Guia21 recomenda ‘Gatos’, ‘Um Acidente de Caça’, ‘Ícaro’ e Julieta Venegas

Milton Ribeiro

Uma semana fraca de bons lançamentos nos cinemas, compensada por excelentes continuações e por um retorno. O lançamento que destacamos é Gatos, documentário turco que trata, bem, de gatos, dos gatos de Istambul, para ser mais exato. O retorno é o do filme soviético Um Acidente de Caça, baseado em novela de Tchékhov.

Também destacamos Ícaro, que volta ao Teatro da Santa Casa com o ator Luciano Mallmann, de maravilhosa atuação semi-autobiográfica. Ah, e tem o pop esclarecido de Julieta Venegas no Araújo Vianna.

Este pequeno Guia é um resumo. Não se trata de uma programação completa, mas de recomendações dos melhores espetáculos que assistimos. O critério é a qualidade. Se você tiver sugestões sobre o formato e conteúdo de nosso guia, por favor, comente. Boa semana! De segunda a sexta, atualizamos nosso Guia21 com a programação do que acontece em POA.

Cinema – Estreias

Gatos (****)
(Kedi), de Ceyda Torun, EUA / Turquia, 2016, 79 min


Eles são personagens indissociáveis da cidade de Istambul. Estão por toda parte. A cineasta Ceyda Torun fez um documentário sobre eles. Acompanha sete gatos pela cidade. Há o sociável, o caçador, o psicopata, o cavalheiro, etc. Ceyda, na verdade, usa os gatos para falar de Istambul, de mudança – e seus reflexos nas pessoas. Os gatos da cidade têm estatuto de monumento. Quem visita Istambul, sabe que conviver com os felinos é tão importante como visitar museus, mesquitas, palácios ou mercados. O filme é “uma carta de amor” aos gatos e à própria cidade. Conta a história de sete das “centenas de milhares” de animais que por lá passeiam. Basta entrar no palácio Topkapi, sede do poder otomano durante séculos, para convencer os mais incrédulos: os felinos entram e saem do palácio mais valioso e respeitado do país com uma desfaçatez inaudita. Para quem, mesmo assim, tenha dúvidas, receita-se a A Cidadela, de Orhan Pamuk, o único nobel turco, onde o grande escritor de Istambul explica o papel que eles tiveram na eliminação da peste na idade média.

No Cinespaço Wallig 7, às 13h40, 15h30, 17h20, 19h10 e 21h10

Um Acidente de Caça (****)
(Moy laskovyy i nezhnyy zver), de Emil Loteanu, URSS, 1978, 105min

O filme é uma adaptação da novela de Anton Chekhov, publicada entre 1884 e 1845 e considerada uma precursora do romance psicológico. A personagem principal é Olga, uma garota de origem humilde que, aos 17 anos, é cortejada por três homens. Ela se casa por dinheiro com um aristocrata de 50 anos e tenta manter um romance secreto com o homem que ama. O longa integra a Série Cinema Soviético, com títulos do famoso estúdio MosFilm.
Para ver o trailer (sem legandas), CLIQUE AQUI.

Cena de ‘Um acidente de caça’

Cinema – Em cartaz

A vida de uma mulher (****)
(Une Vie), de Stéphane Brizé, França/Bélgica, 2016, 119 min


Jeanne volta para casa após completar os estudos e passa a ajudar os zelosos pais nas tarefas do campo. Certo dia, o visconde Julien de Lamare aparece nas redondezas e logo conquista o coração da jovem, que, encantada, com ele se casa e vai morar. Conforme o tempo avança, Julien se mostra infiel, avarento e nada companheiro, o que vai minando a alegria de viver da antes esperançosa Jeanne. A Vida de Uma Mulher possui linguagem rigorosa, uma maneira bem peculiar de abordar a trajetória de sofrimentos da protagonista, observada com melancolia pela câmera quase sempre colada nas expressões. Aliás, no filme de Stéphane Brizé o formato da imagem não é quadrado gratuitamente, opondo-se à predominância cinematográfica do aspecto retangular. A austeridade é um dos signos centrais deste longa-metragem. Para imergirmos adequadamente na sucessão de derrotas impostas a Jeanne, é essencial abraçar essa rigidez. A compressão dos personagens num espaço de registro estreito causa flagrante desconforto. (Com o Papo de Cinema).

