Pianista Catarina Domenici apresenta ‘Lado B’ na Biblioteca Pública

Na indústria fonográfica, o Lado B é tradicionalmente considerado o lado oculto e menos convencional de um LP, o espaço em que os artistas se mostram de maneira mais ousada e desprendida. Essa é a ideia para o espetáculo que a pianista e compositora Catarina Domenici e o violonista e compositor James Correa apresentam no Chapéu Acústico, dia 9 de maio (terça), às 19h, na Biblioteca Pública do Estado (BPE). Músicos com carreiras consagradas, respectivamente como intérprete e compositor de música erudita, eles apresentam um repertório autoral, marcado pelas diversas vivências musicais que extrapolam seus respectivos ‘lados A’. A entrada se dá mediante contribuição espontânea.
No repertório, sete composições que integram projeto para um conjunto de peças homenageando as mulheres que deixaram uma marca na vida de Catarina. São elas: “Para Silvana”, “Para Márcia”, “Para Nina y Niña”, “Para Lili”, e as inéditas “Para Beatriz”, “Para Sarah e Meredith”, e “Para Nica”, criando um contraponto à tradição de compositores consagrados da música de concerto que dedicaram peças para mulheres, como “Für Elise” de Beethoven, “Für Alina” e “Für Anna Maria” de Arvo Pärt. A instrumentista será acompanhada por James Correa, com quem divide a autoria de “Lux Eterna”, uma homenagem aos compositores Ulisses Ferretti e Alexandre Birnfield. James também apresentará suas composições “Quarta-feira de Cinzas”, “Prelúdio Estático” e “Prelúdio II”.
Pouca gente sabe, mas Catarina é uma pianista que se criou em uma escola de samba, a ZôLivre de São Miguel Arcanjo (SP). Conheceu a percussão e o samba bem antes de conhecer e apaixonar-se pelo piano e por seu repertório, já na adolescência. Aos 14 anos concorreu pela primeira vez com uma composição de sua autoria no Festival de Música Popular em Itapetininga. Um ano depois foi premiada, no mesmo festival, e gravou sua primeira música em um LP, com as músicas que se destacaram no evento. Foi aluna do curso de jazz e MPB do Conservatório de Tatui e de Homero Lotito, Mariô Rebouças e Hilton Valente (Gogô). Em anos recentes vem mostrando seu lado B como compositora, destacando-se apresentação no Projeto Café Fon Fon Palco Musical e a interpretação de “Para Márcia” pelo Julio Herrlein Quartet, no 3º POA Jazz Festival.
Catarina Leite Domenici
Exerce ativa carreira como recitalista, camerista, docente e pesquisadora. Após o curso de graduação em música na UNESP quando atuou como pianista do Grupo PIAP, recebeu bolsa (CNPq) para realizar Mestrado e Doutorado em Piano Performance na Eastman School of Music na classe da renomada pianista Rebecca Penneys. Lá recebeu também o Performer’s Certificate o Prêmio Lizie Teege Mason de melhor pianista. Além de reconhecida solista detentora de prêmios expressivos ao longo de sua carreira, gravou o CD Porto 60, premiado com dois Troféus Açorianos, angariando os mais altos elogios da crítica especializada. Também como camerista vem colhendo prêmios tais como o de melhor camerista no VII Prêmio Eldorado de Música, Troféu Açorianos e a da APCA de São Paulo. É Professora de Piano da Universidade Federal do Rio Grande do Sul desde 1993 e foi coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Música (2013-2015). Sua larga experiência como docente tem rendido frequentes convites para cursos de curta duração, masterclasses, palestras e recitais comentados no Brasil, EUA e Europa. Desenvolve pesquisa pioneira sobre interações compositor-performer na música contemporânea, a qual vem sendo apresentada em congressos na Europa, Ásia e América do Sul. Possui diversos trabalhos publicados e apresentados em congressos nacionais e internacionais. Catarina é membro fundador e a primeira Presidente da Associação Brasileira de Performance Musical (ABRAPEM).
O Chapéu Acústico tem produção de Marcos Monteiro e é realizado sempre às terças-feiras, com apresentações de músicos dispostos a movimentar a cena local, sem depender de verba pública ou privada. Não há cobrança de ingressos, e o chapéu é usado como forma de arrecadação voluntária, como acontece nas performances de rua.