Iberê adota “horário de verão” e passa abrir ao público das 15h às 20h

A alteração no horário de funcionamento passa a valer a partir deste final de semana e segue até o final do verão.

Foto: EBC

A partir desse final de semana (21 e 22 de outubro), a Fundação Iberê Camargo se adequa ao horário de verão e altera seu horário de funcionamento para que o público possa aproveitar os fins de tarde com programação na parte externa do prédio. O horário de abertura atrasa em uma hora e a visitação passa a acontecer das 15h às 20h, com entrada e programação gratuitas.

Dando continuidade à programação paralela à exposição “Vivemos na melhor cidade da América do Sul”, neste sábado, às 16h, a Iberê promove o segundo encontro do seminário “Sob o sol dos trópicos – Corpos negros que criam e recriam à luz da banda de cá dos trópicos”, com a historiadora Fernanda Oliveira. Em sua fala, Fernanda estabelece um diálogo entre o trópico de sol a pino, Rio, a cidade moderna cantada por Caetano Veloso, em Baby, São Paulo, e um trópico cuja estética é mais do frio e menos do sol a pino, Porto Alegre, livremente inspirada no cantor conterrâneo Vitor Ramil. Tal diálogo é conduzido por e sobre um ponto de vista das populações negras e suas formas de criação, por influência da emblemática fotografia de Carlos Vergara disposta em local privilegiado na exposição. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas através do link: https://goo.gl/xXHsDu

Já no domingo, às 16h, tem Cine Iberê com Madame Satã (1h45min, 2002, Brasil/França), seguido por comentários do jornalista Paulo César Teixeira. O filme de Karim Aïnouz se passa no Rio de Janeiro, bairro da Lapa, nos anos 30: o cotidiano e a intimidade de João Francisco dos Santos – artista transformista que sonha em se tornar um grande astro dos palcos, malandro, presidiário, pai adotivo, negro, pobre, homossexual – e seu círculo de amigos, antes de se transformar no mito Madame Satã, lendário personagem da boemia carioca. A exibição integra o programa Tabu | Éden | Quimera – atividade cinematográfica paralela à exposição Vivemos na melhor cidade da América do Sul, e tem curadoria de Marta Biavaschi.

Pra fechar a tarde de domingo, também às 16h, a Iberê e a Rádio Unisinos.fm 103.3 promovem mais uma edição de #músicamudatudo – Rádio Unisinos na Iberê, que acontece todos os domingos até 17/12, acompanhando a exposição “Vivemos na melhor cidade da América do Sul”. Com coordenação do DJ Porã, Grave & Groove e equipe da Rádio Unisinos, a programação traz ao público ritmos da Tropicália, MPB e outras referências ligadas a exposição em cartaz.

O Seminário é patrocinado pela CPFL Energia. O Auditório da Fundação Iberê Camargo tem patrocínio de BTG Pactual.

PROGRAMAÇÃO

SÁBADO

15h – 20h | Visitação

16h | Seminário Sob o sol dos trópicos – “Corpos negros que criam e recriam à luz da banda de cá dos trópicos”, com Fernanda Oliveira

*Inscrições gratuitas em: https://goo.gl/xXHsDu

Esta fala estabelece um diálogo entre o trópico de sol a pino, Rio, a cidade moderna cantada por Caetano Veloso, em Baby, São Paulo, e um trópico cuja estética é mais do frio e menos do sol a pino, Porto Alegre, livremente inspirada no cantor conterrâneo Vitor Ramil. Tal diálogo é conduzido por e sobre um ponto de vista das populações negras e suas formas de criação, por influência da emblemática fotografia de Carlos Vergara disposta em local privilegiado na exposição. Entre as bandas de cá e as de lá, a experiência negra sempre teve e tem por mote a criação, mesmo frente à repulsão que marca o século XX. Dialogo por meio das noções de corpos que criam, mas que também sofrem violências, tanto no campo do imaginário que opera ora na identidade nacional gestada desde a então capital federal, Rio, ora naquela que se gestava por aqui excluindo a população negra. Dente os questionamentos que servem de convite a presença de todas e todos no Seminário está “Seria esta uma realidade vencida pelos dias atuais?”

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Este ​seminário​ busca especular sobre o princípio do prazer e o ritmo acelerado que orienta a vida e o trabalho no mundo contemporâneo, questionando as noções de hedonismo relacionadas ao mundo tropical diante de sociedades marcadas pela lógica da punição, da violência e da produtividade. Ainda, interessa aqui debater os sucessivos projetos de futuro que buscaram modernizar os trópicos – relativizando seu passado colonial e suas distintas naturezas culturais -, sempre embalados por visões de progresso que emulavam o ideário de avanço cultural, político e econômico tal qual formulado pelos países desenvolvidos.

Por outro lado, na esteira do suposto processo civilizatório do sul geopolítico, o homem ocidental entendeu que poderia submeter outros homens ao seu próprio jugo através da força e do Estado, estabelecendo a partir de então relações desiguais de poder que não mais seriam afastadas do curso de nossa trajetória sobre o planeta. Na esteira dessas conquistas além mar, muitos foram os povos, as etnias, os gêneros e as culturas a serem subjugadas por certos grupos no afã de alcançarem as instâncias máximas do poder. E assim chegamos ao estágio atual, quando a arquitetura das relações humanas desobedece às leis da civilidade supostamente alcançada, ora nos remetendo, em ritmo de retrocesso, ao tempo em que vivíamos como povos bárbaros, submetidos à lei do mais forte, ora nos capturando nas solertes e insidiosas instâncias do biopoder e do obscurantismo.

