De 21 a 23 de março, às 19h30, na Sala Qorpo Santo (Av. Paulo Gama, 110 — Campus Central/UFRGS, ao lado da Sala Redenção) acontecem os ensaios abertos do espetáculo teatral obs.cenas — uma aventura teatral no universo da obscenidade. Os atores Arlete Cunha e Marco Fronchetti se reuniram há seis meses, unidos pelo interesse na obra de Hilda Hilst, e se aprofundaram no tema da obscenidade, presente não só na “tetralogia obscena” mas em toda a obra da escritora paulista. Para finalizar o roteiro, fizeram, em fevereiro deste ano, uma residência artística na Casa do Sol em Campinas, local que a escritora construiu e no qual se refugiou de 1963 a 2004, ano de sua morte.
Trabalhando pela primeira vez juntos em cena, os atores utilizam textos que evidenciam a preocupação de Hilda Hilst com a comoção humana, com a percepção de que os limites do homem se esboroam diante da velhice, do esquecimento e da solidão, fazendo sempre uma reflexão sobre o ato de escrever como possibilidade de jogar com os limites da linguagem.
Sobre Hilda Hilst
“Eu não vou escrever mais nada, a não ser grandes e, espero, adoráveis bandalheiras.” HH
Aos sessenta anos de idade, com mais de vinte livros publicados de poesia, ficção e teatro, considerada pelo crítico Leo Gilson Ribeiro “o maior escritor vivo em língua portuguesa”, Hilda Hilst decide publicar suas estórias pornográficas, como forma de ampliar seu público, pois consideravam sua obra hermética, e de alcançar reconhecimento para o seu trabalho. Mas ela não apenas transgride o texto erótico, na sua recusa em reproduzir qualquer convenção corrente, como perverte as leis literárias da pornografia, criando uma prosa em que todos os gêneros se degeneram, num contato inesperado entre opostos, associando o exercício do conhecimento à atividade sexual.
Entre 1990 e 1992, Hilda Hilst publica os três livros em prosa e o livro de poemas que compõem a sua “tetralogia obscena”: O Caderno Rosa de Lori Lamby (1990), Contos d’Escárnio / Textos Grotescos (1990), Cartas de um Sedutor (1991) e Bufólicas (1992). Mas o tema do erótico e da obscenidade é bem anterior na sua produção, pensado sempre como o orgânico, as pulsões do desejo, o corpo, a carne, as dores e os prazeres.
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