Guia21 recomenda ‘Central’, ‘Hotel Cambridge’, ‘Mulheres do Século 20’, ‘O Ornitólogo”, ‘Aranjuez’ e Marcelo Delacroix

Milton Ribeiro

Estamos acostumados a ler críticas sobre nossa “severidade” para recomendar filmes. Pois hoje batemos nosso recorde de não-severidade: dentre as onze estreias, recomendamos cinco! São dois filmes brasileiros — um porto-alegrense sobre o Presídio Central e outro paulista sobre refugiados –, um norte-americano bem legal, um português deslumbrante e aventuresco e um alemão divagativo, de Wim Wenders.

E hoje ainda temos Marcelo Delacroix e grupo abraçando Tom Jobim no StudioClio.

Ou seja, apesar de Marchezan e Sartori, da violência e das malditas reformas e extinções, resistimos.

Confira outras indicações abaixo. 

Este pequeno Guia é um resumo. Não se trata de uma programação completa, mas de recomendações dos melhores espetáculos que assistimos. O critério é a qualidade. Se você tiver sugestões sobre o formato e conteúdo de nosso guia, por favor, comente. Boa semana! De segunda a sexta, atualizamos nosso Guia21 com a programação do que acontece em POA.

Cinema – Estreias

Central (****)
de Tatiane Sager e Renato Dorneles, Brasil, 2015, 75 min

Foto: Sidney Brzuska

O Presídio Central de Porto Alegre já foi considerado o pior do Brasil pela CPI do Sistema Carcerário, da Câmara dos Deputados, em 2008. Agora, o local abre suas portas para expor a estrutura mal conservada e a vida de penitenciários em condições insalubres. Funcionários da prisão, detentos e familiares dos presos contam como é a vida cotidiana na cadeia e propõem uma reflexão sobre o estado do sistema penitenciário brasileiro. A obra também apresenta o olhar dos próprios presos, que, com câmeras nas mãos, captaram imagens diretamente nas galerias, onde nem mesmo a polícia tem acesso. Superlotação, falta de infraestrutura e de higiene, má alimentação, uso liberado de drogas, além de uma rotina de execuções e maus tratos, são evidenciados no longa-metragem. A partir de depoimentos de policiais militares, familiares, presos, o sociólogo Marcos Rolim e autoridades, o filme também apresenta as diversas faces de uma mesma história,

No GNC Iguatemi 1, às 15h35 e 19h50
No Espaço Itaú 8, às 20h20
No GNC Moinhos 1, às 15h40 e 19h50
No GNC Praia de Belas 5, às 15h20 e 19h40

Era o Hotel Cambridge (****)
de Eliane Caffé, Brasil, 2016, 99 min


Refugiados recém-chegados ao Brasil dividem com um grupo de sem-tetos um velho edifício abandonado no centro de São Paulo. Além da tensão diária que a ameaça de despejo causa, os novos moradores do prédio terão que lidar com seus dramas pessoais e aprender a conviver com pessoas que, apesar de diferentes, enfrentam juntos a vida nas ruas. O filme é um hibrido de ficção e documental no qual participam atores e personagens reais de uma ocupação no centro de São Paulo. O convívio entre línguas, mundos e culturas diferentes transforma a narrativa em uma rica polifonia de situações tragicômicas. As janelas do edifício se abrem para outros mundos através da web, quando os refugiados se conectam com seus familiares e países de origem deixados para trás.

No Espaço Itaú 8, às 16h50 e 18h30
No CineBancários, às 15h e 19h30

Mulheres do Século 20 (****)
(20th Century Women), de Mike Mills, EUA, 2016, 119 min


EUA, finais da década de 1970. Dorothea Fields é uma mãe solteira de 55 anos que se esforça por educar Jamie, o filho de 15 anos, numa altura de grandes mudanças sociais e culturais. Apesar das dificuldades, terá a ajuda de duas mulheres muito diferentes de si mas com quem acaba por criar fortes laços de amizade: Abbie, uma artista punk que aluga um quarto em sua casa; e Julie, uma adolescente inteligente e provocadora que vê o mundo de uma forma muito especial. As três vão ajudar Jamie a crescer, mostrando a sua visão sobre as mulheres, os relacionamentos ou a vida em si mesma.

