Espetáculo “Meu Irmão, O Medo” estreia no Teatro Carlos Carvalho da Casa de Cultura Mario Quintana nesta sexta (31)
Em agosto de 1961, Porto Alegre (RS) se tornou protagonista na luta para fazer valer o voto de brasileiros e brasileiras, vivendo a iminência de uma guerra civil. Esse momento histórico ficou conhecido como Campanha da Legalidade, liderada pelo então governador do Rio Grande do Sul, Leonel de Moura Brizola. É no decorrer desse ano que se passa o espetáculo “Meu Irmão, O Medo”, realização do Grupo Atrito, que estreia em 31 de agosto, mês de aniversário da Legalidade, no Teatro Carlos Carvalho da Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ). Os ingressos custam R$ 30 (inteira) e R$ 15 (estudantes, classe artística e idosos).
A peça transita pela vida de diferentes personagens, com posições sociais e políticas variadas. Como um sindicalista viveu esse momento? Qual era a visão de uma enfermeira, de uma militante feminista, de um homem do campo? O que pensava então um estudante, um funcionário público ou uma dona de casa?
Apesar das visões de mundo distintas, suas histórias acabam se cruzando em um ponto: a defesa da legalidade e da democracia. As trajetórias diversas são permeadas por violências cotidianas, amores não correspondidos, lutas sociais e o medo do futuro. Tudo isso com o agravamento de um momento político conturbado – que não está tão distante do que vivemos hoje, paralelo que também é traçado na peça.
O espetáculo “Meu Irmão, O Medo” é continuidade de um trabalho iniciado em 2017 para o 1º Festival de Esquetes do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul. Na ocasião, o grupo montou uma esquete homônima baseada no artigo também homônimo de Blau Souza, conquistando o primeiro lugar na competição.
Ainda em 2017, a esquete foi convidada a se apresentar no Festival ArteMix, em Arroio do Meio; na abertura da IV Jornada Acadêmica da Escola de Negócios da FADERGS, em Porto Alegre; e, em 2018, no 1º Sesc Festival de Esquetes Teatrais de Gravataí e na Feira Brasileira de Opinião, na capital gaúcha.
A Campanha da Legalidade
A Campanha da Legalidade durou 14 dias: começou com a renúncia do então presidente, Jânio Quadros, em 25 de agosto de 1961, e se estendeu até a posse do seu vice, João Goulart (o Jango), em 7 de setembro. Após a renúncia de Jânio, ministros militares e setores conservadores da sociedade civil tentaram impedir a posse de Jango, que se encontrava fora do país.
O então governador do Rio Grande do Sul, Leonel de Moura Brizola, liderou a Campanha da Legalidade, que visava garantir a manutenção da ordem jurídica e assegurar que Jango assumisse. Porto Alegre se tornou foco da resistência e esteve à beira de uma guerra civil, com o Palácio Piratini sendo transformado em uma trincheira contra o golpe. Com a mobilização popular, sem derramar uma gota de sangue, a Campanha da Legalidade garantiu a posse de Jango, ainda que em um sistema Parlamentarista.
O Grupo ATrito
O Grupo ATritO é formado por atrizes e atores que improvisam e criam inspirados pelas relações sociais e a condição humana. Criado em 2017, o grupo esteve em cartaz no ano passado com o espetáculo “Dog Day”, além de apresentar a esquete “Meu Irmão, O Medo” em festivais na capital e no interior do Rio Grande do Sul.