Espetáculo ‘Ilha’ apresenta sua última performance neste domingo

| Foto: Adriana Marchiori

Ilha é o primeiro espetáculo do projeto Ecopoética: Arte e Sustentabilidade em Intervenções Urbanas. Financiada pelo Fumproarte, a montagem vai criar uma ilha de lixo que irá flutuar pelas águas poluídas de Porto Alegre. O diretor Rossendo Rodrigues comemora o resultado de quatro anos de investigação cênica em intervenções realizadas ao ar livre na Capital gaúcha.

O projeto vem construindo uma trajetória. Fizemos outras performances, mas esse é o primeiro espetáculo. Tudo que já fizemos é pesquisa para composição de espetáculos teatrais e performáticos no ambiente urbano – explica o encenador.

A pesquisa para composição de Ilha começou no ano passado e os ensaios se estenderam pelos últimos três meses. Em cena, quatro atrizes terão como palco um amontoado de lixo flutuante erguido sobre uma estrutura de vinte metros quadrados composta por ferro, madeira e tonéis plásticos reutilizados. Só para a composição dos figurinos foram utilizadas mais de três mil sacolas plásticas.

A estreia ocorreu no último domingo, 19 de março, na Ilha da Pintada. A última apresentação será realizada no arroio Dilúvio na confluência com o Guaíba. Por questões de segurança, essa ilha cênica ficará atada e ancorada. A produção terá o suporte de um barco, que acompanhará as apresentações. O espetáculo recebeu autorização da Marinha para ser encenado em Porto Alegre.

SINOPSE

Um aglomerado de lixo flutua sobre as águas contaminadas por restos da cidade. Espaço habitado por mães, filhas, irmãs, amigas, guardiãs, guerreiras, artistas, pensadoras, geradoras de vida e de força – as mulheres. Um território das que purgam o sofrimento do que foi rapidamente jogado fora, aquelas que transformam o lixo em seu quinhão sagrado.
Uma singela e respeitosa homenagem à força e resiliência femininas. Quando olhamos a Ilha, ela olha de volta.

O PROJETO – Ecopoética: Arte e Sustentabilidade em Intervenções Urbanas.

Desenvolvido pelos artistas Marina Mendo e Rossendo Rodrigues, o projeto constitui uma plataforma de pesquisa e busca por poéticas de sustentabilidade no ambiente urbano, articulando conexões entre ecologia, sustentabilidade e artes cênicas. Tudo começou em 2013. A primeira etapa do projeto produziu a intervenção Ecopoética – A Possibilidade da Arte sobre as Águas de Porto Alegre, que recebeu o Prêmio de Pesquisa Décio Freitas, Fumproarte – Porto Alegre). Na primeira intervenção, o casal de artistas ficou pendurado em uma rede sob uma ponte do arroio Dilúvio durante sete horas. De lá pra cá, foram apresentadas quatro performances urbanas realizadas em distintos locais de Capital, consolidando a aceitação do público.

Em 2016, o projeto venceu o Prêmio Boas Ideias de Sustentabilidade, promovido pela Virada Sustentável POA e pelo Instituto Gaia. Também no ano passado, Ecopoética foi contemplado com o financiamento do Fumproarte para a realização da sua segunda etapa – Ecopoética: ILHA, que também contemplou a realização de atividades formativas através da oficina Performance e Sustentabilidade em Intervenções Urbanas. As ações e pesquisas desenvolvidas serão registradas em documentário em curta-metragem com estreia prevista para o fim do segundo semestre.