No GNC Moinhos 3, às 14h, 16h30, 18h50 e 21h15

O Ornitólogo (****)
de João Pedro Rodrigues, Portugal/França/Itália, 2016, 117 min


Fernando está em busca de uma rara espécie de cegonhas pretas, quando se distrai, e uma forte correnteza derruba seu caiaque. É socorrido por duas jovens chinesas que o amarram com medo de que ele as abandone naquele lugar isolado. Fernando consegue fugir e dá início a um caminho sem volta pela floresta. “Este personagem está num estado de transição, de transformação de identidade (tal como a maioria dos personagens dos meus filmes), e talvez isso assuma um novo significado ao aproximarmo-nos dos 50, quando pensamos nas vidas que não vivemos. Quis ligar Fernando às aves porque a ornitologia, a observação e as caminhadas na natureza me são muito familiares. Estudei biologia e, mais especificamente, as aves muito antes de estudar cinema. Além disso, ambos têm pontos em comum, sendo os binóculos num caso e a câmara no outro os mais óbvios”, explica o diretor.

No CineBancários, às 17h

Os Belos Dias de Aranjuez(****)
(Les Beaux Jours d’Aranjuez), de Wim Wenders, Alemanha/França, 2016, 98 min


No norte da França, um escritor começa a fazer esboços para o seu próximo livro e desenvolve, como ponto de partida, um diálogo entre um homem e uma mulher que se encontram em um jardim suspenso na cidade de Aranjuez, na Espanha. Eles discutem, entre outras coisas, questões como sexualidade, amor, infância e também suas memórias e a vida em si. É Wim Wenders tentando voltar à velha forma. Wenders persegue, há anos, um lugar que, na profusão de imagens e de sons, seja a reserva moral do cinema — onde ele possa resistir com as suas histórias. Os Belos Dias de Aranjuez é um filme falado que experimenta o lugar. E o espetáculo é calmo e sensual. A produção é o reencontro entre Wim Wenders e Peter Handke – quase três décadas depois de As Asas do Desejo.

No Guion Center 2, às 13h50, 17h30 e 21h10
No Espaço Itaú 2, às 16h40 e 21h40

Cinema – Em cartaz

Fragmentado (****)
(Split), de M. Night Shyamalan, EUA, 2017, 117 min


O melhor filme do mestre do suspense Shyamalan. Kevin (James McAvoy) possui 23 personalidades distintas e consegue alterná-las quimicamente em seu organismo apenas com a força do pensamento. Um dia, ele sequestra três adolescentes que encontra em um estacionamento. Vivendo em cativeiro, elas passam a conhecer as diferentes facetas de Kevin e precisam encontrar algum meio de escapar. A atuação de McAvoy é sensacional. Todas as 23 personalidades têm como elo de ligação a sexualidade. A menina Hedwig, de 9 anos, é a personalidade mais dilacerante do filme. Vale a pena.

CÓPIAS DUBLADAS
No Arcoplex Boulevard 1, às 21h30
No Cine Victória 2, às 13h
No Cineflix Total 3, às 14h e 21h50
No Cinespaço Wallig 7, às 13h40
No GNC Iguatemi 2, às 14h10
No GNC Praia de Belas 4, às 16h30
CÓPIAS LEGENDADAS
No Cinespaço Wallig 7, às 16h10, 18h40 e 21h10
No Cinemark Barra 3, às 14h50, 17h50 e 20h50
No Cinemark Ipiranga 7, às 14h, 16h40 e 22h
No Espaço Itaú 6, às 13h30, 16h e 21h
No GNC Iguatemi 2, às 16h30, 18h50 e 21h15
No GNC Moinhos 1, às 13h20, 17h30 e 21h40
No GNC Moinhos 4, às 19h35
No GNC Praia de Belas 4, às 18h50
No GNC Praia de Belas 5, às 21h50

T2 Trainspotting (***)
(T2 Trainspotting), de Danny Boyle, Reino Unido, 2017, 117 min


Sequência de Trainspotting – Sem Limites (1996), a trama apresenta os mesmos personagens e o mesmo elenco e diretor, vinte anos depois. Ou seja, da rebeldia para a nostalgia. O filme original foi um dos que mais marcaram a cultura popular dos anos 90. T2 Trainspotting é tudo o que se espera dele: assustador, engraçado, desesperadamente triste, de visual arrojado. O que começou como uma brincadeira na década de 1990 agora renasce como uma comédia negra escabrosa e brutal sobre a decepção masculina de meia-idade e o medo da morte.

