Vinte e quatro horas de encontros e desencontros em cotidianos solitários. Este é o tema do espetáculo “DOG DAY”, que tem temporada dias 31 de agosto e 01 de setembro no Teatro de Arena. Com direção de Fernanda Moreno, a montagem aborda temas como o suicídio, gênero, identidade e diferenças sociais de personagens atrelados por um fio de solidão.
“Uma peça que celebra a diversidade, defende a vontade de viver, apesar de obstáculos e desencontros. Busca a conscientização dos temas abordados.”, retrata Fernanda, também diretora do espetáculo “Anexo secreto”.
O foco é uma cidade em que 10 personagens ao longo de 24 horas se encontram estabelecendo relações reais ou até mesmo virtuais, trazendo novas perspectivas para o seu caminho, ora multidão ora deserto. Em meio á contemporaneidade, o indivíduo cada vez mais se isola em seu próprio universo, ora tecnológico ora existencial, as relações tornam-se frágeis e superficiais, nos protegemos em nossos próprios medos, trazendo uma inconstante insatisfação cotidiana, na qual nossas angustias e desmotivações tornam-se os nossos legítimos companheiros.
O espetáculo Dog Day tenta de forma poética retratar a fragmentação do ser humano em um universo multifacetado, em que a coragem de ser a si mesmo é permitida apenas para alguns. Encontramos no relacionamento a distância das personagens Amy e Joe, questões de sexualidade e a barreira de impessoalidade criada pelo apego excessivo ás redes sociais e plataformas assemelhadas. Na personagem Camélia Thompson a questão de gênero e violência é apresentada e refletida com o devido cuidado. No cego Edward Taylor, sua deficiência é abordada como uma diferença e não como uma limitação que o torna inválido. Em Sandy, o materialismo é discutido, em suas cenas de flerte com o Teatro do Absurdo. A cartomante Meggie leva sua vida de forma mecânica movida pela ganância e controle, representando uma falsa ilusão do sucesso. Cooper nos proporciona uma representação do vazio acarretado pelo ódio e intolerância . No relacionamento entre Emma e Thomas, inspirado nas obras Dom Quixote e Madame Bovary, o relacionamento amoroso e sua influência na juventude é trazido à pauta de forma bem humorada proporcionando um alivio cômico. Alma apresenta questões sociais e humaniza os sem tetos, a questão da normalização da miséria fica intrínseca em suas cenas de humor que cativam o público mais jovem.
No espetáculo não há protagonismo, todas as personagens possuem o mesmo número de cenas, e não por acaso, isto é uma das maneiras que a peça tem de dizer que não há pessoas mais ou menos importantes, somos todos igualmente importantes em nossa sociedade, ou deveríamos ser.
Em outubro de 2016, a montagem participou do festival Art In Vento, em Osório, sendo indicado em seis categorias e premiado em duas: melhor dramaturgia, para Fernanda Moreno e ator coadjuvante para Giordano Spencer. Em maio de 2017, a montagem realizou uma temporada de 06/05 a 21/05 no Teatro Carlos Carvalho da Casa de Cultura Mario Quintana em Porto Alegre.Em setembro desse mesmo ano, a montagem irá participar do Festival Internacional de Uruguaiana.
Dog Day é resultado de curso de extensão, promovido pelo Instituto de Desenvolvimento Social e Cultural da PUCRS, que desde 2015 oportuniza o fazer teatral no âmbito acadêmico, para estudantes da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Em 2016, a ministrante do curso e diretora da peça, apresentou como proposta para seus alunos, a possibilidade de criar um espetáculo autoral, na qual todos tivessem participação ativa em sua concepção, criando assim personagens e dramaturgia desse espetáculo.
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