No Guion Center 3, às 14h25 e 16h35
No Espaço Itaú 8, às 21h10

Visita ou Memórias e Confissões (****)
de Manoel de Oliveira, Portugal, 1982, 68 min


Aos 73 anos, Manoel de Oliveira realizou um filme que só deveria ser mostrado ao público após a sua morte. O cineasta português morreu no ano passado, aos 106 anos, e só agora, três décadas depois, é possível ver “Visita ou Memórias e Confissões” – um filme intimista e emocionante. Em 1982, Manoel de Oliveira vê-se obrigado a vender a casa onde vivia desde 1942, por motivos financeiros. Um momento doloroso que serve de ponto de partida para uma reflexão e a uma síntese sobre a vida, a morte, a família e o cinema. Além da presença de Manoel de Oliveira, que fala diretamente para a câmara, o filme inclui diálogos da escritora portuguesa Agustina Bessa Luís, com quem Oliveira trabalhou várias vezes. É fascinante perceber que no momento em que realizou o filme, Manoel de Oliveira estava muito longe do fim. Ao contrário, estava prestes a começar o período mais rico da sua carreira. Até 1982, o realizador portuense tinha realizado 15 filmes. Acabou por deixar-nos cerca de 60 obras.

Na Cinemateca Capitólio, às 16h

Beduíno (****)
de Júlio Bressane, Brasil, 2016, 75 min


Um casal bastante curioso, dramaturgos de sua própria existência na qual a arte surge acompanhada de uma singular pretensão metafísica, procura pela coisa mais difícil, através de repetidas e variadas representações. Tudo isso, envolto a um cenário de luz onde se misturam esperança e desespero. Embora formem um casal, homem e mulher caminham separadamente e com pressa na localidade que lembra o Rio de Janeiro, num calçadão com o verde da natureza invadindo as encostas. A mulher se senta no meio fio, está cansada e quase sem fôlego com a alta temperatura. Ele vai até ela segurando uma garrafa, logo depois respingando bruscamente água em seu rosto. Ela aceita o frescor com uma sensualidade ímpar. Essa cena, uma das iniciais de Beduíno, resume de forma bem didática um dos meandros da narrativa de Júlio Bressane. De que trata “Beduíno”, o novo longa-metragem de Júlio Bressane? A pergunta não permite uma resposta a contento. Como na maioria de seus filmes, Bressane não conta uma história, mas faz uma obra para ser contemplada. E vale a pena. (Com o Papo de Cinema).

Na Cinemateca Capitólio, às 20h30

Frantz (*****)
de François Ozon, França, 2016, 113 min


Ouvimos reclamações de que Frantz seria um filme convencional e acadêmico… François Ozon dirige algo muito diferente do que costuma fazer. Frantz é um melodrama histórico que mostra os pontos de vista da Alemanha e da França sobre a Primeira Guerra Mundial. Um antigo soldado francês decide visitar a família de um soldado alemão que ele viu morrer na guerra. Mas, a presença do jovem francês não agrada aos habitantes da pequena cidade alemã marcada pelo luto e pelo rancor contra o inimigo de guerra. O luto, a culpa e o perdão são os grandes temas de uma obra que não é tão clássica como parece à primeira vista, devido à originalidade do argumento escrito por François Ozon. A interpretação da atriz alemã Paula Beer é um dos pontos fortes deste filme delicado e austero.

No Guion Center 2, às 18h40
No Guion Center 3, às 20h30

Perdidos em Paris (****)
(Lost in Paris), de Fiona Gordon e Dominique Abel, Bélgica/França, 2015, 83 min


O casal de artistas circenses Dominique Abel e Fiona Gordon revelam-se maravilhosos neste Perdidos em Paris, filme que escreveram, dirigiram e protagonizaram. Trazem um humor leve e descompromissado. O nonsense comanda o intrincado jogo de gestos e desencontros entre a bibliotecária Fiona (Fiona Gordon), a tia dela, Martha (a icônica presença de Emmanuelle Riva, morta em janeiro deste ano), e o desconhecido pobretão Dom (Dominique Abel). Tudo transcorre em Paris, tendo nos personagens verdadeiras caricaturas. O filme é uma declarada homenagem à arte de Chaplin, Jacques Tati e de Jean-Louis Barrault. Enquanto Fiona parte em busca da tia, com paradeiro incerto, ela esbarra num amontoado de coincidências e de momentos hilários. Com o Divirta-se e mais).

