Guia21 recomenda Lumière!, Mulheres Divinas, Caetano Moreno Zeca Tom Veloso e mais

Milton Ribeiro

Ainda não vimos Lumière! A Aventura Começa, mas o filme recebe elogios onde passa. Trata-se de uma compilação comentada dos pequenos filmes de 50 segundos feitos pela dupla de irmãos que inventou o cinema. Parece ser uma linda homenagem à arte que tanto amamos. Ainda faltava o som, mas já tínhamos roteiro, encenação, filmagem e montagem.

A outra de nossas dicas não tem recebido tantos elogios assim, tem recebido mais simpatia, digamos. Mulheres Divinas trata de um fato ocorrido na Suíça em 1971, quando se estava decidindo sobre o voto feminino. Uma mulher do interior do país e de vida confortável engaja-se na luta.

E é claro que não se deve perder a oportunidade de ver um dos monstros da MPB, Caetano Veloso, que estará no Araújo Vianna com seu filhos. Caetano Moreno Zeca Tom Veloso traz um panorama da obra do pai Caê.

Abaixo, maiores detalhes de tudo isso e muito mais.

Este pequeno Guia é um resumo. Não se trata de uma programação completa, mas de recomendações dos melhores espetáculos que assistimos. O critério é a qualidade. Se você tiver sugestões sobre o formato e conteúdo de nosso guia, por favor, comente. Boa semana! De segunda a sexta, atualizamos nosso Guia21 com a programação do que acontece em POA.

Cinema – Estreias

Lumière! A Aventura Começa (****)
(Lumière ! L’aventure commence), de Thierry Frémaux, França, 2017, 90 min


Lumière! A Aventura Começa é um mergulho na história dos irmãos franceses que inventaram o cinema, é uma bela viagem ao universo dos fundadores do cinema, os irmãos Louis e Auguste Lumière. São imagens sensacionais e um olhar único da França e do mundo do início da Era Moderna através de 114 breves filmes — eles fizeram quase 1500 — dos irmãos franceses que foram restaurados em 4K e montados para celebrar o legado dos Lumière. Dentro dos filmetes de cinquenta segundos de duração dirigidos pelos Lumière – em especial por Louis – é possível notar, como bem aponta Frémaux, um apurado senso estético, uma preocupação com o posicionamento ideal da câmera, que vai em sentido contrário à percepção errônea de muitos sobre o cinema da dupla ser constituído de registros aleatórios da realidade que os cercava. Ao longo do documentário, Frémaux prova justamente o oposto, expondo como os filmes de Louis e Auguste, que trafegam entre o documental e o ficcional, refletiam sua a visão particular sobre essa realidade – moldada pela composição dos quadros, pela exploração da profundidade de campo, do movimento dos elementos filmados, etc. (Com o Papo de Cinema).


No Guion Center 2, às 13h50
No Guion Center 3, às 19h15

Mulheres Divinas (****)
(Die Göttliche Ordnung), de Petra Biondina Volpe, Suíça, 2017, 96 min


Nora é uma jovem dona de casa que mora em uma pequena cidade com o marido e os dois filhos. O interior da Suíça permanece à parte dos grandes movimentos sociais surgidos em 1968. A vida de Nora tampouco é afetada; ela é uma pessoa pacata, de quem todos gostam. Até começar a lutar publicamente pelo direito ao voto feminino, que os homens devem decidir nas urnas no dia 7 de fevereiro de 1971. Um olhar sobre esse período, como se percebe, chega num momento bastante apropriado. Pena, somente, que Mulheres Divinas se contente em apenas apontar para estes eventos, sem debatê-los diante uma reflexão mais profunda. (com o Papo de Cinema).


