Guia21 recomenda Me chame pelo seu nome, Os iniciados e o Porto Verão Alegre

Milton Ribeiro

Na verdade, há uma penca de boas, excelentes continuações. Tanto que nossas sugestões de filmes abarcam 14 produções. Um recorde.

Dentre os lançamentos, destacamos dois: o excelente Me chame pelo seu nome e Os Iniciados. Ambos não podem ser mais diferentes, ambos não podem ser mais iguais. Os dois falam de homossexualidade masculina de forma muito distinta. O primeiro se passa na Itália, num belo, limpo e elegante cenário. O segundo, numa tribo sul-africana. O primeiro é uma visão de descoberta e beleza, o segundo de repressão. Ambos vêm cheios de elogios, principalmente o primeiro.

Tradicional no Verão, está transcorrendo o 19º Porto Verão Alegre.  São muitas peças, tantas que é melhor dar o link do evento.

Abaixo, maiores detalhes de tudo isso e muito mais.

Este pequeno Guia é um resumo. Não se trata de uma programação completa, mas de recomendações dos melhores espetáculos que assistimos. O critério é a qualidade. Se você tiver sugestões sobre o formato e conteúdo de nosso guia, por favor, comente. Boa semana! De segunda a sexta, atualizamos nosso Guia21 com a programação do que acontece em POA.

Cinema – Estreias

Me chame pelo seu nome (*****)
(Call Me By Your Name), de Luca Guadegnino, França/Itália/EUA/Brasil, 2018, 133 min


Elio é o único filho de uma família norte-americana com ascendência italiana e francesa. O garoto está enfrentando outro verão preguiçoso na casa de seus pais na bela paisagem italiana. Nesse cenário, Oliver, acadêmico que veio ajudar a pesquisa de seu pai, chega para despertar sentimentos ainda desconhecidos. O filme é romântico e belíssimo. Me Chame Pelo Seu Nome é mais um atestado da busca pela beleza empreendida pelo cineasta italiano Luca Guadagnino, porém não só, é muito mais do que isso. Longe de apresentar um apuro estético vazio e sem propriedades de reflexão, tem-se em cena uma delicada e sensível análise a respeito de amor e perda, liberdade e confiança, tendo como ponto de partida a atração que se desenvolve de forma tão imperiosa entre estes dois rapazes. (Com o Papo de Cinema).


No Espaço Itaú 2, às 13h50, 16h20, 18h50 e 21h20
NO GNC Moinhos 1, às 13h30, 16h10, 18h50 e 21h30
No Guion Center 3, às 14h, 16h20, 18h40 e 21h

Os iniciados (****)
(The Wound), de John Trengove, África do Sul/França/Holanda, 2018, 88 min


Xolani, vulgo “X” (Nakhane Touré), um operário solitário do Cabo Oriental, na África do Sul, se ausenta do trabalho e viaja para as montanhas rurais com os homens de sua comunidade. O intuito é ajudar nos rituais de Xhosa, que consiste na circuncisão de um grupo de adolescentes para que eles ingressem finalmente na vida adulta. E masculina. Conhecido por sempre acabar responsável pelos rapazes mais frágeis, Xolani é designado, e pago, para cuidar especificamente de Kwanda (Niza Jay), garoto de origem rica, vindo de Joanesburgo, que, nas palavras do pai, é sensível demais – por ter sido mimado pela mãe – e precisa aprender a ser um homem de verdade. (Com o Papo de Cinema)


No Espaço Itaú 1, às 20h e 21h50

Cinema – Em cartaz

O Jovem Karl Marx (****)
(Le Jeune Karl Marx), de Raoul Peck, França / Alemanha / Bélgica, 2016, 118 min


