21h40
No GNC Praia de Belas 5, às 16h40, 19h10 e 21h40
Todo o Dinheiro do Mundo (****)
(All The Money In The World),
de Ridley Scott,
EUA,2017,135 min
O jovem caminha à noite pelas ruas de Roma. Há um glamour ultrapassado no ar, um inevitável espírito de decadência que deixa o ambiente ainda mais charmoso. O rapaz que transita aparentemente sem rumo em meio às mesas dos cafés e às prostitutas em busca de um cliente inesperado poderia muito bem ser Rubini, o protagonista de A Doce Vida (1960). No entanto, quem encontramos em Todo o Dinheiro do Mundo, percorrendo trajeto bastante similar, é John Paul Getty III, neto do homem mais rico do mundo. Porém, ao invés destes passos serem o início de uma jornada de excessos, prazeres e descobertas, o que ele encontrará pela frente é a solidão e o desespero do claustro, após ser jogado dentro de uma van ao responder afirmativamente a um chamado pelo seu nome. Tanto o protagonista do clássico de Fellini quanto o garoto do thriller de Ridley Scott tiveram suas vidas mudadas para sempre a partir deste ponto. As semelhanças entre eles, no entanto, terminam por aqui. E isso não é demérito nem para um, muito menos para o outro. (Com o Papo de Cinema)
No Cineflix Total 5, às 13h45, 16h25, 19h05, 21h55
No Cinemark Ipiranga 6, às 19h30
No Cinespaço Wallig 6, às 13h40, 16h20 e 19h
CÓPIAS LEGENDAS
No Cinemark Barra 8, às 19h15 e 22h20
No Cinemark Ipiranga 6, às 16h30 e 22h30
No Cinespaço Wallig 6, às 21h30
No Espaço Itaú 6, às 13h40, 16h10, 18h50 e 21h30
No GNC Moinhos 3, às 13h40, 16h20 e 22h
Cinema – Em cartaz
The Post: A Guerra Secreta (****)
(The Post), de Steven Spielberg,
EUA, 2017, 116 min
“Liberdade de imprensa”. Essa expressão, de tão repetida e mal-empregada, virou, nos dias de hoje, um chavão aberto às mais diversas interpretações – muitas delas, infelizmente, equivocadas. Como se jornais e jornalistas estivessem interessados em enganar seu leitor, agindo em prol de uma força maior e obscura – o governo, obviamente. Algo que, é preciso concordar, não chega a ser uma interpretação totalmente equivocada. No entanto, em sua origem, o entendimento era justamente o contrário: o quarto poder, por assim dizer, era o olho do público, o vigia que deveria investigar e delatar quaisquer irregularidades contra o cidadão. Pois é este ideal, aparentemente em desuso, que Steven Spielberg resgata em The Post: A Guerra Secreta. Mas ele não está interessado em apenas discorrer sobre o óbvio. E por trás do cenário que levanta para o seu discurso, há um outro debate ainda mais relevante, centrado na figura da protagonista, vivida por Meryl Streep. Não se engane, pois temos aqui o filme mais feminista do diretor desde A Cor Púrpura (1985). E isso, sim, significa muito. (…) Os jornalistas e repórteres querem fazer o trabalho deles: reportar ao mundo suas descobertas. Mas a que preço? Como pesar as consequências desse ato? Spielberg mergulha fundo não só na rotina do The Post, mas também na do seu principal concorrente, o The New York Times. (Com o Papo de Cinema)
No Cinemark Barra 6, às 16h50, 19h45 e 22h30
No Cinemark Ipiranga 5, às 22h15
No Espaço Itaú 4, às 14h, 16h30, 19h e 21h30
No GNC Iguatemi 1, às 16h45No GNC Moinhos 2, às 14h30, 17h, 19h30 e 21h50
No GNC Praia de Belas 3, às 16h20 e 21h20
Me chame pelo seu nome (*****)
(Call Me By Your Name), de Luca Guadegnino,
França/Itália/EUA/Brasil, 2018, 133 min
Elio é o único filho de uma família norte-americana com ascendência italiana e francesa. O garoto está enfrentando outro verão preguiçoso na casa de seus pais na bela paisagem italiana. Nesse cenário, Oliver, acadêmico que veio ajudar a pesquisa de seu pai, chega para despertar sentimentos ainda desconhecidos. O filme é romântico e belíssimo. Me Chame Pelo Seu Nome é mais um atestado da busca pela beleza empreendida pelo cineasta italiano Luca Guadagnino, porém não só, é muito mais do que isso. Longe de apresentar um apuro estético vazio e sem propriedades de reflexão, tem-se em cena uma delicada e sensível análise a respeito de amor e perda, liberdade e confiança, tendo como ponto de partida a atração que se desenvolve de forma tão imperiosa entre estes dois rapazes. (Com o Papo de Cinema).