No Cinespaço Wallig 5, às 16h30 e 21h30
No GNC Moinhos 4, às 13h30, 17h e 22h
No Guion Center 3, às 15h35 e 21h15

Imprevistos de Uma Noite em Paris (***)
(Ouvert la Nuit), de Edouard Baer, França, 2017, 97 min


Um teatro de Paris enfrenta uma série de problemas: os funcionários não recebem os salários há meses, os patrocinadores querem retirar o apoio financeiro e a mais nova peça, de um excêntrico diretor japonês, não agrada o elenco. O diretor do local, Luigi (Edouard Baer), tem que enfrentar todos esses problemas e mais alguns, como a necessidade de encontrar um macaco de verdade para participar do espetáculo e a dificuldade de comparecer ao aniversário do afilhado. Nas 24h que antecedem a estreia, ele tenta consertar todos os erros, à sua maneira malandra e pouco honesta.

No Guion Center 3, às 17h40

O Filho de Joseph (***)
(Le Fils de Joseph), de Eugène Green, França/Bélgica 2016, 115 min


Vincent, um adolescente de 15 anos, foi criado com amor por sua mãe, Marie, mas ela sempre se recusou a revelar quem é seu pai. Ele finalmente descobre que é um certo Oscar Pormenor, um editor parisiense egoísta e cínico. Vincent desenvolve um violento plano de vingança, mas seu encontro com Joseph, um homem que vive à margem da sociedade, tem um profundo impacto em sua vida, assim como na vida de sua mãe.

No Guion Center 1, às 14h05, 16h20 e 18h30

Personal Shopper (****)
(Personal Shopper), de Olivier Assayas, França, 2016, 105min


Em Personal Shopper, o novo filme do francês Olivier Assayas, prêmio de melhor direção em Cannes, Kristen Stewart segue seu processo de emancipação artística interpretando Maureen Cartwright, uma jovem americana que trabalha em Paris como assistente pessoal de uma célebre e temperamental “top model” (Kyra, vivida pela austríaca Nora Von Waldstatten), comprando-lhe roupas e sapatos. Maureen está de luto pela morte recente de Lewis, o seu irmão gémeo. Lewis e ela combinaram que o primeiro a morrer daria um sinal do Além ao outro. Maureen, que tem qualidades mediúnicas, está obcecada por receber esse sinal e protagoniza uma assustadora experiência sobrenatural na casa no campo onde Lewis vivia com a mulher. Parece bobo, mas Assayas garante excelente filme.

Na Sala Norberto Lubisco, às 19h

Logan (****)
de James Mangold, EUA, 2017, 137 min


Em 2029, Logan (Hugh Jackman) ganha a vida como chofer de limousine para cuidar do nonagenário Charles Xavier (Patrick Stewart). Debilitado fisicamente e esgotado emocionalmente, ele é procurado por Gabriela (Elizabeth Rodriguez), uma mexicana que precisa da ajuda do ex-X-Men para defender a pequena Laura Kinney / X-23 (Dafne Keen). Ao mesmo tempo em que se recusa a voltar à ativa, Logan é perseguido pelo mercenário Donald Pierce (Boyd Holbrook), interessado na menina. Repleto de simbolismos, o longa de James Mangold opõe passado e presente, juventude e velhice, saudosismo e novidade para fazer a passagem de bastão do icônico Wolverine (Hugh Jackman) para a nova geração de Laura Kinney / X-23. Depois de 17 anos — e nove vezes no papel –, o filme é a despedida que Jackman (caso não volte a viver o personagem, como já anunciou) merecia.