Aos 26 anos, Karl Marx embarca com a mulher, Jenny, para o exílio. Em Paris, eles conhecem Friedrich Engels, filho do dono de uma fábrica que estudou o nascimento do proletariado inglês. Engels traz a Marx a peça que faltava para o quebra-cabeça de sua visão de mundo. Seja na esfera documental ou na ficcional, o cinema do haitiano Raoul Peck se notabiliza pelo teor político e de investigação histórica, característica dominante em trabalhos como Lumumba (2000), uma dramatização da trajetória do líder anticolonialista congolês Patrice Lumumba, e Eu Não Sou Seu Negro (2016), documentário indicado ao Oscar que traça um panorama dos conflitos raciais nos Estados Unidos do século XX tendo como base os textos do escritor James Baldwin. Em O Jovem Karl Marx, Peck direciona sua lente biográfica a uma das figuras políticas mais notáveis e debatidas de todos os tempos, apresentando um recorte de sete anos da vida do filósofo e sociólogo alemão (vivido por August Diehl) que parte de seu exílio na França, aos 26 anos de idade, até a criação do Manifesto Comunista. (Com o Papo de Cinema).


No Guion Center 2, às 14h30 e 18h30
No Espaço Itaú 4, às 16h

Lou (***)
(Lou Andreas-Salomé), de Cordula Kablitz-Post, Alemanha / Suíça / Áustria / Itália, 2016 113 min


Desde muito pequena, Louise von Salomé demonstrou dificuldades para entender por que homens eram tratados com tanta discrepância em relação às mulheres. Essa rebeldia infante, com ares mais que de travessura natural, é contada pela própria Lou (Nicole Heesters), já aos 72 anos e com uma saúde bastante debilitada, ao homem que, em princípio, chega à procura de sua expertise psicanalítica abafada pela ascensão de Hitler. A cineasta Cordula Kablitz-Post se preocupa claramente com as filigranas, mostrando ao largo a marcha dos alemães rumo à Guerra e a decorrente perseguição a todo tipo de literatura, ciência e/ou campo do saber associado (arbitrariamente) aos judeus. Então, esse verdadeiro ícone trata as inquietações psicológicas do escritor desempregado que relata, maquiando sua história como se de um amigo próximo, as dificuldades conjugais e o bloqueio criativo, determinantes ao seu fracasso, fazendo dele biógrafo. Portanto, o que vemos em Lou são versões comprometidas do real. (Com o Papo de Cinema).


No Guion Center 1, às 15h, 17h10, 19h15 e 21h15

The Square — A Arte da Discórdia (*****)
(The Square), de Ruben Östlund, Suécia / Alemanha / Dinamarca / França, 2017, 142 min


Além de receber a Palma de Ouro em Cannes, The Square — A Arte da Discórdia, recebeu os prêmios de Melhor Filme, Melhor Realizador (Ruben Östlund), Melhor Comédia, Melhor Ator (Claes Bang), Melhor Argumento (Ruben Östlund) e Melhor Direcção de Arte (Josefin Åsberg) da Academia Europeia de Cinema. Christian é o respeitado curador de um museu de arte contemporânea. Homem divorciado e bom pai, é uma pessoa que dirige um carro elétrico e apoia boas causas. A sua próxima exposição, “O Quadrado”, é uma instalação que pretende evocar o altruísmo em quem a vê, recordando nosso papel enquanto seres humanos responsáveis pelos nossos semelhantes. Mas às vezes é difícil viver à altura dos nossos ideais: a resposta incauta de Christian ao roubo do seu telefone vai conduzi-lo a situações das quais ele se envergonha. Além disso, uma desastrada campanha de marketing feita pelo museu vai afrontar o senso comum e o bom gosto. O filme faz uma incursão às pessoas de bom senso, politicamente corretas, quando empurradas para fora do seu quadrado, expondo as rachaduras de um mundo indiferente e comprometido apenas com sua própria lógica e ego.


