Ópera ‘O Quatrilho’ inicia turnê por sete cidades do Rio Grande do Sul na sexta (3)
Depois de estrear em Porto Alegre no último fim de semana com três sessões lotadas no Theatro São Pedro, a ópera O Quatrilho inicia sua turnê pelo interior do Rio Grande do Sul nesta sexta-feira (3). Serão necessários dois caminhões, dois carros e um ônibus para transportar pelas rodovias estaduais os mais de 4 mil quilos de cenário e a equipe de cerca de 30 pessoas que viajará com o espetáculo.
A montagem rodará aproximadamente 2,5 mil quilômetros para chegar aos sete diferentes palcos que receberão as récitas durante o mês de agosto: Recanto Maestro (dia 3, no Auditório da Antonio Meneghetti Faculdade), Bagé (dia 9, no Museu Dom Diogo de Souza), Pelotas (dia 10, no Theatro Guarany), Passo Fundo (dia 12, no Teatro Notre Dame), Bento Gonçalves (dia 15, na Casa das Artes), Caxias do Sul (dia 18, no Teatro Murialdo) e Novo Hamburgo (dia 19, no Teatro Feevale).
A ópera em dois atos de Vagner Cunha com libreto de José Clemente Pozenato garante uma leitura moderna e vivaz não só para a obra O Quatrilho, mas também para o gênero da ópera como um todo. Com direção cênica de Luís Artur Nunes e regência do maestro Antonio Carlos Borges-Cunha, a montagem tem recitativos em português, e árias, duetos e coros cantados em italiano por sete atores e cantores.
Nos papeis principais estão as sopranos Carla Maffioletti como Teresa e Maíra Lautert como Pierina, além do tenor Flávio Leite no papel de Ângelo e do barítono Daniel Germano interpretando Mássimo. Também estão em cena a contralto Luciane Bottona, no papel de Tia Gema, o barítono Ricardo Barpp como Cósimo e o baixo Pedro Spohr como Rocco, além da Camerata OntoArte, integrada por 12 músicos: Moisés Bonella Cunha (1o violino), Jean Veiga (2o violino), Michael Penna (viola), Christian Munawek (violoncelo) Luciano Dal Molin (contrabaixo), Leonardo Winter (flauta e piccolo), Samuel Oliveira (clarinete), Tiago Linck (trompete),Jhonatas Soares (tuba), André Carrara (piano), Diego Silveira (timpani) e Guenther Andreas (percussão).
O enredo de O Quatrilho baseia-se em fatos reais, retratando o cotidiano e a realidade dos imigrantes no Sul do Brasil no início no século XX, deixando claro o poder da mulher nas decisões de família também de negócios. A história acontece em 1910, numa comunidade rural de imigrantes italianos, no Sul do Brasil, quando dois casais se unem para sobreviver e decidem morar na mesma casa. Com o tempo, a esposa de um passa a se interessar pelo marido da outra, sendo correspondida. Os dois amantes decidem fugir e recomeçar outra vida, deixando para traz seus parceiros, que viverão uma experiência dramática e constrangedora, mas nem por isso desprovida de amor. O título faz analogia ao jogo do quatrilho: jogo de cartas onde os parceiros se trocam ao longo da partida. Tudo pode acontecer nesse jogo.
Produzido inteiramente no Rio Grande do Sul, o espetáculo tem elementos cênicos que remetem à maneira como os imigrantes italianos viveram na área rural do Estado no início do século XX. Os figurinos, assinados pela porto-alegrense Malu Rocha, são compostos por cerca de 30 peças produzidas em cores frias e terrosas, retratando as personalidades dos protagonistas da trama.
O cenário, desenhado pelo cenógrafo Rodrigo Lopes, mostra o interior e ao mesmo tempo o exterior de uma casa colonial italiana. O uso de lambrequins, adorno arquitetônico de madeira recortada muito utilizado nas residências dos imigrantes italianos, e de pintura de madeira, junto com um céu formam o espaço cênico.
Lançado em 1985, o livro O Quatrilho, de José Clemente Pozenato, tornou-se filme em 1995 sob a direção de Fábio Barreto. A exposição no cinema fez ainda mais conhecida a história dos dois casais de descendentes italianos que constroem suas vidas no interior do Rio Grande do Sul no inicio do século XX. Agora, um encontro fortuito entre o escritor José Clemente Pozenato, o compositor Vagner Cunha e a Bell’Anima Produções Artísticas permite a adaptação do livro para o formato de ópera.
A turnê da ópera O Quatrilho no Rio Grande do Sul é uma realização do Ministério da Cultura, com patrocínio de Calçados Beira Rio, direção artística da Bell’Anima Produções Artísticas e produção executiva da Branco Produções. Em 2019, chegará também a Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro.
Confira mais informações no site www.operaoquatrilho.com.b