CÓPIAS DUBLADAS
No Cineflix Total 3, às 16h30
No Cineflix Total 4, às 23h30
No GNC Praia de Belas 6, às 16h40
CÓPIAS LEGENDADAS
No Cinespaço Wallig 4, às 21h10
No Cinemark Barra 1, às 15h30, 18h30 e 21h50
No Cinemark Ipiranga 1, às 22h10
No Espaço Itaú 3, às 21h30
No GNC Iguatemi 6, às 16h40 e 21h50
No GNC Praia de Belas 6, às 22h

Eu Não Sou Seu Negro (*****)
(I Am Not Your Negro), de Raoul Peck, EUA / França / Bélgica / Suíça, 2016, 95 min


Narrado por Samuel L. Jackson, o documentário constrói uma reflexão sobre como é ser negro nos Estados Unidos. Em 1979, James Baldwin iniciou seu último livro, Remember This House, relatando as vidas e assassinatos dos lideres ativistas que marcaram a história social e politica americana: Medgar Evers, Malcolm X e Martin Luther King Jr. Baldwin não foi capaz de completar o livro antes de sua morte, e o manuscrito inacabado foi confiado ao diretor Raoul Peck, que combina esse material com um rico arquivo de imagens dos movimentos Direitos Civis e Black Power, conectando essas lutas históricas por justiça e igualdade com os movimentos atuais que ainda clamam os mesmos direitos. Um filme estarrecedor e necessário.

Na Sala Eduardo Hirtz, às 15h30

O Apartamento (*****)
(Forushande), de Asghar Farhadi, Irã/França, 2016, 125 min


Emad (Shahab Hosseini) e Rana (Taraneh Alidoosti) são casados e encenam a montagem da peça teatral “A Morte de um Caixeiro Viajante”, de Arthur Miller. Um dia, eles são surpreendidos com o alerta para que eles e todos os moradores do prédio em que vivem deixem o local imediatamente. O problema é que, devido a uma obra próxima, todo o prédio corre o risco de desabamento. Diante deste problema, Emad e Rana passam a morar, provisoriamente, em um apartamento emprestado. É lá que Rana é surpreendida com a entrada de um estranho no banheiro, justamente quando está tomando banho. Ela acaba no hospital por motivos que não devemos declinar. O trauma do ocorrido que afeta, cada vez mais, suas vidas. “O Apartamento” é de Asghar Farhadi — mesmo diretor de “A Separação” — e é um filme notavelmente bem narrado, desconcertante e de grande tensão. Excelente roteiro e atores.

No Guion Center 3, às 18h30
Na Sala Eduardo Hirtz, às 17h15

Exposições

“Beleza Velada”, de Heloisa Medeiros
Galeria VOA, Rua Marcelo Gama, 468 – Porto Alegre
Até 20/04 (Sextas, domingos e segundas: das 14h às 18h; sábados e terças: das 9h às 18h)

Através de imagens belas, fantasiosas e, ao mesmo tempo, obscuras, a artista convida à reflexão sobre temas como o silenciamento da mulher na sociedade, o culto ao belo, o medo e a solidão. Por trás de ambientes oníricos, repletos de uma beleza triste, a artista revela questionamentos sobre o lugar da mulher na sociedade. “O rosto, quase sempre velado, representa uma crítica poética aquelas mulheres sem identidade, castradas de seus desejos, subservientes, dominadas e obviamente sozinhas, em um universo nem tão irreal quanto se parece”, coloca Heloisa. Única fotógrafa latino-americana americana selecionada para o prêmio Art Prize Laguna 2013, com exposição no Arsenal de Veneza, Heloisa Medeiros trabalha com ensaios femininos e editoriais de moda. Já conquistou o segundo lugar no concurso Sioma Breitman da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, foi selecionada para o Festival Paraty em Foco e possui portfólio na revista Vogue. Realizou duas exposições indivuduais e mais de 10 coletivas e suas obras integram os acervos da Galeria Dumbo e da Galeria Cristie Merlin Boff, em Florença. Recentemente concluiu o Curso Profissionalizante de Fotografia Artística na EFA.

“A Inquietude do Olhar”, de Vera Reichert
No Margs, Praça da Alfândega, s/n°, de terças a domingos, das 10h às 19h
Até 7 de maio

O Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli, MARGS, inaugura a exposição A Inquietude do Olhar, da artista plástica Vera Reichert, no dia 22 de março de 2017, com início às 19h. Na ocasião, também será lançado o livro que deu origem ao título da exposição, com registros da produção da artista em seus 30 anos de carreira. A exposição que ocupará as galerias Iberê Camargo e Oscar Boeira do MARGS, tem curadoria de Ana Zavadil e pode ser visitada até 7 de maio de 2017. No dia mundial da água, Vera Reichert apresenta sua exposição “A Inquietude do Olhar”, um recorte de sua produção que busca chamar a atenção para os problemas da água e da natureza, onde a água é a sua matéria plástica. Ao longo de 30 anos Vera desenvolveu e experimentou suportes e mídias variadas para materializar suas ideias, inicialmente através da pintura, passando para a fotografia, com desdobramentos em instalações, além da produção em vídeo e intervenções na paisagem.

