​Poéticas singulares, antagônicas e lúdicas em três novas exposições na Galeria Duque

A Galeria Duque inaugura três exposições neste sábado (15/07), às 14h30: a mostra Poesias singulares, com obras novas do acervo assinadas por mestres de renome internacional como Henry Moore, Lygia Pape e Aldo Locatelli; a coletiva Quatro poesias, das artistas gaúchas Daisy Viola, Graça Craidy, Roberta Agostini e Rosane Morais; e a individual Zona litorânea, série lúdica de Marcos Tabbal.

Do italiano Locatelli, que se radicou no Estado em 1948, tornando-se um requisitado muralista no país e na Itália, será mostrado o marcante retrato de um trabalhador negro que impressiona não só pela expressão do rosto como também pelos detalhes das mãos. A obra, óleo sobre tela, 67 x 49 cm, é de 1949.

Quatro poesias

Quatro poesias mostra as poéticas pictóricas radicalmente diferentes entre si de Daisy Viola, Graça Craidy, Roberta Agostini e Rosane Morais. Os “Eus” de Daisy são colagens com rendas, tules, lantejoulas, papéis. “O papel enruga, rasga, amassa, reage, não aceita. Recebe mais papel, mais pano, mais imagem, mais tinta, mais vida, mais brilho, dourados, vermelhos. É quase barroco, sem ser religioso”, explica ela, que também faz a curadoria.
Graça Craidy pintou cinco beijos cinematográficos que comoveram o mundo nos filmes E o vento levou, Bonequinha de luxo, Casablanca, A um passo da eternidade e La dolce vita (acrílica sobre tela, 200 x 130 e 160 x 100 cm). “Invoco o lirismo e o romantismo diante de uma cultura hoje líquida que se reflete nos romances efêmeros e no verbo ‘ficar’, que banalizou o beijo, despindo-o da paixão, do glamour e do romance, e, mais ainda, do seu significado de final feliz. O que antes significava o clímax virou uma espécie de produto de consumo”.

Roberta Agostini trabalha com a figura humana, introduzindo sua própria imagem em fotografias em cenas performáticas que dialogam com seus desenhos, que também se encontram nas poses. “Desmembro cores, formas da história da arte e elementos da expressividade teatral. Sou fascinada pela estrutura física corporal humana. Meu trabalho a utiliza para proporcionar leituras de como seriam nossos dias se pudéssemos nos permitir em aderir a certos movimentos, para não nos sentirmos encapsulados”.

Para Rosane Morais, o cetim representa a segunda pele e está presente em todos rituais de passagem, ciclo da pele da vida, diz. Os desenhos são feitos com o pirógrafo sobre o tecido de cetim. “Cautério – queima a ferro -, marcas na pele, marcas no gado, marcas nos escravos. Desenho e traço uma sequência de repetições de formas (um fractal), partindo de um núcleo central, que simboliza a semente, a vida, o começo. O tecido, em diferentes tons de verde, por exemplo, sobrepostos e desenhados com ferro quente em formas orgânicas, propõe rever questões da vida, da ecologia, do planeta”.

Zona litorânea

Estruturada por áreas de cores e desenhos da imaginação, conforme Marcos Tabbal, seu autor, a série Zona litorânea traz uma visão ímpar das planícies da costa e de seus elementos. “Com o destaque da casinha de salva-vidas, o único objeto vermelho e vertical, em um ambiente horizontalizado, pacato e monocromático. Sendo assim, um importante elemento de ligação entre os quadros da série zona litorânea”. Ela representa um resgate das memórias da infância que se misturam com a realidade e com a pesquisa de campo recente do artista, criando obras lúdicas.