Espetáculo ‘Calígula’ encerra as atividades em comemoração aos dez anos do grupo
A Secretaria de Estado da Cultura, Turismo, Esporte e Lazer apresenta Calígula, segundo espetáculo do projeto Bobo + Calígula, da Vai!ciadeteatro, a partir de 04 de outubro, às 20h, com entrada franca, dentro da programação do Teatro de Arena 50 anos. O espetáculo terá um ensaio aberto para a imprensa e convidados no dia 03, no mesmo local e horário. Tendo como base inspiradora os textos da peça Calígula, escrita por Albert Camus, em 1944, o espetáculo homônimo apresenta uma investigação cênica em torno das estruturas de poder que regem a sociedade ocidental desde o império romano. Aqui, a vai!ciadeteatro propõe uma polifonia sobre o desejo e a possibilidade de liberdade existencial em face dos constrangimentos que a vida civilizada nos impõe.
Em Calígula, o público é convidado a participar de um diálogo cujos protagonistas são o Calígula histórico, imperador tirano, e seu homônimo, homem comum contemporâneo, personificado, não por acaso, por uma mulher. Atual e político, com dramaturgia de Maria Luiza Sá e Madureira e direção de João Pedro Madureira, Calígula traz de volta à cena porto-alegrense a renomada atriz Sofia Salvatori, longe dos palcos da capital desde 2012, quando atuou em Estremeço, da cia Stravaganza.
O inferno são os outros? Como a subjetividade afeta a vida em sociedade? Como a cultura molda nosso desejo? O que podemos descobrir sobre a realidade social a partir de um estudo do poder e seu funcionamento nas relações da vida pública e da vida privada? Onde nasce a ordem que nos oprime? Em que momento perdemos o direito de espernear e passamos a desejar a contenção de nossa selvageria? O que é a civilização? Afinal, os outros podem ser o nosso maior paraíso? Esses e outros questionamentos permeiam o processo de criação desse novo projeto do grupo, que entra com toda a potência em 2018.
O grupo acredita que um movimento de distanciamento das questões prementes da nossa realidade imediata pode contribuir para que se tenha sobre ela um olhar menos míope. Ao mesmo tempo, tem a convicção de que o artista deve ter um papel crítico e posicionado na cena política de seu tempo. A proposta da companhia é mergulhar nas profundezas das problemáticas do desejo e da liberdade para, então, voltar à superfície, olhar o panorama sobre a água e produzir sentidos para a realidade. Sentidos que, se não serão respostas, pelo menos poderão funcionar como barcos, flutuando e nos levando além.
Esta montagem é a segunda das duas peças que a vai!ciadeteatro apresenta em 2018 em comemoração aos seus dez anos de existência. Contemplado em edital público, o projeto conta com a temporada da peça, mais a oficina “Autoria da Cena”, ministrada pela dramaturga Maria Luiza Madureira. Toda a programação é oferecida ao público com entrada gratuita.
Outro motivo de comemoração, além dos dez anos do grupo, é participar das comemorações do Arena: 50 anos de resistência. O Teatro de Arena, espaço de resistência política por excelência em Porto Alegre, foi o primeiro a abrigar uma criação da vai!ciadeteatro, em 2009, com a temporada do espetáculo “Agora eu era”. A vai!ciadeteatro nasceu no Teatro de Arena e voltar a ele reafirma uma ideia e um modo de fazer teatro.
Sinopse:
Imperador de Roma, Calígula deveria encarnar em si a própria missão civilizatória. No entanto, em vez disso, ele encarna o mal-estar diante desta civilização.
Sobre a vai!ciadeteatro:
A partir de um encontro dos artistas João Pedro Madureira e Vinícius Meneguzzi, em 2008, surgiu esta companhia, que tem uma trajetória marcante e com forte posicionamento frente às opressões sociais. As peças ‘Agora eu era’ e ‘Parasitas’, esta última do dramaturgo alemão Marius Von Mayemburg marcaram a cena teatral. Parasitas foi indicada ao Prêmio Açorianos de melhor atriz para Patrícia Soso.
Das experiências compartilhadas com o GRUPOJOGO de Experimentação Cênica, em 2011, resultou ‘Ilha da desordem’. Neste mesmo ano, houve a estreia de ‘Cara a Tapa’, terceira peça da companhia, que recebeu cinco indicações ao Prêmio Açorianos e ganhou os prêmios de atriz (Patrícia Soso), cenário (Leonardo Fanelau) e direção (Joao Pedro Madureira). ‘Synkronos’, performance realizada por Vinícius Meneguzzi, deu a largada para um novo e instigante projeto, focado em quatro eixos: materialismo, falsas doutrinas, sexo e medo. O resultado veio em ‘Sincronário – dia fora do tempo’ (Fumproarte – RS, 2013) composto por uma série de sete performances individuais, com os atores Francisco Gick, Laura Leão, Leo Maciel, Patrícia Soso, Vinícius Meneguzzi e Sofia Ferreira, ocupando diversos espaços da cidade de Porto Alegre. Como coroação do projeto, teve lugar na Casa de Cultura Mario Quintana uma performance coletiva com duração de doze horas, envolvendo mais de cinquenta artistas, uma oficina e um mini festival de performances, ‘Lapso’, realizado dentro de um apartamento, também com doze horas de duração.
Em 2015, em uma nova parceria com o GRUPOJOGO de Experimentação Cênica, a vai! realizou o projeto Laboratório de Criação #HEINERMULLER, idealizado por Vinícius Meneguzzi e Alexandre Dill, em memória aos vinte anos da morte do artista alemão. O projeto contemplava uma série de atividades, entre elas a leitura encenada de Ligações Perigosas, com direção de Luiz Paulo Vasconcellos e atuação de João Pedro Madureira e Manu Menezes, e a montagem de MEDEAMATERIAL, com direção de Alexandre Dill, atuação de Vinicius Meneguzzi e Fernanda Petit, e direção de atores de João Pedro Madureira.