PlanoPedraPapelPessoa
Galeria da Duque, Rua Duque de Caxias, 649
Até 3 de Maio, Seg/Sex: das 10h às 19h | Sáb: das 10h às 17h

Obras de grandes mestres recém-incorporadas ao acervo e a nova produção de cavalos do escultor Caé Braga são as atrações da exposição planopedrapapelpessoa que a Galeria Duque inaugura na sexta-feira (17/03), às 18h, com curadoria de Daisy Viola. A mostra fica em cartaz até 3 de maio. A galeria mostrará pela primeira vez ao público dezenas de novas obras que passam a integrar o acervo. Com ênfase na arte brasileira, são trabalhos de mestres como Hércules Barsotti, Carlos Bracher, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Alice Soares, Alice Brueggman, Benedito Calixto, Carlos Vergara, Iberê Camargo, Carybé, Vasco Prado, Siron Franco, Jorge Guinle, Orlando Teruz, Farnese de Andrade, Tomie Ohtake, Yoshiya Takaoka, Abraham Palatnik e Victor Vassarely, entre outros. “Mostraremos obras que ampliam as possibilidades do olhar; que em tempos diversos restabeleceram os limites do fazer artístico. Serão planos tratados milimetricamente em espaços de cor, com forma e conteúdo impecáveis de um tempo em que a narrativa figurativa comprometia a postura política e social da pessoa-artista. Assim, a obra comunica através do ritmo da cor e da forma”, diz a curadora.

A Fonte de Duchamp: 100 Anos da Arte Contemporânea
No Margs, Praça da Alfândega, s/n°, de terças a domingos, das 10h às 19h
Até 23 de abril

A mostra tem o objetivo de marcar os 100 anos de Fonte, obra icônica de Marcel Duchamp (1887-1968), considerada uma das obras de arte mais importantes do Séc. XX. A Fonte foi um passo adiante nas experiências de Duchamp, no que ele chamou de readymade (algo como “objeto-pronto”), trabalhos feitos com peças industrializadas, simplesmente escolhidas pelo artista por sua beleza. Extraídos do contexto funcional original e considerados como obra pelo simples ato do artista em dar-lhes títulos e exibi-los como arte. A provocação de Duchamp, a par de todas as teses, histórias e especulações que giram em torno do readymade, com o tempo reverberou e foi adquirindo maior importância. Em especial a partir da década de 1950, com a Pop Arte, e, definitivamente, nos anos 60 e 70, do Minimalismo à Arte Conceitual, formando assim a base dos problemas do que hoje entendemos como Arte Contemporânea. A provocação, o humor e, principalmente, a elaboração mental como características da arte contemporânea tem em Duchamp a sua origem. Muito dos aspectos construtivos da obra de arte nos últimos 60 anos têm nos readymades seus precedentes fundamentais: a apropriação de coisas pré-existentes e o uso de técnicas industriais na feitura – ou montagem – das obras. O artista, assim, deixa de fabricar ele mesmo o trabalho, não o faz manualmente, somente elabora a obra de arte. Artistas participantes: Albano Afonso, Jac Leirner, Alexandra Eckert, Jander Rama, Alfi Vivern, Juan Urruzola, Almandrade, Leandro Machado, Ana Norogrando, Leonardo Fanzelau, André Petry, Lia Menna Barreto, Andrei Thomaz, Marina Camargo, Avatar Moraes, Mário Rohnelt, Britto Velho, Mauro Fuke, Carlos Asp, Mona Hatoum, Charles Long, Neca Sparta, Cibele Vieira, Peter Fox, Cláudio Maciel, Otto Sulzbach, Daniel Escobar, Romanita Disconzi, Didonet Thomaz, Rui Macedo, Dione Veiga Vieira, Rochele Zandavalli, Dudi Maia Rosa, Rommulo Vieira Conceição, Eleonora Fabre, Saint Clair Cemin, Emilia Sandoval, Sandro Ka, Fabio Del Re, Shirley Paes Leme, Felipe Barbosa, Telmo Lanes, Fernanda Martins Costa, Teresa Poester, Fernando Baril, Teti Waldraff, Fernando Lindote, Tridente, Gaudêncio Fidelis, Waltercio Caldas e Gilberto Perin.

