Intervenção urbana traz atores nus em crítica ao abandono do Lago dos Açorianos

21 artistas participaram da intervenção urbana que criticou descaso com o Lago | Foto: Jorge Eduardo Diehl
21 artistas participaram da intervenção urbana que criticou descaso com o Lago | Foto: Jorge Eduardo Diehl

Débora Fogliatto

Revelar a natureza morte da cidade a partir de uma performance intensa que traz a nudez como forma de protesto foi o mote da intervenção urbana Despindo a Cidade de Preconceitos. Realizada no fim da tarde desta sexta-feira (19), no Largo dos Açorianos, a ação foi feita por 21 bailarinos e atores e acompanhada por um público atento, participativo e acolhedor.

Esta foi a segunda edição da intervenção, que foi apresentada pela primeira vez no Fórum Social Mundial de 2016, idealizada pelo diretor teatral de Porto Alegre, Marcelo Restori. A ideia inicial foi promover um um jogo de tirar e colocar a roupa, “a partir da desconstrução estética dos desfiles de moda para revelar um ritual atávico de fertilização da cidade – um ousado exercício de ruptura com os limites e o moralismo como forma de apropriação do próprio corpo”, como definem os artistas.

Performance critica abandono do Lago e morte dos peixes | Foto: Emilio Speck/ Divulgação
Performance critica abandono do Lago e morte dos peixes | Foto: Emilio Speck/ Divulgação

A partir de um forte movimento por parte do público para que houvesse uma continuação, mais artistas foram recrutados e os performers realizaram 11 dias corridos de ensaio. A segunda edição focou no abandono da Ponte de Pedra e o Lago dos Açorianos. “A ideia da segunda edição foi para inserir mais um tema de extrema importância: a natureza morta da cidade, o falecido lago, sob o Largo dos Açorianos”, explicou a artista Analu Bastos. A partir daí, também, “desnudar nossas dores e prazeres, em cardume velamos os irmãos mortos pelo poder público, que esvaziou o lago sem remover os peixes do espaço”, apontou.

Para ela, a experiência foi intensa e, ao mesmo tempo, teve uma leveza de expressão. “Digo intensa porque eu participei, leve por me despir e colocar pra fora todas as amarras. Alma lavada, sabe?!”, definiu Analu. Conforme descreve o grupo, “toda a nudez é exaltada num exercício imprevisível de ruptura e liberdade, como forma de apropriação do próprio corpo e da cidade para revelar os preconceitos e as amarras que impedem o prazer e o desenvolvimento da diversidade humana”. Neste sentido, os corpos procuraram “transformar a Natureza Morta do Lago da Ponte de Pedra num espaço vivo no imaginário da sociedade”.

Com o sucesso de público, já há pessoas solicitando uma nova edição através das redes sociais. Embora afirme que o elenco também está entusiasmado, Analu acrescenta que ainda não há nada concreto, mas os artistas irão se reunir para tratar do assunto.

Intervenção aconteceu no Largo dos Açorianos | Foto: Emilio Speck/ Divulgação
Intervenção aconteceu no Largo dos Açorianos | Foto: Emilio Speck/ Divulgação

Ficha técnica

Concepção e Direção: Marcelo Restori
Trilha Pesquisada: Fredericco Restori
Produção: Fábio Cunha
Maquiagem: Sil Gollmann
Participação dos grafiteiros: Jackson brum, Renam Canzi e Luluca
Elenco:
Aline Karpinski Dias
Amanda Gatti
Analu Bastos
Ana Maria Vasconcelos
Andrew Tassinari
Catharina Conte
Cris Bocchi
Fábio Cunha
Fredericco Restori
Gabriela Maia
João Lima
Jony Pereira
Juliana Rutkowski
karine Paz
Kevin Brezolin
Liana Alice
Maílson Fantinel
Manuela Albrecht
Marcio Bueno Dias
Núbia Quintana
Tiana Moon