Não é de hoje que o punk/hardcore brasileiro e o finlandês estão conectados. Desde que passou a reverberar por aqui, na primeira metade dos anos 1980, o estilo cru e urgente motivou forte afinidade entre bandas nacionais e da nação no norte europeu. Artistas seminais do gênero em território nacional — como Ratos de Porão, Olho Seco, Armagedom e Lobotomia — sempre fizeram questão de exaltar a identificação com seus pares da Finlândia. A capa do clássico Crucificados pelo Sistema, disco de estreia do RDP, ilustra essa relação: o jovem de moicano que protagoniza a imagem carrega em seu braço esquerdo um patch com o símbolo dos finlandeses Terveet Kädet. Algo que, conforme João Gordo, vocalista do Ratos, gerou até uma confusão histórica. Isso porque a maneira como TK está grafada lembra as letras HC, fazendo com que muitos pensem que a insígnia é a abreviação de hardcore.
E é justamente o conjunto lendário nórdico formado em 1980, e que tem sua alcunha diretamente relacionada com o cenário punk do Brasil, a atração principal do Morrostock de Peso 2020. O evento ocorre nos dias 28 e 29 de março, em espaço descentralizado e democrático, fora do eixo da Capital: o Balneário Ouro Verde, em Três Barras — localidade de Santa Maria, região centro do Rio Grande do Sul.
Além do quarteto hoje composto por Läjä (voz e único integrante da formação original), Lene (baixo), Ilari (guitarra) e Samppa (bateria), o festival reúne também nomes representativos da música extrema independente gaúcha. São eles: No Rest (Porto Alegre), TSF (Santa Maria), Losna (Porto Alegre), Brisocks (Santa Maria), Escöria (Rio Grande), Discrença (Esteio), Harmony Falt (Lajeado), Estado Terminal (Porto Alegre), Sem Bandeira (Carlos Barbosa), Mithrubick (Passo Fundo), Tarja Preta (Santa Maria), KDP (Porto Alegre) e Exclusão Social (Caxias do Sul).
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