Sul21 recomenda As Sufragistas

Milton Ribeiro

Fim de semana de poucas e boas novidades nos cinemas. E quase só nos cinemas. Os teatros estão fechados ou preparando-se para o Porto Verão Alegre, a música está praticamente fazendo recesso, os museus fecham nesta sexta-feira (25). Então sobra o cinema, mesmo que o CineBancários esteja fechado hoje e vá fechar novamente em janeiro e que as 3 salas da CCMQ só reabram amanhã, sábado (26).

As Sufragistas mostra, a luta das mulheres inglesas para poderem votar. Os fatos são de 1912, porém, um século depois, a luta continua — basta ver o salário menor e a violência diária que elas sofrem.

Confiram tudo isso e mais no Recomenda.

Todas as semanas, o Sul21 traz indicações de filmes, peças de teatro, exposições e música para seus leitores. Não se trata de uma programação completa, mas de recomendações dos melhores espetáculos que assistimos. O critério é a qualidade. Se você tiver sugestões sobre o formato e conteúdo de nosso guia, por favor, comente. Boa semana!

Cinema – Estreia

As Sufragistas (***)
(Suffragette), de Sarah Gavron, Reino Unido, 2015, 106 min

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Início do século XX. Apoiadas pelos conceitos iluministas de igualdade e liberdade, as mulheres passam a reivindicar o direito de participação na política e a exigir leis mais justas que as incluíssem nas decisões parlamentares. Apesar do importante papel social, principalmente no que se refere à educação, até então elas nunca eram vistas como capazes de escolher os governantes. No Reino Unido, o movimento começou com a fundação da União Nacional pelo Sufrágio Feminino. De modo a expor as leis sexistas e mudar a forma como eram vistas, um grupo de mulheres da classe operária juntam as suas vozes à de Emmeline Pankhurst, uma mulher à frente do seu tempo que há muito lutava pelos direitos das mulheres. Assim, desistindo do protesto pacífico de simples manifestações de rua ou greves de fome que nunca as levou a lado algum, estas mulheres desafiam o Estado e partem para formas de luta cada vez mais radicais, enfrentando tudo para tentar viabilizar direitos e oportunidades iguais. Faz 100 anos e ainda é atual, né?

No Guion Center 1, às 14h30, 16h30, 18h30 e 20h30
No GNC Moinhos 2, às 14h, 16h30 e 21h40
No Espaço Itaú 1, às 14h30, 17h, 19h20 e 21h30
No Cinemark Barra 8, às 17h05, 20h e 22h25

Cinema – Em Cartaz

Mia Madre (*****)
(Mia Madre), de Nanni Moretti, Itália / França, 2015, 107 min

mia madre
Para começar, talvez seja adequado dizer que Mia Madre foi considerado o melhor filme do ano pelo Cahiers du Cinéma. A revista francesa sobre crítica de cinema, fundada em 1951 por André Bazin, é rigorosa e… Bem, Mia Madre é excelente mesmo! Como em O Quarto do Filho (2001), Moretti volta ao drama, mas com certo humor. O tema central está na crise de uma diretora de cinema angustiada pela iminente perda da mãe e pela produção de um filme complicado, especialmente pelas confusões causadas por seu vaidoso ator norte-americano. Quem conhece a obra do diretor, percebe o quanto este novo filme é autobiográfico — embora Moretti tenha mudado o sexo da protagonista e reservado para si mesmo um papel secundário. Obrigatório.

No Guion Center 3, às 14h50
No Espaço Itaú 8, às 16h50

O Clã (****)
(El Clan), de Pablo Trapero, Argentina / Espanha, 2015, 108 min

o clã
O excelente diretor Pablo Trapero retorna com este excelente O Clã. O autor de Família rodante e Leonera vem com um filme que conseguiu (1) bater o recorde de bilheteria em estreias do cinema argentino, com mais de 500 mil ingressos vendidos no primeiro fim de semana, superando Relatos selvagens e (2) ganhar o Leão de Prata de melhor direção no Festival de Veneza. O filme conta a história real da família Puccio, um caso que chocou a sociedade portenha. Os Puccio eram uma família de classe média que tinha por hábito sequestrar pessoas ricas, pedir o resgate e, ao receber o pagamento, matar as suas vítimas. O patriarca, Arquimedes, comandava as operações ao lado do filho Alejandro, enquanto sua esposa e as filhas fingiam ignorar o que acontecia à sua volta. Mas as coisas mudam de figura quando um filho distante volta da Austrália.