Música

Homenagem a Tom Jobim com
Marcelo Delacroix (voz e violão), Giovanni Barbieri (piano), Nico Bueno (baixo) e Bruno Braga (bateria).
No StudioClio, na Rua José do Patrocínio, 698
Em 31 de março de 2017, sexta-feira, às 21h

Considerado um dos principais compositores brasileiros, o “maestro soberano” Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, ou simplesmente Tom Jobim (1927-1994), estaria completando 90 anos em 2017. E para reverenciar a obra deste grande gênio, o Recital Jobim – Outros Tons apresenta um repertório criterioso, que privilegia “pérolas” e parcerias não tão conhecidas do público. O espetáculo reúne músicas como Chora Coração (com Vinicius de Moraes), O Boto (com Jararaca) e Dindi (com Aloysio de Oliveira), passando ainda por Estrada do Sol (com Dolores Duran), Correnteza (com Luiz Bonfá) e Retrato em Branco & Preto (com Chico Buarque), além, é claro, de Chega de Saudade, Desafinado (com Newton Mendonça) e Águas de Março (com letra do próprio Tom Jobim). Na interpretação, o cuidado especial aos detalhes de melodia e harmonia com uma boa dose de improvisação, nesse flerte da música brasileira com o Jazz. Com os músicos Marcelo Delacroix (voz e violão), Giovanni Barbieri (piano), Nico Bueno (baixo) e Bruno Braga (bateria). O recital será no dia 31 de março, sexta-feira, às 21h, no StudioClio (rua José do Patrocínio, 698).

Teatro

O Método Arbeuq
Sala Álvaro Moreyra – Av. Érico Versíssimo , 307
De 31 de março a 09 de abril, de sexta a domingo, às 20h

Segundo o diretor Jessé Oliveira, “O Método Arbeuq é um jogo de observação humana, onde o modo como avaliamos e como somos avaliados é o jogo central dessa trama, onde as alianças, as estratégias e as máscaras que criamos para sermos bem vistos pelos outros são expostas e a ética dos personagens é colocada à prova”. Vencedor do Edital 03/2015 do Pró-Cultura RS FAC, o espetáculo traz em sua ficha técnica nomes importantes como de Viviane Juguero e Carlota Albuquerque, assim como da produtora Joice Rossato, que acompanhará o espetáculo em circulação por outras cidades do Estado.

Língua Mãe. Mameloschn
No Teatro do Goethe-Institut – Av. 24 de Outubro, 112
De 31 de março a 09 de abril, às 20h

Após participar com do Festival Offene Welt na cidade de Ludwigshaffen, na Alemanha, no mês de março, o vencedor na categoria Melhor Espetáculo do Prêmio Açorianos de Teatro 2015 e do 10º Braskem Em Cena na categoria melhor atriz para Mirna Spritzer, o espetáculo Língua Mãe.Mameloschn retorna a cartaz. As apresentações ocorrem diariamente de 12 a 19 de abril, às 20h, no teatro do Goethe-Institut, assim como em sua temporada de estreia, em junho de 2015, onde o grupo optou por uma curta e intensa programação, de uma semana, com apresentações de terça a terça. O resultado foi surpreendente, lotando todas as sessões. “Pensamos que seria interessante oferecer ao público apresentações em dias da semana que não são tradicionais nos teatros da cidade, com uma temporada corrida e diferente”, revela a diretora Mirah Laline. O texto da jovem autora alemã Marianna Salzmann traz no elenco Ida Celina, Mirna Spritzer, Philipe Philippsen e Valquíria Cardoso. A montagem, inédita no Brasil, apresenta um texto irreverente que aborda identidade, ideologia e pertencimento, sob a forma de um jogo oscilante, entre a aproximação e distanciamento dos personagens, através do diálogo cáustico de uma família judia.