‘O Homem e a Mancha’, sobre Caio F., é mais uma atração confirmada no Porto Alegre em Cena

Crédito: Miguel Quesada
Crédito: Miguel Quesada

O tempo segue inexorável. A saudade não dá trégua e a obra se recria e se expande com os sopros dos novos ventos. As histórias se cruzam, depois seguem seu rumo e voltam a se cruzar, trazendo novas emoções, novos olhares. O que foi uma amizade forte e criativa segue sendo forte, segue impactante, segue fazendo história. Caio Fernando Abreu, Luís Artur Nunes e Marcos Breda foram muito amigos. Caio e Luís Artur conquistaram o Prêmio Molière com a peça A Maldição do Vale Negro. Breda e Luis Artur montaram, há 20 anos, quando Caio ainda era vivo, o último texto desse grande autor brasileiro: O Homem e a Mancha. Caio não viu a peça pronta. Faleceu em fevereiro de 1996 e a montagem estreou em novembro daquele ano.

Vinte anos depois, essas três histórias voltam a se cruzar. O Homem e a Mancha ganhou uma releitura comemorativa dos seus 20 anos. Após estrear na capital gaúcha no último 12 de setembro, dia em que Caio completaria 68 anos, a emocionante homenagem volta ao Theatro São Pedro, desta vez como parte da programação do 23o Porto Alegre em Cena, com apresentações nos dias 20 e 21 de setembro.

O Homem e a Mancha, originalmente uma leitura dramatizada, propõe uma nova forma de teatralizar a última peça escrita por Caio Fernando Abreu. A linguagem multimídia inclui vídeos, imagens e momentos do espetáculo de 20 anos atrás. Em cena estão Breda e Luís Artur num contexto ora épico, ora dramático, no palco despido de grandes cenários. Duas cadeiras, duas mesas, uma máquina de escrever ao estilo Caio Abreu e um telão, ajudam a contar essa história.

A primeira montagem, encenada em 1996 era uma produção cem por cento gaúcha. Além do ator (Breda) e diretor (Luís Arthur), a ficha técnica compreendia Angel Palomero (diretor assistente), Celso Loureiro Chaves (música), Rodrigo Lopes (cenografia), Malu Rocha (figurino) e Voltaire Danckwardt (iluminação). A peça estreou no Theatro São Pedro, fez temporada no Rio de Janeiro e em São Paulo e viajou por muitas cidades, especialmente pelo interior do Rio Grande do Sul. Agora, Breda e Luís Artur intercalam os papéis. Ambos atuam e dirigem e Caio entra em cena, no telão, lendo a primeira rubrica da peça. “Caio não pode assistir à nossa montagem. Por pouco. Infelizmente partiu antes da sua estreia. Lembramos ainda, com uma ponta de tristeza, o seu pedido para que não demorássemos a realizá-la, ciente de que o tempo que lhe restava era curto”, afirma Luís Artur. “Infelizmente as dificuldades de se levantar um espetáculo teatral – bem conhecidas por quem é do métier – nos impediram de atender ao seu desejo”, complementa.

Caio Fernando Abreu/20 anos: O Homem e a Mancha – Releitura Dramatizada Multimídia não é um requentado. É um novo olhar sobre este que é considerado pelos realizadores da peça o melhor texto teatral de Caio F. a partir das ricas experiências que viveram pela primeira vez duas décadas atrás. Não é também uma mera leitura dramatizada, ainda que o texto monológico seja lido pelo ator que o encarnou, e as rubricas (as indicações do autor, que normalmente vêm entre parênteses na edição impressa) sejam lidas pelo diretor que as encenou. Marcos Breda e Luís Artur Nunes serão duas vozes microfonadas, mas não serão o foco visual. Este será constituído por imagens ininterruptas do espetáculo de 96. Imagens estáticas, “stills”, captados da encenação como uma espécie de HQ ilustrando fala a fala o que o texto vai evocando. A seleção dessas imagens e a sua edição ficaram a cargo de Candé Salles, realizador do filme Para sempre teu, Caio F., a partir das filmagens das apresentações no Theatro São Pedro e na Casa da Gávea no Rio. As primorosas composições de Celso Loureiro Chaves fornecerão a atmosfera sonora do evento.

Luís Artur conta que a ideia de o diretor ler as rubricas tem o objetivo primeiro de facilitar a compreensão da complexa tessitura cênica sugerida pelo autor. A esse, soma-se um outro ingrediente: as rubricas de Caio são riquíssimas, cheias de humor e de poesia. “Gostaríamos que o público, a quem por praxe é negada a leitura desse material, pudesse também saboreá-lo”. Desta forma, instaura-se um elemento “épico” (no sentido de “narrativo”) na performance: Luís Artur é o contador dessa história e Marcos Breda vocaliza os seus personagens (são vários!)

A palavra narrada, a palavra dramatizada, as imagens de múltiplas cenas, a música evocativa e a iluminação cênica são os elementos que se recombinam de maneira distinta da montagem original, propondo essa nova leitura. “Assim disposto, assim proposto, este evento que combina várias linguagens, é a nossa forma de dizer a Caio Fernando Abreu mais uma vez o quanto (e como cada vez mais) o amamos e admiramos. E sabendo como é imenso o público que também o ama e admira, queremos compartilhar com ele esse ato artístico-afetivo”, completa Luis Artur.

SERVIÇO

O HOMEM E A MANCHA (RJ)

De Luís Artur Nunes e Marcos Breda em homenagem a Caio Fernando Abreu

Dias 20 e 21 de setembro

Terça e quarta, às 21h

Theatro São Pedro (Praça Mal. Deodoro – Centro)

Ingressos

R$ 80 inteiro/ RS 40 promocional*

Vendas

Site: www.ingressospoaemcena.com.br

Telefone: (51) 3030.1500 (ramal 512): de segunda a sexta, das 9 às 18h

Loja Myticket do Moinhos de Vento (Rua Padre Chagas, 327, loja 6): de segunda a sexta, das 9h às 18h; e sábados, das 10h às 15h.

Formas de pagamento

Na loja My Ticket: dinheiro, Visa e Master (crédito e débito) – em uma parcela.

Internet: Visa, Master e Dinners – em até três parcela (com taxa de conveniência de 20% sobre o valor da compra). A entrega dos ingressos será feita por e-mail até 30 minutos após a finalização da compra.