No Guion Center 2, às 20h45

Viva — A vida é uma festa (****)
(Coco), de Lee Unkrich e Adrian Molina, EUA, 2017, 105 min


Miguel sonha em se tornar um grande músico, assim como seu ídolo, Ernesto de la Cruz. Isso apesar da música ter sido banida há gerações em sua família. Desesperado para provar o seu talento, o garoto se vê na deslumbrante e pitoresca Terra dos Mortos seguindo uma misteriosa sequência de eventos. Ao longo do caminho, ele conhece o encantador trapaceiro Hector, e juntos partem em uma jornada extraordinária para descobrir a verdade por trás da história da família de Miguel. Para começo de conversa, é bastante relevante, além de emblemático nesta Era Donald Trump de intolerância e xenofobia, Viva: A Vida é uma Festa ser não apenas protagonizado por um mexicano, mas se passar no México e se valer da cultura do país para consolidar preceitos como o valor da família. Miguel é um dos mais novos da linhagem Rivera de sapateiros, destino selado por um infortúnio do passado, pois sua tataravó, abandonada pelo marido cantor e compositor, que almejava carreira de sucesso, precisou aprender uma profissão para sobreviver. Como efeito, a já falecida senhora amaldiçoou a música, passando a ojeriza adiante como se herança sanguínea. Acontece que o menino acalenta secretamente o desejo, justo, de fazer sucesso tocando violão e soltando a voz por aí, como os mariachis dos quais engraxa os calçados antes das apresentações na praça. Portanto, o problema, logo posto, é essa necessidade de romper com os seus para ser feliz. (Com o Papo de Cinema).


CÓPIA 3D IMAX DUBLADAS
No Cinespaço Wallig 8, às 13h30
CÓPIA LEGENDADA
No Espaço Itaú 7, às 19h50
CÓPIAS DUBLADAS
No Cinemark Barra 7, às 12h50, 15h30, 18h10 e 20h40
No Cinemark Ipiranga 2, às 12h15, 14h40, 17h20 e 20h
No Cinespaço Wallig 6, às 13h30, 15h30 e 17h30
No Cine Victória 1, às 14h, 16h e 18h
No Espaço Itaú 7, às 13h20, 15h30 e 17h40

120 Batimentos por Minuto (****)
(120 battements par minute), de Robin Campillo, França, 2017, 143 min


França, início dos anos 1990. O grupo ativista Act Up está intensificando seus esforços para que a sociedade reconheça a importância da prevenção e do tratamento em relação a AIDS, que mata cada vez mais há uma década. Recém-chegado ao grupo, Nathan logo fica impressionado com a dedicação de Sean junto ao grupo, apesar de seu estado de saúde delicado. Estrelado por Nahuel Pérez Biscayart, Arnaud Valois e Adèle Haenel, 120 Batimentos Por Minuto (2018) tem direção de Robin Campillo (Meninos do Oriente, 2013). A obra foi premiada com os troféus Queer Palm, FIPRESCI, François Chalais e Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes 2017. Além disso, foi exibida nos festivais de Rio, Hamburgo e San Sebastián.


Na Sala Eduardo Hirtz, às 15h

Roda Gigante (****)
(Wonder Wheel), de Woody Allen, EUA, 2017, 102 min


Mais para Blue Jasmine do que para as leves comédias que fez mais recentemente, Roda Gigante traz Woody Allen de volta ao universo dos grandes filmes. As vidas de quatro personagens cruzam-se entre a agitação do Parque de Diversões de Coney Island, na década de 50: Ginny (Kate Winslet), ex-atriz emocionalmente instável, que agora trabalha como empregada de mesa; Humpty (Jim Belushi), o severo marido de Ginny, operador de carrossel; Mickey (Justin Timberlake), um jovem e bonito nadador-salvador que sonha ser dramaturgo; e Carolina (Juno Temple), a filha de Humpty que reaparece para se esconder de gangsters no apartamento do pai. A roda de amores começa a girar. É um melodrama muito bem feito. Ambientado na década de 50, parece um filme de 60a nos de idade. Trata-se de uma das produções tecnicamente mais bem acabadas de Woody Allen. E nem um pouco banal. Grande atuação de Kate Winslet.


