Direto e objetivo, Dead Fish lança o álbum ‘Ponto Cego’ em Porto Alegre

Dead Fish no palco do Opinião – (Foto: Willian Correa/Sul21)

Matheus Leal

Quem se acostumou a escutar os discos anteriores do Dead Fish deve ter percebido a diferença lírica em ‘Ponto Cego’, álbum lançado pela banda neste ano. Os habituais versos de contestação e engajamento seguem presentes, porém adaptados ao que o contexto político do país exige, uma linguagem muito mais direta e objetiva.

Foi nesse tom, em um show que apresentou o novo disco, acompanhado de clássicos dos discos anteriores, que o Dead Fish veio a Porto Alegre no último domingo, 20 de outubro, no Opinião. O evento teve ainda a abertura da banda gaúcha Rezalenha.

Com a compreensão de quem sempre lembra que o público depende de transporte público e precisa trabalhar no outro dia, a banda entrou no palco pontualmente às 21h, recebidos pelo tradicional cumprimento dos fãs: “Hey Dead Fish, vai tomar no cu!”. E logo soaram os primeiros acordes de “A Inevitável Mudança”, faixa de abertura do novo álbum. O suficiente para a roda de pogo se formar e os inúmeros stage divings que viriam acontecer até o fim do show.

Stage Diving – (Foto: Willian Correa/Sul21)

Talvez a música mais conhecida do novo álbum, ‘Sangue nas Mãos’ traz algumas expressões que se tornaram emblemáticas no noticiário político: “A esperança das ruas de 2013; Catalisou aquele grande acordo nacional; Com o supremo e com tudo; Pra estancar uma sangria”

Lembrando a responsabilidade dos grandes grupos de comunicação no golpe de 2016, Rodrigo Lima, vocalista, dedicou a estes ‘Selfegofactóide’, música do disco ‘Vitória’ de 2015. Em “Doutrina do Choque”, faixa do disco novo, o vocalista recomendou ao público que procurasse pelo livro de mesmo nome, escrito pela autora Naomi Klein. O livro aborda o avanço de políticas neoliberais em países com contextos sociais conturbados.

Este seria o primeiro recado dado pela banda durante o show, mas não seria o mais contundente. Foi antes de iniciar ‘MST’, música em homenagem ao movimento sem terra, do primeiro disco, ‘Sirva-se’, de 1998, que Rodrigo disparou: “O agronegócio envenena nossa comida. O agronegócio é amigo da Monsanto e das empresas de armas. O movimento dos sem terra é o maior produtor orgânico do Mundo. A escolha é simples, só haverá uma República Federativa de verdade quando tivermos Reforma Agrária no Brasil”.

Fechando com a trinca ‘Sonho Médio’, ‘Bem-Vindo ao Clube’ e ‘Afasia’, três faixas essenciais para qualquer fã da banda, o Dead Fish deixou em Porto Alegre mais uma ponta de resistência nestes duros dias de 2019.

Fotos do show:

Dead Fish no palco do Opinião – (Foto: Willian Correa/Sul21)

Dead Fish no palco do Opinião – (Foto: Willian Correa/Sul21)
Dead Fish no palco do Opinião – (Foto: Willian Correa/Sul21)
Dead Fish no palco do Opinião – (Foto: Willian Correa/Sul21)
Dead Fish no palco do Opinião – (Foto: Willian Correa/Sul21)
Dead Fish no palco do Opinião – (Foto: Willian Correa/Sul21)
Dead Fish no palco do Opinião – (Foto: Willian Correa/Sul21)
Dead Fish no palco do Opinião – (Foto: Willian Correa/Sul21)