No Espaço Itaú 6, às 16h30 e 18h30
No Guion Center 2, às 15h30, 19h e 20h50

Cinema – Em cartaz

Lucky (****)
(Lucky), de John Carroll Lynch, EUA, 2017, 88 min


Depois de fumar por muito mais tempo que todos os seus conterrâneos, o velho ateu Lucky, de 90 anos, está no fim de seus dias, apenas esperando a morte. Vivendo em uma cidade no deserto, ele inicia sua última atividade antes de partir: autoexplorar-se. este drama tragicômico que marca a estreia do ator John Carroll Lynch (um coadjuvante por excelência, visto em filmes como Zodíaco, 2007, e Ilha do Medo, 2010) como realizador é uma verdadeira pérola a ser descoberta, que tem muito da sua força em uma atuação estelar do saudoso Harry Dean Stanton, que se foi deixando como adeus uma obra inequivocamente à altura do seu gigantesco talento. Pois é triste perceber que foi preciso chegar ao fim de uma jornada de exatos 200 créditos (!) no cinema e na televisão para que Harry Dean Stanton surgisse não só como protagonista, mas como um leading man do qual os olhos do espectador não conseguem se afastar. Assim como seu intérprete, Lucky é um nonagenário orgulhoso da sua trajetória, ciente de sua condição e sem vontade alguma de se despedir. Porém, há forças que não podem ser vencidas. (Com o Papo de Cinema).


No Guion Center 3, às 14h e 17h35

Com Amor, Van Gogh (*****)
(Loving Vincent), de Dorota Kobiela e Hugh Welchman, Reino Unido/Polônia, 2017, 95 min


A trama da animação britânica e polonesa se baseia nas mais de 800 cartas escritas pelo próprio Vincent Van Gogh. Depois que as cenas foram filmadas, 85 pintores recriaram os 62.450 frames em formas de pinturas individuais a óleo. Para cada segundo do longa são necessárias nada menos do que 12 pinturas para que a montagem possa ser feita. Ao todo, foram necessários 860 quadros pintados, além de terem sido realizados 1.026 desenhos. Trata-se e uma investigação aprofundada sobre a vida e a misteriosa morte de Vincent Van Gogh através das suas pinturas e dos personagens que habitam suas telas. Animado com a técnica de pintura a óleo do pintor holandês, os personagens mais próximos são entrevistados e há reconstruções dos acontecimentos que precederam sua morte. É o primeiro longa-metragem feito totalmente em óleo sobre tela. A história: 1891. Um ano após o suicídio de Vincent Van Gogh, Armand Roulin encontra uma carta por ele enviada ao irmão Theo, que jamais chegou ao seu destino. Após conversar com o pai, carteiro que era amigo pessoal de Van Gogh, Armand é incentivado a entregar ele mesmo a correspondência. Desta forma, ele parte para a cidade francesa de Arles na esperança de encontrar algum contato com a família do pintor falecido. Lá, inicia uma investigação junto às pessoas que conheceram Van Gogh, no intuito de decifrar se ele realmente se matou. (Com o AdoroCinema).


No Guion Center 1, às 14h30, 16h40, 18h40 e 20h30

Os golfinhos vão para o leste (***)
(Las Toninas Van al Este), de Gonzalo Delgado e Veronica Perrotta, Uruguai / Argentina, 2016, 83 min


Miguel Angel Garcia Mazziotti, figura gay decadente do showbiz no Rio de la Plata, é visitado por sua filha Virginia, de quem se manteve afastado por anos. El Gordo, como o chamam em Punta del Este, rejeita abertamente a visita. Mas, ao saber que vai se tornar avô, não consegue controlar a emoção e acaba cedendo e compartilhando da felicidade de sua filha. Miguel Ángel (Jorge Denevi) e Virginia (Veronica Perrotta) são pai e filha afastados há anos. Ao engravidar, ela resolve retomar os laços. Sem qualquer preparação ou aviso, Virginia embarca em um ônibus para Punta del Este, caminho tomado pelos golfinhos do título (em tradução literal), a fim de quebrar o gelo formado pelo tempo. No famoso balneário uruguaio, Ángel é uma celebridade que tenta lidar com o envelhecimento. A chegada da filha não apenas não colabora para despistar a velhice como promove, sem sequer consultá-lo, o personagem de Denevi a uma posição nova e desconhecida: a de avô.


Na Sala Paulo Amorim, às 15h30

No Intenso Agora (****)
de João Moreira Salles, Brasil, 2017, 127 min


Feito a partir da descoberta de filmes caseiros rodados na China em 1966, durante a fase inicial e mais aguda da Revolução Cultural, No intenso agora trata da natureza efêmera dos momentos de grande intensidade. Às cenas da China somam-se imagens dos eventos de 1968 na França, na Tchecoslováquia e, em menor medida, no Brasil, a partir das quais, na tradição dos filmes-ensaio, tenta-se investigar como aqueles que tomaram parte naqueles acontecimentos seguiram adiante depois do arrefecimento das paixões. As imagens, todas elas de arquivo, revelam não só o estado de espírito das pessoas filmadas – alegria, encantamento, medo, decepção, desalento – como também a relação entre registro e circunstância política. O que se pode dizer de Paris, Praga, Rio de Janeiro e Pequim a partir das imagens daquele período? Por que cada uma dessas cidades produziu um tipo específico de registro?