No Guion Center 1, às 14h15, 18h, 19h35 e 21h10

Uma Família de Dois (***)
(Demain Tout Commerce), de Hugo Gélin, França, 2016, 90 min


Samuel (Omar Sy) nunca foi de ter muitas responsabilidades. Levando uma vida tranquila ao lado das pessoas que ama no litoral sul da França, ele vê tudo mudar com a chegada inesperada de uma bebê de poucos meses chamada Glória, sua filha. Incapaz de cuidar da criança, ele corre para Londres a fim de encontrar a mãe biológica, mas, sem sucesso, decide criá-la sozinho. Oito anos depois, quando Samuel e Glória se tornam inseparáveis, a mãe retorna para recuperar a menina. Versão francesa do mexicano Não aceitamos devoluções, a versão recauchutada consegue superar facilmente o original. Com um super elenco e uma produção de primeira, o filme ganhou em grandeza, fazendo com que alguns clichês passem batido por nosso (falso) rigor.

No GNC Moinhos 1, às 17h15, 19h40 e 22h

Divinas Divas (****)
de Leandra Leal, Brasil, 2016, 101 min

Foto: Divulgação

As Divinas Divas são ícones da primeira geração de artistas travestis no Brasil dos anos 1960. Um dos primeiros palcos a abrigar homens vestidos de mulher foi o Teatro Rival, dirigido por Américo Leal, avô da diretora. O filme traz para a cena a intimidade, o talento e as histórias de uma geração que revolucionou o comportamento sexual e desafiou a moral de uma época. As oito biografadas em Divinas Divas foram guerreiras. Pioneiras do travestismo artístico no País, enfrentaram preconceito, mas se fizeram aceitas. Rogéria define-se como a travesti da família brasileira. Só o fato de o filme de Leandra Leal, inicialmente rejeitado, maldito, estar estreando em todas essas salas já é um acontecimento. Mas há mais: o filme é bom mesmo.

No CineBancários, às 17h

Neve Negra (***)
(Nieve Negra), de Martin Hodara, Argentina, 2016, 100 min


Salvador (Ricardo Darín) vive isolado do mundo nas colinas geladas da Patagônia. Sozinho há décadas, ele recebe a inesperada visita do irmão Marcos (Leonardo Sbaraglia) e de sua namorada, Laura (Laia Costa). O objetivo dos dois é que Salvador aceite vender as terras que os irmãos receberam como herança, algo que ele não está nem um pouco disposto a fazer. É que Marcos precisa desesperadamente de dinheiro e tem uma excelente proposta em mãos. O confronto entre os dois grandes atores argentinos é conduzido com habilidade por Hodara em meio a flashbacks. Ms o desfecho parece inferior ao restante do filme.

No Guion Center 3, às 18h45

O Cidadão Ilustre (*****)
(El Ciudadano Ilustre), de Mariano Cohn e Gastón Duprat, Argentina, 2015, 120 min


Daniel Mantovani (Oscar Martínez), um escritor argentino e vencedor do Prêmio Nobel, radicado há 40 anos na Europa, volta à sua terra natal que inspirou a maioria de seus livros, para receber o título de Cidadão Ilustre da cidade — um dos únicos prêmios que aceitou receber. No entanto, sua ilustre visita desencadeará uma série de situações complicadas entre ele e o povo local. Quando chega a cidadezinha de Salas, o escritor é recebido pelo prefeito, que lhe mostra a agenda programada para os poucos dias em que permanecerá ali. O primeiro deles é uma aula aberta. E, por mais que relute, será levado num desfile em carro de bombeiros ao lado da miss local. O humor de O Cidadão Ilustre é construído a partir das diferenças e da tensão entre a sofisticação de Daniel e a simplicidade dos moradores de Salas. O que muitos ali ainda não sabem é que a cidade e seus antigos habitantes serviram de cenário e inspiração para personagens dos romances e contos dele — e os retratos nem sempre são nostálgicos ou agradáveis.