No Guion Center 3, às 21h15
No Guion Center 2, às 16h50
No Cinespaço Wallig 7, às 19h
No Espaço Itaú 6, às 21h30
No GNC Moinhos 4, às 16h15
No GNC Praia de Belas 3, às 19h40

Beira-Mar (***)
(Beira-Mar), de Filipe Matzembacher e Marcio Reolon, Brasil, 2015, 83min

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Se João Gilberto Noll fizesse algo sobre a temática adolescente, faria algo semelhante a Beira-Mar. Martin e Tomaz viajam para o litoral gaúcho. Martin precisa encontrar um documento para o pai na casa de parentes, e Tomaz decide acompanhá-lo. Os dois acabam abrigando-se em uma casa de vidro à beira-mar, a fim de fugir da rejeição familiar de Martin e da estranha distância que surgiu entre os dois. O filme é um resgate do que a dupla de diretores viveu na adolescência, além de um exercício audiovisual sobre o tema da juventude e da identidade sexual.

Na Sala Norberto Lubisco, às 17h15 (de 26 a 30 de dezembro)

Exposições e Artes Plásticas

Vasco Prado – a escultura em traço
No Santander Cultural, na Rua Sete de Setembro, 1028
Ter a sáb, das 10h às 19h / Dom e feriados, das 13h às 19h
28 de de fevereiro de 2016

Fica aberta para visitação do publico entre os dias 16 de dezembro e 28 de de fevereiro de 2016, no Santander Cultural, em Porto Alegre, a mostra Vasco Prado – a escultura em traço, com 95 obras, a maioria inéditas. Com curadoria de Paulo Amaral, a exposição traz desenhos e grafismos feitos pelo artista gaúcho em um período de 40 anos. O ano de 2014 marcou o centenário de nascimento de Vasco Prado, natural de Uruguaiana. “Incompreensível que não tenha recebido as devidas homenagens pelo que representou na história das artes do Rio Grande do Sul e do Brasil. Conhecido como escultor, sabemos menos de seu desenho, como, por vezes, recusamos aceitar a evidência de que este é a base da representação do pensamento visual”, afirma Paulo Amaral em seu texto curatorial. O artista, morto em 1998, costumava dizer que esculpia durante o dia e desenhava durante a noite. Inspirado em artistas consagrados, Vasco imprimiu ao seu trabalho características próprias, rapidamente reconhecíveis, denunciando a construção de uma identidade artística em cima de uma percepção muito particular. Símbolos e referências de sua infância, como o campo, os cavalos e o Negrinho do Pastoreio, são rapidamente incorporados por traços inspirados em artistas como Marino Marini e Picasso. (Da Culturíssima)

Foto: Nilton Santolin
Foto: Nilton Santolin

Contíguo
Na Galeria Ecarta, Av. João Pessoa, 943, Porto Alegre
Até 24 de janeiro de 2016, de terça a sexta, das 10h às 19h; sábado, das 10h às 20h; e domingo, das 10h às 18h

Em sua última exposição do ano, a Galeria Ecarta recebe um projeto de residência e curadoria da Galería Metropolitana, espaço de atuação independente em Santiago, no Chile, há 17 anos. Contíguo, das artistas Claudia Lee, Francisca Montes, é a adaptação de um projeto que mapeou o Parque André Jarlan, comuna de Pedro Aguirre Cerda, visando a reconexão entre arte e comunidade, a partir de um exercício contextual de ativação da memória. Utilizando fotografia, vídeo, escultura e instalação para exibir o resultado de uma série de operações acerca de um determinado entorno, Contíguo se fundamenta na produção de obras que tornam visíveis modificações ou transformações territoriais na cidade. As artistas têm em comum uma linguagem visual que as permite elaborar em conjunto uma poética do periférico, a partir de jogos operacionais visuais ou textuais que discutem os espaços enquanto territórios ativos.

Caixas Tetrapack de vinho Santa Helena, de Claudia Lee. Técnica mista, dimensões variadas.
Caixas Tetrapack de vinho Santa Helena, de Claudia Lee. Técnica mista, dimensões variadas.

Filmes e Vídeos de Artistas na Coleção Itaú Cultural
Na Fundação Iberê Camargo, Av. Padre Cacique, 2000
De terça a domingo, das 12h às 19h, até 21/2/2016

Obras audiovisuais que exploram e ampliam a linguagem do cinema e do vídeo são o foco da exposição Filmes e Vídeos de Artistas na Coleção Itaú Cultural, que acontece na Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre, de 07 de novembro de 2015 a 21 de fevereiro de 2016. A mostra apresenta um recorte da produção brasileira dos últimos 50 anos. A curadoria de Roberto Moreira S. Cruz traça dois eixos principais: o histórico, que cobre destaques da década de 1970, com obras recuperadas e remasterizadas de artistas como Nelson Leirner, Letícia Parente e Regina Silveira; e o contemporâneo — a nova geração de artistas, incluindo Cao Guimarães, Rivane Neuenschwander, Thiago Rocha Pitta, Eder Santos, entre outros.