Fernanda Oliveira é historiadora com doutorado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2017). Professora dos cursos de Licenciatura em História e Letras na UniRitter, coordenadora do GT Emancipações e Pós-Abolição da Associação Nacional de História/RS e do Grupo de Estudos Atinuké – Sobre o Pensamento de Mulheres Negras.

DOMINGO

15h – 20h | Visitação

15h | Programação #músicamudatudo – Rádio Unisinos na Iberê, com DJ Porã e Grave & Groove

A partir deste domingo, a Iberê e a Rádio Unisinos FM 103.3 iniciam a programação #músicamudatudo – Rádio Unisinos na Iberê, que acontece todos os domingos até 17/12, acompanhando a exposição “Vivemos na melhor cidade da América do Sul”. Com coordenação do Porã e participação dos DJ’s Geraldo Oliveira e Rodrigo Brandão, que comandam o programa Grave & Groove, a programação traz ao público ritmos da Tropicália, MPB e outras referências ligadas a exposição em cartaz, que investiga noções contraditórias de tropicalidade, identidade nacional, corpo e violência, partindo da paisagem estética e política do Rio de Janeiro.

Sobre a Rádio Unisinos

unisinos.fm 103.3 é uma rádio educativa sintonizada no novo comportamento de consumo de música e informação. A programação alia música de bom gosto – do rock clássico às sonoridades contemporâneas – e conteúdos de abordagem cultural, histórica e artística. Localizada nos campi da Unisinos São Leopoldo e Porto Alegre, a rádio está cercada de produção de conhecimento e métodos inovadores de trabalho e aprendizagem. Funcionando também como laboratório de formação, a emissora tem professores e alunos como parceiros desde a fundação da rádio, em 1995. E segue na incessante busca de produzir conteúdo mirando para o futuro.

16h | Cine Iberê

Madame Satã (1h45min, 2002, Brasil/França)

* Sessão comentada com Paulo César Teixeira

Para assistir o trailer acesse: https://vimeo.com/43824601

Rio de Janeiro, Bairro da Lapa, anos 30: o cotidiano e a intimidade de João Francisco dos Santos – artista transformista que sonha em se tornar um grande astro dos palcos, malandro, presidiário, pai adotivo, negro, pobre, homossexual – e seu círculo de amigos, antes de se transformar no mito Madame Satã, lendário personagem da boemia carioca.

Após deixar a prisão, João Francisco (Lázaro Ramos) passa a viver com Laurita (Marcélia Cartaxo), prostituta e sua “esposa”; Firmina, a filha de Laurita; Tabu (Flávio Bauraqui), seu cúmplice; Renatinho (Felippe Marques), sem amante e também traidor; e ainda Amador (Emiliano Queiroz), dono do bar Danúbio Azul. É neste ambiente que João Francisco irá se transformar em Madame Satã, nome retirado do filme Madame Satã (1932), dirigido por Cecil B. deMille, que João Francisco viu e adorou.

Karim Aïnouz é diretor e roteirista cearense, vive em Berlim. Graduado em arquitetura e urbanismo pela UNB, Mestre em teoria e história do cinema pela New York University. Madame Satã foi seu longa-metragem de estreia. Em 2002, o filme selecionado para a mostra Um Certo Olhar do Festival de Cannes e premiado nos festivais internacionais de Chicago e Huelva. Realizador de Praia do futuro (2014), O abismo prateado (2011), Viajo porque preciso, volto porque te amo (2009), em parceria com Marcelo Gomes e O céu de Suely (2006). Colaborou nos roteiros de Abril despedaçado (2001), de Walter Salles, Cidade baixa(2005), de Sérgio Machado e Cinema, aspirinas e urubus (2005), de Marcelo Gomes.

Paulo César Teixeira é escritor e jornalista. Autor de Nega Lu – Uma Dama de Barba Malfeita (Libretos, 2015) sobre a personagem ousada e irreverente da cena boêmia e cultural de Porto Alegre, que antecipou em duas ou três décadas algumas conquistas sociais e comportamentais de negros e homossexuais que só viriam a se consolidar no século 21. Escreveu também Esquina Maldita (Libretos, 2012) acerca do gueto boêmio que aglutinou artistas, estudantes, hippies e ativistas políticos entre as décadas de 1960 e 1970 na capital gaúcha, além de Darcy Alves – Vida nas Cordas do Violão (Libretos, 2010), biografia do violonista Darcy Alves, parceiro de boemia de Lupicínio Rodrigues. Como jornalista recebeu o Prêmio ARI de Reportagem Cultural por Um certo Erico Veríssimo e A Rua da Margem, publicadas pela revista Aplauso, respectivamente, em 2005 e 2008.

A exibição de Madame Satã integra o programa Tabu | Éden | Quimera – atividade cinematográfica paralela à exposição Vivemos na melhor cidade da América do Sul, e tem curadoria de Marta Biavaschi.

Sessão única | entrada gratuita | classificação indicativa 16 anos

Agradecimento especial: Karim Aïnouz

SERVIÇO

HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO | Sábados e domingos, das 15h às 20h

ENDEREÇO | Av. Padre Cacique, 2000.

SITE | www.iberecamargo.org.br

FACEBOOK | www.facebook.com/fundacaoiberecamargo

TRANSPORTE | As linhas regulares de lotação que vão até a Zona Sul de Porto Alegre param em frente ao prédio, assim como as linhas de ônibus Serraria 179 e Serraria 179.5. É possível tomá-las a partir do centro da cidade ou em frente ao shopping Praia de Belas. O retorno pode ser feito a partir do Barra Shopping Sul, por onde passam diversas linhas de ônibus com destino a outros pontos da cidade.