No Espaço Itaú 3, às 16h30
No Espaço Itaú 7, às 22h
No GNC Moinhos 4, às 14h15, 17h, 19h30 e 22h

Lucky (****)
(Lucky), de John Carroll Lynch, EUA, 2017, 88 min


Um filme extraordinário realizado em torno da lendária figura de Harry Dean Stanton, de 91 anos. O tema é o fim, a morte e o medo de um velho ateu sozinho, mas não solitário. Veterano de mais de 60 anos de filmes memoráveis — o filme onde ele chegou mais próximo de ser protagonista talvez tenha sido Paris, Texas, de Wim Wenders –, Stanton finalmente ganha um papel digno de suas qualidades. Lucky vive numa casa afastada em uma cidade do Arizona. Toda gente o conhece. Ele segue uma rigorosa rotina diária: faz exercícios ao acordar, bebe um copo de leite gelado, vai à cidade, faz palavras cruzadas numa lanchonete, toma seu álcool e vai jogar conversa fora num bar à noite com amigos. Uma manhã, depois do seu amigo Howard (o cineasta David Lynch, aqui como ator) ter comunicado a fuga de seu cágado de estimação, Lucky cai sozinho em casa. Vai ao médico e este lhe diz que ele não tem doença nenhuma e que não vale a pena nem parar de fumar. Está velho e, aos 91 anos, tanto faz. Lucky entende tudo: a queda é o primeiro aviso de que irá morrer logo. Com humor cáustico e seco, Carroll Lynch constrói uma história da melhor poesia.


Na Sala Eduardo Hirtz, às 19h15

Com Amor, Van Gogh (*****)
(Loving Vincent), de Dorota Kobiela e Hugh Welchman, Reino Unido / Polônia, 2017, 95 min


A trama da animação britânica e polonesa se baseia nas mais de 800 cartas escritas pelo próprio Vincent Van Gogh. Depois que as cenas foram filmadas, 85 pintores recriaram os 62.450 frames em formas de pinturas individuais a óleo. Para cada segundo do longa são necessárias nada menos do que 12 pinturas para que a montagem possa ser feita. Ao todo, foram necessários 860 quadros pintados, além de terem sido realizados 1.026 desenhos. Trata-se e uma investigação aprofundada sobre a vida e a misteriosa morte de Vincent Van Gogh através das suas pinturas e dos personagens que habitam suas telas. Animado com a técnica de pintura a óleo do pintor holandês, os personagens mais próximos são entrevistados e há reconstruções dos acontecimentos que precederam sua morte. É o primeiro longa-metragem feito totalmente em óleo sobre tela. A história: 1891. Um ano após o suicídio de Vincent Van Gogh, Armand Roulin encontra uma carta por ele enviada ao irmão Theo, que jamais chegou ao seu destino. Após conversar com o pai, carteiro que era amigo pessoal de Van Gogh, Armand é incentivado a entregar ele mesmo a correspondência. Desta forma, ele parte para a cidade francesa de Arles na esperança de encontrar algum contato com a família do pintor falecido. Lá, inicia uma investigação junto às pessoas que conheceram Van Gogh, no intuito de decifrar se ele realmente se matou. (Com o AdoroCinema).


No Guion Center 2, às 16h45

Lumière! A Aventura Começa (****)
(Lumière ! L’aventure commence), de Thierry Frémaux, França, 2017, 90 min


