Espetáculo pernambucano ‘A Mulher Monstro’ é uma das atrações da 2ª edição do Cena LGBT
A Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ) promove, nos dias 27, 28 e 29 de março a segunda edição do projeto Cena LGBT – Cenas Diversas, com três espetáculos sobre a estética gay. As apresentações vão ocorrer às 20h, no Teatro Carlos Carvalho (2º andar da CCMQ). A entrada é gratuita, com distribuição de senhas na bilheteria, uma hora antes das apresentações.
Na terça-feira (27), o teatro será tomado pela comédia Meu Notável Corpo Docente, em que o pesquisador das artes cênicas e educação Pedro Delgado interpreta cinco professores para falar de inclusão e exclusão, bullying, conflitos no território escolar, sexualidade e gênero.
Na quarta (28) é a vez de abrir as portas para a S.E.M. Cia. de Teatro (Sentimento, Estéticas e Movimento), de Recife (PE). A dramaturgia criada pelo ator José Neto Barbosa, que também protagoniza a produção, foi escrita diante das barbáries sempre lidas e ouvidas de forma tão escancarada no dia a dia e, agora, acentuada nas redes sociais.
O espetáculo é baseado no conto Creme de Alface, de Caio Fernando Abreu, escrito em plena ditadura militar, mas só publicado em 1995. “Se de 75 para 95, Caio percebeu que a sociedade estava mais intolerante, hoje, 40 anos após a criação desse conto inspirador, vemos que, nesse tempo de redemocratização brasileira, pouco avançamos com relação à intolerância e ao preconceito. É um dos maiores desafios da minha carreira. Resolvi fazer da minha arte, uma militância”, diz José Neto.
Para fechar segunda edição do Cenas Diversas, na quinta-feira (29), acontece o espetáculo Gordura Trans, com o ator Heinz Limaverde, um dos mais conhecidos nomes do teatro gaúcho.
Idealizado pelo diretor da CCMQ, Jessé Oliveira, o Cenas Diversas vem para celebrar, abrir espaço e promover o diálogo sobre a diversidade estética por meio da arte.
Saiba mais sobre os espetáculos:
27 de março: terça-feira, às 20h
Espetáculo Meu Notável Corpo Docente
Dr. Georges é um velho professor cujos conceitos de educação estão aprisionados a modelos tradicionais arbitrários, em que ele é o detentor do conhecimento. Já a professora Diva Gina é uma profissional da educação religiosa que não possui formação acadêmica e, por isso, comete equívocos que podem causar danos irreparáveis em seus alunos. Ela diz que seu papel de professora é apresentar Deus e o Diabo para seus alunos e fazer com que eles escolham por aquele ao invés deste.
Também tem a professora Charlotte Iceberg, que aceita todos os tipos de inclusão em sua turma e se especializa conforme cada necessidade: visual, auditiva e física e síndrome de Down. Quando se deu por conta, já estava com rugas e o tempo havia passado para procurar um casamento. Outra professora é a jovem Delicia Fufuca, recém saída da faculdade que pensa que vai mudar o mundo com seus conceitos utópicos revolucionários de pós-adolescência. Ela é professora de ensino fundamental séries iniciais, que odeia a turma 51 de quinto ano. Por causa dessa turma, foi chamada na diretoria, apanhou de duas mães e todos os dias sofre agressões físicas e morais por parte do aluno Disney, de 16 anos.
Por último, é apresentada Berna Herculine, uma professora transexual que faz sua transformação diante do público.
28 de março: quarta-feira, às 20h
Espetáculo A Mulher Monstro
Uma mulher perseguida pela sua própria visão intolerante da sociedade, com características infelizmente não singulares a milhares de brasileiros. Racista, machista, sexista, gordofóbica, homofóbica, reacionária e fundamentalista religiosa são alguns dos adjetivos que descrevem a burguesa decadente. Apesar de seu pensamento político equivocado, A Mulher Monstro, ainda sim, é uma humana com suas inquietudes e peculiaridades, como qualquer pessoa.
A protagonista apresenta dificuldades nas relações, sem saber lidar com a solidão. Vive uma traição e rejeição do esposo diagnosticado com câncer. Além de não superar a morte do único filho, vítima de seu preconceito. Ela insiste em não aceitar emergências sociais, as questões políticas ou até mesmo pessoais: como por exemplo, seu corpo, um governo progressista e de esquerda ou sua atual condição financeira.
A peça levanta os questionamentos em torno do que incita as nossas posições julgadoras muitas vezes sem conceito, e expõe as monstruosidades ditas e praticadas no cotidiano contraditório do atual momento sociopolítico do país – onde o ódio se mostra sem vergonha, principalmente nas opiniões das redes sociais, das ruas e nas lamentáveis posturas de figuras públicas.
29 de março: quinta-feira, às 20h
Espetáculo: Gordura Trans
Acompanhado por artistas convidados, Heinz Limaverde assume o papel de mestre de cerimônias, conduzindo o público por números de teatro de revista, música, poesia, dublagens, cultura gay, anarquia e muita comédia. Citando grandes pensadores ou até gurus de nomes imaginários, cantando pérolas do cancioneiro brega popular brasileiro, dublando clássicos da música, interagindo com o público, ele transforma esse momento de encontro entre artista e plateia em um grande festejo Dionisíaco.