No Espaço Itaú 8, às 13h30

Exposições

Exposição Jorge Aguiar 4.2 ̶ Uma vida na fotografia documental
De 8 de dezembro a 28 de janeiro de 2018, de terças a domingos, das 10h às 19h
Nas Salas Negras do MARGS

A exposição reúne imagens que correspondem a 10 documentários produzidos nos últimos 20 anos, totalizando 20 painéis que retratam o cotidiano de pessoas em situação de vulnerabilidade social. O fotógrafo explica que concebe seu trabalho ouvindo histórias de vida e observando com olhar atento o dia a dia nas periferias das cidades. Cada tema leva em média dois anos até ser finalizado. O trabalho vai amadurecendo conforme ele visita os locais, a cada 15 dias, conversando com as pessoas, absorvendo suas realidades e entrelaçando suas histórias. Somente após o longo período de reconhecimento e pesquisa é que começam os registros fotográficos. Um dos trabalhos que compõem a mostra intitulado “Manas Lisas da Periferia” é baseado na observação de mulheres das comunidades que estão assumindo sua negritude com orgulho. Assim, em contraponto ao quadro mais famoso do mundo, A Monalisa, o fotógrafo capta retratos de mulheres pobres, enquadradas por uma que ele coloca na frente delas.

Foto: Jorge Aguiar

Exposição PulsationsPulsações – Do arquivo vivo de Sérvulo Esmeraldo
De 28 de novembro de 2017 a 31 de março de 2018
De segunda a sexta, das 10h30 às 22h e sábados, das 10h30 às 20h
Na Galeria do Instituto Ling, na Rua João Caetano, 440

PulsationsPulsações – Do arquivo vivo de Sérvulo Esmeraldo, primeira exposição póstuma do artista cearense,falecido em fevereiro deste ano, pouco antes de completar 88 anos. A exposição mostra uma das trajetórias mais originais da arte brasileira: conhecido por seu rigor geométrico-construtivo, Esmeraldo incursionou pela escultura, a gravura, a ilustração e a pintura, tendo sido um dos pioneiros da arte cinética e autor de obras de geometria e luminosidade singulares. A mostra, com curadoria de Ricardo Resende, traz 84 peças – entre gravuras, matrizes, desenhos, estudos, relevos, maquetes, instalações, documentos e fotografias – que fazem parte do arquivo do IAC – Instituto de Arte Contemporânea (São Paulo/SP). PulsationsPulsações joga luz sobre o rico processo criativo do artista em seus primeiros anos na França, uma fase de aprendizado, de iniciação nas técnicas da gravura em metal e litografia. Contempla os desenhos e as gravuras em metal que compõem esse período europeu, sob a influência do abstracionismo lírico que vigorava na capital francesa naquele momento, que seria uma resposta à Action Painting nova-iorquina. É acompanhada, ainda, de uma seleção de esculturas e de duas pinturas posteriores a essa fase, quando explorou a topologia das coisas e formas.

Sérvulo Esmeraldo | Foto: Leonard De Selva

Exposições Diante do espelho, de Eduardo Vieira da Cunha,
e Prazer em Re conhecer com obras do acervo, na Galeria Duque
Rua Duque de Caxias, 649, de segunda a sexta das 10h às 19h e aos sábados das 10h às 17h
Término: 20 de janeiro de 2018

A exposição Diante do espelho, composta por 10 pinturas e 25 desenhos do artista plástico Eduardo Vieira da Cunha – a maior parte dos trabalhos foi produzida este ano. “Trata-se do resultado de uma pesquisa plástica na qual o imaginário do espelho aparece como uma procura pelo mistério da imagem”, revela ele. A Duque apresenta também obras de mestres do seu acervo. A curadora Daisy Viola faz um recorte com obras que, associadas, criam uma proposta de diálogo com o público, estimulando a reflexão. “Abre-se para um público mais amplo do que aquele que frequenta normalmente o espaço tradicional de uma galeria, a possibilidade de se (re) encontrar com obras de grandes mestres da historia da arte brasileira, e com o trabalho de artistas atuantes no cenário cultural da cidade e do país”, diz Daisy.

