O espetáculo é livremente inspirado no texto “Bartleby, o Escrivão”, de Hermann Melville. A literatura do autor de Moby Dick, que se interliga com a poética própria do Grupo Neelic, conduz o espectador ao instigante universo deste homem que aparentemente desistiu de tudo, seguindo a única lógica que ainda faz sentido em sua vida: a da recusa. Bartleby não aceita trabalhar desestruturando, assim, todo o sistema viciado em que está inserido.
Na encenação do Grupo Neelic, a Nova York de Melville é uma localidade urbana brasileira, muito próxima a nós: a capital em que vivemos, Porto Alegre. Além disso, o personagem deixa de chamar-se Bartelby, passando a ser Amarildo, em uma singela homenagem do Neelic ao pedreiro carioca que vítima do sistema em que se encontrava, acabou por ser considerado morto após desaparecimento provocado pela polícia do Rio de Janeiro. O Amarildo de “Capital” traz à cena a provocação da desestrutura de um sistema pela ausência: no caso real, a ausência física, e na montagem, a ausência da palavra falada.
A proposta de montagem e encenação do espetáculo neste período em que o Grupo comemora a passagem de seus 12 para 13 anos de existência, chega para consagrar o trabalho desenvolvido de forma continuada pela companhia. O Neelic tem como base artística o tripé dos conceitos de ética, estética e política, aprofundando o seu trabalho autoral com a criação de roteiros teatrais, discutindo a situação atual da encenação de teatro e o lugar da performance. Após estas duas apresentações, o espetáculo ficará em cartaz na temporada de 20 de setembro a 1º de outubro, também na Usina do Gasômetro.
Serviço:
Espetáculo: “Capital”
Local: Usina do Gasômetro – mezanino
Data: 08 e 09 de setembro (quinta e sexta-feira)
Horário: 20h
Valor do ingresso: R$ 10,00. Artistas, estudantes, professores da rede pública e pessoas a partir de 60 anos, têm 50% de desconto.
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