Lumière! A Aventura Começa é um mergulho na história dos irmãos franceses que inventaram o cinema, é uma bela viagem ao universo dos fundadores do cinema, os irmãos Louis e Auguste Lumière. São imagens sensacionais e um olhar único da França e do mundo do início da Era Moderna através de 114 breves filmes — eles fizeram quase 1500 — dos irmãos franceses que foram restaurados em 4K e montados para celebrar o legado dos Lumière. Dentro dos filmetes de cinquenta segundos de duração dirigidos pelos Lumière – em especial por Louis – é possível notar, como bem aponta Frémaux, um apurado senso estético, uma preocupação com o posicionamento ideal da câmera, que vai em sentido contrário à percepção errônea de muitos sobre o cinema da dupla ser constituído de registros aleatórios da realidade que os cercava. Ao longo do documentário, Frémaux prova justamente o oposto, expondo como os filmes de Louis e Auguste, que trafegam entre o documental e o ficcional, refletiam sua a visão particular sobre essa realidade – moldada pela composição dos quadros, pela exploração da profundidade de campo, do movimento dos elementos filmados, etc. (Com o Papo de Cinema).


Na Sala Eduardo Hirtz, às 17h30

O Outro Lado da Esperança (****)
(Toivon tuolla puolen), de Aki Kaurismäki, Finlândia / Alemanha, 2017, 100 min

Cena de O Outro Lado da Esperança

Helsinki. Os destinos de Wikhström, um cinquentão que decide mudar de vida, abandonando a esposa alcoólatra e seu emprego para abrir um restaurante, se cruzam com Khaled, um jovem refugiado sírio que tem seu visto negado ao chegar na cidade. Tocado pela história do jovem imigrante, Wikhström decide escondê-lo em seu restaurante.


Na Sala Norbeto Lubisco, às 19h

Verão 1993 (****)
(Estiu 1993), de Carla Simón, Espanha, 2017, 97 min


Espanha, verão de 1993. Após a morte da mãe, a menina Frida, de seis anos de idade, se muda de Barcelona para o interior da região da Catalunha a fim de viver com os tios, agora seus responsáveis legais. Antes do verão acabar, a garota terá que aprender a lidar com suas emoções e se adaptar à nova vida. O roteiro de Verão 1993 é uma visão muito sensível e naturalista do processo pelo qual uma criança precisa quando se depara com uma perda irreparável. E não poderia ser de outra forma, visto que a cineasta Carla Simón foi buscar em suas próprias memórias a experiência de perder os pais em tenra idade. Dito isso, o longa-metragem da cineasta estreante exala sentimentos muito pessoais, verdadeiros, não caindo na armadilha de construir um passado idílico, muito romanceado. Talvez por essa verossimilhança, atrelada ao bom elenco, o filme tenha chamado tanto a atenção no Festival de Berlim, de onde saiu com dois importantes louros: Melhor Filme de Cineasta Estreante e o Grande Prêmio do Júri na mostra Generation Kplus. Além disso, está na lista dos melhores estrangeiros pinçados pela tradicional National Board of Review, além de ter sido escolhido pela Espanha como seu representante no Oscar 2018. (Com o Papo de Cinema).


Na Sala Paulo Amorim, às 19h30

Thelma (****)
de Joachim Trier, Noruega/França/Dinamarca/Suécia, 2017, 116 min


​Thelma é uma jovem tímida que acaba de deixar a casa dos pais para estudar em Oslo, onde vive seu primeiro amor. Mas seu relacionamento é logo afetado pela intromissão opressiva de sua família, as crenças religiosas fundamentalistas de seus pais e habilidade única que exercem em afetar a vida da garota. Mas há mais coisas perseguindo Thelma (Eili Harboe). Quando a estudante entra na universidade de biologia, os pássaros no céu parecem segui-la. As cobras também. Os pais religiosos acompanham seus passos, fazem com que ela confesse qualquer deslize. Desde a magnífica cena inicial, percebemos que ela está em perigo. A câmera não para de espiá-la, à distância, em planos aéreos, remetendo ao olhar de uma figura divina, meio protetora e meio punitiva. Sabemos que algo grave está prestes a acontecer com a personagem – ou talvez já tenha acontecido. Aos poucos, descobrimos uma jovem cristã corroída pela culpa. Por um lado, a moral estimula que ela reprima todos os seus desejos, o que inclui a proibição de álcool, drogas e sexo.