Na Sala Eduardo Hirtz, às 17h15

Exposições

Exposição Fotográfica 20 anos de Presídio Central
De 20 de julho a 25 de agosto, segunda a sexta-feira, das 9h às 18h
Palácio da Justiça (Praça Marechal Deodoro, 55)

A Exposição Fotográfica 20 anos de Presídio Central. Organizada pela AJURIS, em parceria com o Memorial do Judiciário do RS, a atividade apresenta a realidade da superlotação dos presídios e da violação dos direitos humanos da maior cadeia do Estado. Por meio das fotos feitas pelo juiz de Direito Sidinei Brzuska e das imagens do acervo do magistrado Marco Antônio Bandeira Scapini, falecido em 2014, a exposição conduz o olhar dos visitantes pelas galerias e estruturas do prédio e mostra a degradação do local ao longo das duas décadas de interdição. Por um decreto do Governo do Estado, publicado em janeiro deste ano, o Presídio Central passou a se chamar Cadeia Pública de Porto Alegre. A mostra poderá ser conferida gratuitamente até o dia 25 de agosto, de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h. A Exposição Fotográfica 20 anos de Presídio Central foi montada pela primeira vez no átrio do Foro Central II de Porto Alegre como parte do Seminário Sistema Prisional e Direitos Humanos, evento promovido pela AJURIS nos dias 11 e 12 de agosto de 2016. O Seminário integrou a programação do aniversário de 72 anos da Associação.

Exposição “25 vezes Duchamp – A Fonte 100 anos”.
Museu de Arte Contemporânea – 6º andar da CCMQ (Andradas, 736).
Até 3 de setembro | Terças a sextas, das 10h às 19h, e sábados, domingos e feriados, das 12h às 19h

A Fonte 100 anos”, em homenagem à célebre e polêmica obra de Marcel Duchamp, “Fonte”. A abertura ocorre às 19h, no 6º andar da Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ). A entrada é gratuita. Com a curadoria de José Francisco Alves, a mostra apresenta 56 obras de 24 artistas convidados, a maioria inédita, realizada especialmente para a homenagem. “As obras escolhidas apresentam características variadas com a herança de Duchamp, com trabalhos de caráter objetual, a apropriação de materiais e coisas preexistentes, a elaboração mental e não manual dos objetos, o humor, o jogo, a provocação e até mesmo a revolta com a situação atual da política e das instituições brasileiras. Temos variadas, simples e sofisticadas experiências artísticas, num universo de possibilidades que é uma das mais atrativas marcas da arte contemporânea, que a cada dia testa os seus limites”, diz José Francisco.

Três Exposições na Galeria Duque
Rua Duque de Caxias, 649 – Centro Histórico, Porto Alegre
Seg/Sex: 10:00 às 19:00h | Sáb: 10:00 às 17:00h
Até 20 de agosto

A Galeria Duque inaugura três exposições neste sábado (15/07), às 14h30: a mostra Poesias singulares, com obras novas do acervo assinadas por mestres de renome internacional como Henry Moore, Lygia Pape e Aldo Locatelli; a coletiva Quatro poesias, das artistas gaúchas Daisy Viola, Graça Craidy, Roberta Agostini e Rosane Morais; e a individual Zona litorânea, série lúdica de Marcos Tabbal.

Foto: Obra de Graça Craidy

A trajetória da luz, de Leon Santos
No Margs, Praça da Alfêndega, s/n
De 12 a 13/08/2017, das 10:00 – 19:00

O Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli convida para abertura da exposição “A trajetória da Luz”, dia 11 de julho, às 19h, nas Salas Negras do MARGS. A mostra, com curadoria de Rogério Simões, pode ser visitada de 12 de julho até 13 de agosto, com entrada franca. A exposição tem por objetivo divulgar, pela primeira vez no Sul do Brasil, o trabalho do fotógrafo santista marcando o final de uma longa fase de cerca de 20 anos com a fotografia P&B. O público irá encontrar uma seleção de cerca de 40 imagens, em grandes formatos, grande parte no tamanho 60×45 e algumas em tamanho maior (70×90), que compões um panorama do trabalho do artista. Desse total, 10 imagens serão inéditas documentando o olhar do fotógrafo para a cidade de Porto Alegre, as demais são um apanhado da carreira do artista sempre com destaque para o P&B.

