O compositor e intérprete Izolino Nascimento é um dos pilares do samba no Rio Grande do Sul. Respeitado por toda a gente do gênero no sul do país, escreveu mais de 200 composições, muitas delas gravadas por diferentes intérpretes, como ‘Minha Dor’ e ‘Vim Buscar’. Com uma trajetória de muita resistência, teve que lutar por seu ganha-pão e ainda levar adiante sua carreira de músico. Mas o artista foi em frente e agora, graças a um esforço seu e de alguns amigos muito especiais, está finalmente gravando um disco, um sonho acalentado por décadas!
Um recorte de sua obra estará no espetáculo Nêgo Izolino: Griot do Samba, Poeta do Amor! 75 anos, que fará com o projeto Ébano & Marfim, de Marguerite Silva Santos, dia 24 de outubro na Sala Eva Sopher, do Multipalco. O show marca o pré-lançamento do disco que ainda não tem nome, mas que logo estará disponível para todos.
Tudo começou com uma iniciativa de Marguerite Silva Santos, soprano e jazzista, responsável pelo projeto Ébano & Marfim, que se dispôs a ajudar Izolino nessa tarefa nobre de imortalizar sua obra. No caminho, encontrou Cesio Sandoval Peixoto, um apoiador da arte que cedeu seus estúdios e deu suporte para que a obra do sambista começasse a tomar a forma de um álbum. O cavaquinista Alemão Charles – também amigo e parceiro – se prontificou a criar os arranjos e dar forma às composições do artista e assim o álbum foi ganhando corpo. O violonista Rodrigo Fontoura, o percussionista Cassiano Miranda, o contrabaixista Antônio Guaracy Guimarães e o técnico de som Camilo Nissien ‘compraram’ a ideia e com isso, outros amigos foram se sensibilizando e se uniram em prol do sonho de Izolino.
O álbum traz forte influência do sambista Roberto Ribeiro, principal fonte de inspiração do compositor. Em algumas músicas o samba se funde ao jazz e se utiliza de uma camerata de metais e um coral, sob a regência do Maestro João Fernando Azambuja de Araújo. Em outras haverá participações especialíssimas, como em ‘Cheiro de Rosas’, com a participação do baterista Kiko Freitas e um dueto de Izolino e Marguerite Silva Santos; ‘Desamor’, samba composto em 1986, cantado em dueto pelo compositor e pela cantora Maria Helena Montier; ‘Brinquedo Secreto’ que reúne Izolino, Marietti Fialho, Maria do Carmo Carneiro e Yara Lemos; e ‘Desilusão’, com o Intérprete carnavalesco Sandro Ferraz em dueto com o sambista. E as participações não param por aí: muitos músicos reconhecidos no cenário do sul estão neste álbum histórico, que em breve estará nas ruas.
Mestre Izolino ou Nêgo Izolino, como carinhosamente é chamado, é compositor e intérprete de samba. Nasceu em Porto Alegre em 1943 e atualmente vive em São Leopoldo. Integrou o grupo O Sambão e foi diretor artístico do conjunto Samba Autêntico. ‘Minha Dor’ é o carro-chefe de suas canções, composta em 1982 em sua mesa de trabalho e aclamada por grandes nomes da música, já falecidos, como João Aruanda, Altair e Moura do Folhetim, que foi o primeiro a cantar esse samba.
No carnaval de Porto Alegre, sua carreira começou com a composição de um samba de quadra para a Escola de Samba Acadêmicos da Orgia a convite do Mestre Irajá. Transitou pelas principais Escolas de Samba de Porto Alegre e arredores: Escola de Samba Praiana (1987/9); Império da Zona Norte (1988); Imperatriz Dona Leopoldina (1999) e Império do Sol (2003). Seus zelosos amigos Prof. Luiz Palmeira (violão 7 cordas) e Alemão Charles (Cavaco) são responsáveis pelo “Acervo Musical” do compositor.
O artista que cantou como ninguém o amor teve uma infância difícil. Filho de Vergolina da Silva Nascimento e Luiz Antônio do Nascimento, ainda com tenra idade foi abandonado pela sua mãe e acolhido pelo Asilo Padre Cacique, que outrora se ocupava com a função de cuidar e educar meninos abandonados. Declarou também que não conheceu seu pai e muito pouco tempo conviveu com sua mãe, que tanto adorava. Aos 11 anos foi transferido para o Colégio Agrícola São Miguel, em São Leopoldo, onde os primeiros dons musicais afloraram, quando defendeu em um festival escolar a modinha “Buraco do Tatu”, de sua autoria. Com ela tirou o 1º lugar e como prêmio recebeu meia dúzia de raspadinhas. Em 1977 entrou definitivamente para a cena musical pelas mãos de seu grande amigo Roxo, carnavalesco já falecido.
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