Na Sala Norberto Lubisco, às 15h

Exposições

TERRAMAREAR, de Maristela Salvatori
Visitação de 20 de dezembro de 2017 a 11 de março de 2018
Terça a domingo, das 10h às 19h

O Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli convida para a exposição “TERRAMAREAR”, de Maristela Salvatori com curadoria da historiadora e crítica de arte Paula Ramos. A abertura é 19 de dezembro (terça) na Pinacoteca do MARGS. A mostra apresenta uma antologia da artista, reunindo obras produzidas ao longo dos últimos 30 anos de carreira. Entre os trabalhos mais recentes de Maristela Salvatori (Porto Alegre, RS, 1960), estão curiosas montagens fotográficas em impressão digital. Para os que acompanham a poética da artista, essas obras podem gerar surpresa. Afinal, Maristela é reconhecida por sua pesquisa calcada nos processos da gravura, sobretudo da gravura em metal, e o que temos são fotografias justapostas, formando uma estrutura de grade. Despretensiosos, esses trabalhos, desenvolvidos ao longo de 2012, apresentam temas e elementos que pautam a poética de Maristela, a saber: perspectivas acentuadas, fragmentos arquitetônicos, postes, luminárias e paredões evidenciando os cruzamentos de linhas e planos no espaço; eles também destacam as etapas de edição e de montagem, caras à artista, e são resultado de um processo de impressão, embora digital. Por fim, eles nos convidam a imaginar o que poderia estar no módulo em branco, invariavelmente centro das composições. A observação da obra da artista nos sugere que o branco das possibilidades, em sua posição nuclear, poderia estar reservado a uma imagem gravada; afinal, em trabalhos ligeiramente anteriores, Maristela fez o procedimento contrário: os módulos eram em monotipia e, em determinado ponto, inseriu uma imagem fotográfica, direcionando para a matriz de seu processo. Fotografia e gravura andam juntas na mostra Terramarear, antologia que apresenta cerca de 120 trabalhos desenvolvidos ao longo dos últimos 30 anos. Das gravuras em metal dos anos 1980, pautadas em fotografias de familiares e amigos em momentos de lazer no litoral; passando pela série Viagem de rio (1993), decorrente de um percurso de 10 dias, em uma chata, ao longo do Rio São Francisco; chegando às cenas de hangares, cais, construções monumentais, silenciosas e abandonadas em cidades visitadas pela artista. Num diálogo com a paisagem, natural ou construída, figuras humanas foram retiradas, ruídos urbanos, excluídos, permanecendo a arquitetura, com seus planos, linhas, levezas e pesos no espaço. Nesse processo, talvez tão importante quanto a viagem física, que possibilitou o registro fotográfico e, por extensão, a produção dessas obras, está a viagem interna, que abriu a Maristela novas possibilidades de pensar a representação do espaço, o lugar do observador – e, por consequência, dela mesma – e a própria técnica da gravura, com suas múltiplas possibilidades.

Foto: Margs

Exposição Jorge Aguiar 4.2 ̶ Uma vida na fotografia documental
De 8 de dezembro a 28 de janeiro de 2018, de terças a domingos, das 10h às 19h
Nas Salas Negras do MARGS

A exposição reúne imagens que correspondem a 10 documentários produzidos nos últimos 20 anos, totalizando 20 painéis que retratam o cotidiano de pessoas em situação de vulnerabilidade social. O fotógrafo explica que concebe seu trabalho ouvindo histórias de vida e observando com olhar atento o dia a dia nas periferias das cidades. Cada tema leva em média dois anos até ser finalizado. O trabalho vai amadurecendo conforme ele visita os locais, a cada 15 dias, conversando com as pessoas, absorvendo suas realidades e entrelaçando suas histórias. Somente após o longo período de reconhecimento e pesquisa é que começam os registros fotográficos. Um dos trabalhos que compõem a mostra intitulado “Manas Lisas da Periferia” é baseado na observação de mulheres das comunidades que estão assumindo sua negritude com orgulho. Assim, em contraponto ao quadro mais famoso do mundo, A Monalisa, o fotógrafo capta retratos de mulheres pobres, enquadradas por uma que ele coloca na frente delas.