Foto: Nilton Santolini, Fundação Iberê Camargo (FIC), Divulgação
Foto: Nilton Santolini, Fundação Iberê Camargo (FIC), Divulgação

Flanando no Paradoxo (Felipe Mollé)
Centro Histórico-Cultural Santa Casa (Independência, 75)
Horário: 9h às 18h (3ª a sábados) / 14h às 18h (domingos e feriados)
Até 26/02/2016

Fruto de um inusitado projeto do fotógrafo Felipe Mollé. A partir das provocações recebidas durante as aulas, Felipe resolveu cruzar alguns corredores que normalmente são evitados pelas pessoas. Intrigado com o fato de que em outros lugares – como Buenos Aires, Paris, Viena, Washington -, abrigam cemitérios que estão incluídos nos roteiros turísticos, ele resolveu se aventurar e fotografar o Cemitério da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. Fundado em 1850, o Cemitério da Santa Casa é o mais antigo em atividade no Rio Grande do Sul . Considerado um museu a céu aberto, o local guarda lembranças, fatos históricos e um vasto patrimônio artístico esculpido em pedra, mármore, bronze e ferro. O fotógrafo então atravessou os portões e andou por suas alamedas, iniciando uma viagem ao passado e registrando diversas figuras históricas ilustres.
cemiterio

A Paisagem: Vestígios, Desvios e outras Derivas
De 10/11 a 31/12/2015, de terças a domingos, das 9h às 19h e sábados, domingos e feriados, das 12h às 19h
Galerias Sotero Cosme e Xico Stockinger – 6º andar da Casa de Cultura Mario Quintana/CCMQ (Andradas, 736)

Com mais de 50 obras do seu acervo e de coleções de artistas, as obras desta exposição foram escolhidas para simbolizar um conceito peculiar, e mesmo elas sendo de estilos diferentes no contexto museológico ampliam o seu potencial de significado. A paisagem que ora se apresenta descritiva, ora metafórica, pode ser também emblemática e simbólica nas obras desta exposição. Essas obras reunidas criam possibilidades de leituras intercambiáveis, provocadas pela disposição e pelo grau de complexidade de cada uma. A chave para essa leitura está no percurso escolhido por cada observador e no modo como colocará a sua imaginação a uma disposição aberta da sensibilidade.
O acervo foi investigado com a intenção de colocar ao lado das obras, cujas historicidades tratam especificamente do ponto em questão, aquelas que, de alguma maneira, trouxessem novas perspectivas e criassem um ambiente favorável a diálogos e/ou aproximações para juntas construírem novos sentidos, uma vez que, as escolhas interpretativas estão diretamente relacionadas ao percurso do visitante. Mas como representar a paisagem em pleno século XXI?

Obra de Yuri Firmeza
Obra de Yuri Firmeza

Iberê e Seu Ateliê: as coisas, as pessoas e os lugares
Fundação Iberê Camargo, Av. Padre Cacique, 2000
Das 12h às 19h (de 3ª a domingo) e das 12h às 21h (5ª feiras)
Até 02/04/2016

A Fundação Iberê Camargo (Padre Cacique, 2000) recebe, por um ano, a exposição “Iberê e seu ateliê: as coisas, as pessoas e os lugares”, que traz uma visão mais abrangente sobre o artista. Com entrada gratuita, a visitação acontece das 12h às 21h, nas quintas-feiras, e das 12h às 19h de terça a domingo. A mostra tem como tema a poética de Iberê Camargo, o universo mental e material que concretiza a sua obra. As 146 obras em exposição apresentam os três gêneros trabalhados ao longo de sua carreira – a paisagem, a natureza-morta e a figura humana -, demonstrados em um recorte cronológico, que vai do início, ainda nos anos 40, à consolidação nos anos 60 e à culminação dos anos 70 em diante. O objetivo é possibilitar ao público da Fundação Iberê Camargo uma visão abrangente da obra do artista, por meio de uma mostra linear buscando uma visão do todo de sua carreira. A base para a organização da exposição está fundada em três eixos: a poética, isto é, o universo mental e material de concretização da obra, o temperamento do artista, não o do homem, pois prescindiremos da biografia e, finalmente, a execução, isto é, os caminhos trilhados em busca dos resultados.
ibere