Exposição ‘Curucu no parquet’
De 03 a 28 de julho, das 10h às 18h, de segunda a sexta
Pinacoteca Barão De Santo Ângelo — Rua Senhor dos Passos, 248

De uma hora para outra, nos encontramos sentados em roda naquela sala vazia. ( ) Passamos a nos imaginar entre catálogos e manuais inutilizados, procurando a frase com uma lanterna, passando ao lado de longas tranças, filmes bordados e costurados, escadas, brinquedos queimados. Uma vontade de cobrir o corpo com argila e entrar no mar. Projeções: olhamos outros acionando centenas de imagens provindas de HDs recuperados, borboletas, a lavagem de uma escadaria, uma conversa que não escutamos durante a aterrissagem do avião, num relance, o olho que passeia pela ferrugem, colheres enfiadas no muro, retratos alterados, desenhos de outras naturezas, máquinas de escrever e ovos empilhados. Isso num intervalo, nesta quinta-feira, antes do caça-palavras pra escolher entre desencapado e o curucu no parquet. Essa mostra apresenta trabalhos envolvendo contaminações da audiovisualidade na memória coletiva, presentes nas propostas dos artistas em objetos, fotografias, vídeos, desenhos, instalações e performances. São processos que indicam a presença dos sujeitos e uma forma de apreender a passagem do tempo na obsolescência das coisas – o que, de certo modo, revisita o descenso da cultura sinalizado pelos dadaístas.

Daiana Schröpel – Caixa de Amostras e Impressões (2016)

Música

Julieta Venegas — Parte Mía
Dia 23 de julho, domingo, às 20h
Auditório Araújo Vianna (Av. Osvaldo Aranha, 685 – Porto Alegre)

A turnê Parte Mía é um novo desafio na carreira de Julieta Venegas. Pela primeira vez, ela fará shows acompanhada no palco apenas por Matías Saavedra e Sergio Silva, dois dos seus músicos habituais. Entre os três, todos multi-instrumentistas, estarão os acordeões, guitarras, teclados e sons de percussão para tocar os grandes sucessos de Julieta Venegas juntamente com muitas outras canções de seu repertório, que adquirem agora uma nova abordagem, de forma muito mais próxima, natural e mágica. Imperdível. “Para mim, foi tudo uma experiência, porque eu estou acostumada a um show com um grupo maior. Está sendo maravilhoso, é como voltar para o instrumento, voltar para a essência das canções e voltar ao ponto de partida”, diz Julieta.

Teatro

Ícaro
De 20 a 23/07, quinta-feira à domingo, às 20h
Teatro da Santa Casa — Av. Independência, 75 – Centro, Porto Alegre

Após duas temporadas com sessões lotadas e sucesso de crítica, Ícaro sobe ao palco do Teatro da Santa Casa em apenas quatro apresentações. Dirigida por Liane Venturella, a montagem já é considerada um dos destaques do ano e foi selecionada para a programação oficial da próxima edição do Porto Alegre em Cena. O projeto é singular: um monólogo criado e interpretado por um ator paraplégico. As histórias abordam temas universais e garantem a identificação direta com o público. Em cena, ficção e realidade se misturam. Luciano Mallmann interpreta depoimentos ficcionais de cadeirantes – homens e mulheres. O ator mesclou experiências pessoais com relatos de pessoas que tiveram lesões medulares. Em 2004, ele ficou paraplégico após uma queda durante um exercício de acrobacia no Rio de Janeiro. Não há cenário, nem marcações bruscas. A peça intimista valoriza a interpretação e surpreende pela forma como o ator explora o corpo durante as cenas. A precisão dos movimentos foi um elemento fundamental para expressar as limitações físicas de cada personagem. Aí surgem em cena a modelo, o lutador, a mãe, o ator, o acrobata. Durante todo o tempo, o intérprete dialoga com o público sobre preconceito, resiliência, relações entre pais e filhos, relações amorosas, suicídio e gravidez. Um mosaico sobre a diversidade humana.

| Foto: Fernanda Chemale