Foto: Jorge Aguiar

Exposição PulsationsPulsações – Do arquivo vivo de Sérvulo Esmeraldo
De 28 de novembro de 2017 a 31 de março de 2018
De segunda a sexta, das 10h30 às 22h e sábados, das 10h30 às 20h
Na Galeria do Instituto Ling, na Rua João Caetano, 440

PulsationsPulsações – Do arquivo vivo de Sérvulo Esmeraldo, primeira exposição póstuma do artista cearense,falecido em fevereiro deste ano, pouco antes de completar 88 anos. A exposição mostra uma das trajetórias mais originais da arte brasileira: conhecido por seu rigor geométrico-construtivo, Esmeraldo incursionou pela escultura, a gravura, a ilustração e a pintura, tendo sido um dos pioneiros da arte cinética e autor de obras de geometria e luminosidade singulares. A mostra, com curadoria de Ricardo Resende, traz 84 peças – entre gravuras, matrizes, desenhos, estudos, relevos, maquetes, instalações, documentos e fotografias – que fazem parte do arquivo do IAC – Instituto de Arte Contemporânea (São Paulo/SP). PulsationsPulsações joga luz sobre o rico processo criativo do artista em seus primeiros anos na França, uma fase de aprendizado, de iniciação nas técnicas da gravura em metal e litografia. Contempla os desenhos e as gravuras em metal que compõem esse período europeu, sob a influência do abstracionismo lírico que vigorava na capital francesa naquele momento, que seria uma resposta à Action Painting nova-iorquina. É acompanhada, ainda, de uma seleção de esculturas e de duas pinturas posteriores a essa fase, quando explorou a topologia das coisas e formas.

Sérvulo Esmeraldo | Foto: Leonard De Selva

Música

Blues from Windows com João Maldonado Quarteto no Cisne Branco
Data: 19 de janeiro (sexta), das 18h às 20h.
Local: Cisne Branco (Avenida Mauá, 1050 – Armazém B3)

Acompanhado de integrantes da Brothers Orquestra, no repertório de Maldonado terá Come Together (Beatles), Voodoo Child (Hendrix), Cantalope Island (Herbie Hancock), Nunca Mais Voltar (TNT) e Vem Pra Cá (Papas da Língua). O quarteto formado por João Maldonado (piano) e Cesar Audi (bateria), Everson Vargas (baixo acústico) e Gunter Kramm Jr. (sax tenor), da Brothers Orquestra, terá um repertório com composições próprias e também ousado, com releituras de clássicos que marcaram a história do rock gaúcho – TNT, Cidadão Quem e Papas da Língua – e internacional, como Beatles, Jimmi Hendrix, e, claro, clássicos do jazz. Ex-TNT, Maldonado é um dos instrumentistas mais respeitados na cena jazzística de Porto Alegre. Tem mais de 40 obras gravadas, também com diversos músicos como Charles Master, Solon Fishbone, Fernando Noronha, Garotos da Rua e Acústicos e Valvulados. Em 1998 foi considerado o melhor músico de blues do Chile. Tocou com vários artistas e bandas, como o pianista de BB King, Ron Levy, e os guitarristas norte-americanos de Blues Kenny Neal e Larry McCray.

SERVIÇO
Blues from Windows com João Maldonado Quarteto no Cisne Branco
Data: 19 de janeiro | Sexta-feira.
Hora: 18h às 20h.
Local: Cisne Branco (Avenida Mauá, 1050 – Armazém B3).
Ingresso: R$ 40 no local.

Foto: Roberta Amaral

Teatro e Dança

19º Porto Verão Alegre

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