No GNC Moinhos 1, às 13h50, 18h45 e 21h25
No Guion Center 2, 21h
No Guion Center 3, às 16h15
Dunkirk (*****),
De Christopher Nolan,
EUA / Reino Unido / França / Holanda,
2017, 106 min
A marcante série de eventos ocorridos nas praias de Dunquerque, na França, durante a Segunda Guerra Mundial, já esteve outras vezes na tela grande. Dos clássicos O Drama de Dunquerque (1958), com Richard Attenborough, e Gloriosa Retirada (1964), com Jean-Paul Belmondo, até os mais recentes Dunkirk (2004), minissérie da BBC, e Operação Dunkirk (2017), telefilme também lançado neste ano, basta analisar as causas e as repercussões desse episódio para compreender porque este momento tão singular tem despertado tamanho interesse de cineastas e realizadores ao longo das últimas décadas. Faltava, no entanto, um filme que ficasse acima da mera curiosidade histórica e que fizesse jus não apenas aos feitos verídicos, como também pagasse tributo ao talento e à criatividade que apenas o real artista pode combinar. Pois assim é Dunkirk, um conto tão humano quanto revolucionário, que se foca no momento particular que lhe serve de título para estudar, a partir dele, os reflexos e consequências verificados entre alguns dos seus principais envolvidos, independente do âmbito ou do grau de relevância que a História pode ter lhes concedido. (Com o Papo de Cinema)
No Cinespaço Wallig 8, às 19h
120 Batimentos por Minuto (****)
(120 battements par minute), de Robin Campillo, França, 2017, 143 min
França, início dos anos 1990. O grupo ativista Act Up está intensificando seus esforços para que a sociedade reconheça a importância da prevenção e do tratamento em relação a AIDS, que mata cada vez mais há uma década. Recém-chegado ao grupo, Nathan logo fica impressionado com a dedicação de Sean junto ao grupo, apesar de seu estado de saúde delicado. Estrelado por Nahuel Pérez Biscayart, Arnaud Valois e Adèle Haenel, 120 Batimentos Por Minuto (2018) tem direção de Robin Campillo (Meninos do Oriente, 2013). A obra foi premiada com os troféus Queer Palm, FIPRESCI, François Chalais e Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes 2017. Além disso, foi exibida nos festivais de Rio, Hamburgo e San Sebastián.
O Jovem Karl Marx (****)
(Le Jeune Karl Marx), de Raoul Peck,
França / Alemanha / Bélgica, 2016, 118 min
Aos 26 anos, Karl Marx embarca com a mulher, Jenny, para o exílio. Em Paris, eles conhecem Friedrich Engels, filho do dono de uma fábrica que estudou o nascimento do proletariado inglês. Engels traz a Marx a peça que faltava para o quebra-cabeça de sua visão de mundo. Seja na esfera documental ou na ficcional, o cinema do haitiano Raoul Peck se notabiliza pelo teor político e de investigação histórica, característica dominante em trabalhos como Lumumba (2000), uma dramatização da trajetória do líder anticolonialista congolês Patrice Lumumba, e Eu Não Sou Seu Negro (2016), documentário indicado ao Oscar que traça um panorama dos conflitos raciais nos Estados Unidos do século XX tendo como base os textos do escritor James Baldwin. Em O Jovem Karl Marx, Peck direciona sua lente biográfica a uma das figuras políticas mais notáveis e debatidas de todos os tempos, apresentando um recorte de sete anos da vida do filósofo e sociólogo alemão (vivido por August Diehl) que parte de seu exílio na França, aos 26 anos de idade, até a criação do Manifesto Comunista. (Com o Papo de Cinema).
The Square — A Arte da Discórdia (*****)
(The Square), de Ruben Östlund,
Suécia / Alemanha / Dinamarca / França, 2017, 142 min
Além de receber a Palma de Ouro em Cannes, The Square — A Arte da Discórdia, recebeu os prêmios de Melhor Filme, Melhor Realizador (Ruben Östlund), Melhor Comédia, Melhor Ator (Claes Bang), Melhor Argumento (Ruben Östlund) e Melhor Direcção de Arte (Josefin Åsberg) da Academia Europeia de Cinema. Christian é o respeitado curador de um museu de arte contemporânea. Homem divorciado e bom pai, é uma pessoa que dirige um carro elétrico e apoia boas causas. A sua próxima exposição, “O Quadrado”, é uma instalação que pretende evocar o altruísmo em quem a vê, recordando nosso papel enquanto seres humanos responsáveis pelos nossos semelhantes. Mas às vezes é difícil viver à altura dos nossos ideais: a resposta incauta de Christian ao roubo do seu telefone vai conduzi-lo a situações das quais ele se envergonha. Além disso, uma desastrada campanha de marketing feita pelo museu vai afrontar o senso comum e o bom gosto. O filme faz uma incursão às pessoas de bom senso, politicamente corretas, quando empurradas para fora do seu quadrado, expondo as rachaduras de um mundo indiferente e comprometido apenas com sua própria lógica e ego.
Exposições
Sol Preto, por Daniel Frota
Visitação de 3 de fevereiro a 8 de abril
Sábados e domingos, das 15h às 20h
Na Fundação Iberê Camargo
A mostra parte da pesquisa do artista sobre uma expedição científica realizada em 1919, na cidade de Sobral, no sertão do Ceará, que teve o objetivo de observar e documentar um eclipse solar. As instalações, esculturas, gravuras e vídeo presentes na exposição investigam o impacto causado pela presença dos pesquisadores britânicos na população local, evocando o choque entre crenças religiosas e científicas, e mostrando as relações de poder estabelecidas pelo contraste entre o avanço do conhecimento científico e a precariedade socioeconômica da região.
Teatro e Dança
19º Porto Verão Alegre
Com a peça ‘Teatro é Sempre Arena’, atores se reúnem para fazer uma homenagem teatral aos 50 anos do Teatro de Arena de Porto Alegre, nos dias 2, 3 e 4 de fevereiro, às 21h. No roteiro, textos de Bertold Brecht, Samuel Beckett, Peter Weiss, Eduardo Pavlovsky, Plínio Marcos e Jorge Rein. Atuam Hamilton Braga, Nena Ainhoren, João França, Luzia Ainhoren e Dionísio Farias. Fotografias de Fernanda Chemale e direção de Breno Ketzer. Os ingressos podem ser adquiridos no site do Porto Verão Alegre.
Além da peça, outros grandes espetáculos marcam a programação da última semana do festival. Clique aqui para conferir a programação diária.