Divulgação Eduardo Vieira da Cunha / Galeria Duque

Música

Caetano Moreno Zeca Tom Veloso
Dia 19 de dezembro, às 21h no Auditório Araújo Vianna

Caetano Veloso, 75, é um dos maiores nomes da MPB. Ao longo de cinco décadas de produção artística, o cantor e compositor acumula prêmios internacionais, além de parcerias memoráveis com diversas gerações. Pai e filhos estarão sozinhos no palco. Caetano vai tocar violão. Moreno, 44, Zeca, 25, e Tom, 20, se revezarão em instrumentos. A família Veloso sobe ao palco do Auditório Araújo Vianna, em Porto Alegre, no dia 19 dezembro e, depois segue para Curitiba, no dia 21, para apresentação no Teatro Positivo Grande Auditório. No repertório dos shows, estão canções como O LeãozinhoReconvexoUm canto de afoxé para o bloco do Ilê e Todo Homem, uma bela composição de Zeca Veloso.

Foto: Jorge Bispo

Era uma vez… Broadway — Backstage Dreams
Dias 15 e 16 de dezembro, sexta-feira, as 20h; e sábado, às 19h
Instituto Ling (Rua João Caetano, 440 – Bairro Três Figueiras – Porto Alegre)

Depois de estrear o seu novo show com apresentações lotadas em setembro, a atriz e cantora Gabrielle Fleck volta ao palco do Instituto Ling para mostrar Era Uma Vez… Broadway – Backstage Dreams em mais duas sessões nesta sexta e sábado, dias 15 e 16 de dezembro. O espetáculo apresenta uma coletânea de teatro musical com um repertório que vai de Grease ao Fantasma da Ópera, passando também por Chicago, Cats, Les Misérables, Little Woman, O Mágico de Oz, O Rei Leão, Annie, My Fair Lady e A Chorus Line. Os ingressos já estão à venda no site www.institutoling.com.br e também na bilheteria do Instituto Ling com valores de R$ 40 inteiro e R$ 20 meia-entrada. Com interpretação de Gabrielle Fleck, piano de Luciana Malacarne e percussão de Fernando Sessé, a apresentação faz um passeio pelos bastidores dos maiores musicais da Broadway, relembrando canções que marcaram gerações.

Foto: Vilmar Carvalho

Teatro e Dança

Aquilo que nos Amanhece
Montagem de conclusão da Residência Teatral 2017 da Cômica Cultural
Temporada: 21 e 22 de dezembro as 20 horas – Teatro de Arena (Borges de Medeiros 835)

Oito olhares interpretados a partir de textos do escritor pós-moderno João Gilberto Noll. Uma sinceridade poética sobre imperfeições. O julgamento mais sincero é o da autocrítica? O espetáculo propõe reflexões a partir de como enxergamos o drama de cada um e como nós mesmos nos vemos. Em devaneios e diálogos, cada história se revela em parte. Em algum momento você pode se identificar. Afinal, ao perceber o outro, estamos distantes de nós mesmos? Com direção de Júlio Conte, a montagem é resultante da Residência Teatral 2017 (coordenada por Júlio Conte e Patsy Cecato) e realizada no Complexo Criativo Cômica Cultural.

Foto: Rose Pereira

19º Porto Verão Alegre anuncia programação e pré-venda

Entre 06 e 15 de dezembro de 2017, será possível comprar ingressos pelo site www.portoveraoalegre.com.br pelo preço de R$20,00, ou seja, com descontos de 50% em relação ao valor normal dos ingressos de R$40,00, para todas as peças, exceto para os seguintes espetáculos: Alcemar e a Mascada Perdida, em cartaz do Teatro do Bourbon Country; e Pequeno trabalho para velhos palhaços, Mágicos do Sul, Frida Kahlo à Revolução, Terça Insana e Os Mulheres Negras, em cartaz no Theatro São Pedro. No entanto, apenas uma quantidade determinada estará disponível nessa pré-venda.

Nesta edição serão apresentados 81 espetáculos, 13 a mais que no ano passado, 40 deles pela primeira vez no festival, dos quais quatro escolheram o Porto Verão Alegre para sua estreia.

Informações completas estão no site www.portoveraoalegre.com.brA página no Facebook continua sendo um dos principais canais de comunicação, através do endereço www.facebook.com.br/pva2018 .