Dez (quase) Amores estreia sábado (6) no Teatro da Santa Casa
DEZ (QUASE) AMORES estará em cartaz no Teatro do Centro Histórico-Cultural Santa Casa, nos dias 06, 07 e 08 de Janeiro de 2018, dentro do Porto Verão Alegre. Comemorando 10 anos de peça, a comédia é baseada no livro de Claudia Tajes. Assim como no livro, a peça mostra esses encontros e desencontros, vividos na infância, adolescência, amadurecimento e (quase) maturidade de Maria Ana. No elenco estão Carla Gasperin, Fábio Monteiro, Marcelo Naz, Paula Taitelbaum e Daniel Topanotti. A direção final é de Bob Bahlis.
Em 2018 – 10 anos de Espetáculo
A peça estreou em 2008 no Teatro de Câmara Túlio Piva, em Porto Alegre. Desde lá, sessões lotadas e muitas apresentações pelo Rio Grande do Sul. Muito desse sucesso está relacionado aos fãs do livro escrito por Claudia Tajes. O processo de adaptação do livro para aos palcos foi feito por Bahlis e acompanhado por Tajes. Em 2018 Bob Bahlis tem planos de montar um novo espetáculo inspirado em outro livro da autora.
Apreciação crítica, Nora Prado, Porto Verão Alegre 2017.
Dez (Quase) Amores Perfeitos
É muito bom ir ao teatro quando o jogo acontece despojado de cenários e efeitos bombásticos. Quando a direção investe na simplicidade e na verdade da cena, na interação verdadeira entre os seus intérpretes. Quando o texto é pretexto para que o subtexto flua solto e comprometido com os sentimentos e pulsões legítimas dos personagens. Quando há ambiguidade e dissonâncias, próprias, da vida real. Adoramos o espelho da arte para nos vermos inteiros e com lentes de aumento, principalmente quando isso é feito com o humor e suas ferramentas preciosas de ritmo e intensidade. Rir de nós mesmos e das nossas limitações ordinárias é um bálsamo para aliviar nossa necessidade de perfeição e aprovação. Atenuar nossas carências e aceitar o rid&iac ute;culo natural da nossa condição humana.
O espetáculo Dez (quase) Amores consegue essa simples façanha. De maneira natural e tão despretensiosamente que embarcamos na proposta sem restrições, como crianças. A narrativa simples, com diálogos ligeiros e bem urdidos, revela-se aliado para a equipe que se reveza com domínio entre os personagens para contar a história de Maria Ana através dos seus amores da adolescência até a idade adulta. Atravessando décadas e seus costumes correspondentes a peça mostra o cotidiano divertido e típico de cada fase, seus principais contextos históricos e políticos e com o hit musical da época. Os desafios familiares, preconceitos, conflitos amorosos, amizades e sonhos da menina que vira mulher, vai revelando que a vida é mais imprevisível do que almeja a nossa vã filosofia. Co m cenário enxuto e figurinos que traduzem o essencial de cada década com sua natureza específica evocam desde os anos sessenta até os nossos dias com sintética eficiência. A iluminação valoriza os espaços que assumem lugares e tempos definidos pela ótima atuação do grupo.
Os personagens possuem graça e carisma, na medida, para se transformarem em seres humanos dignos de empatia, pois se revelam potentes das características verdadeiras comuns a todos nós. Ciúmes, raiva, medo, prazer, ironia, e todas as qualidades e defeitos passam pelas histórias povoadas de ritmo e non sense. Rimos e nos comovemos com as venturas e desventuras de uma mulher com múltiplas habilidades e sonhos que se alteram conforme a pátina da vida vai forjando o seu próprio destino. Dez (quase) Amores se apoia no teatro essencial onde as convenções do teatro são plenas de sentido e se constroem tranquilamente diante dos nossos olhos maravilhados. Com o poder da comunicação e da exposição feita com humor da melhor qualidade e atores ocupados em fazer o seu melhor num conjunto harmonioso. Conseguem agir num a história plena de alegria e ternura. Uma bela lição de recursos corporais e gestuais que aproveita o melhor de uma referência mítica do teatro gaúcho: “Bailei na Curva”. [Sem pretender uma imitação formal, mas aproveitando o melhor de sua fonte, a simplicidade e honestidade para contar uma boa história.
Eleonora Prado