Alpargatos lança “O Chão É Lava” com show nesta sexta (14)
O mais recente trabalho em estúdio da banda Alpargatos vem completando uma trilogia: o EP “O Chão É Lava” parte de uma perspectiva mais sombria e distópica em comparação aos discos anteriores (“Rodovia do Parque”, de 2015, e “Essa Cidade Cheia de Heróis”, de 2017). A estreia ao vivo do disco acontece no dia 14 de setembro, em Porto Alegre, no novo OCulto (Rua Moura Azevedo, 46). Além das participações especiais de Saskia e Mun-Rá na apresentação da Alpargatos, a noite também contará com um show da Irmão Victor, banda de Passo Fundo que toca o seu aclamado álbum “Cronópio?” pela primeira vez em Porto Alegre. O grupo, encabeçado por Marco Benvegnù, ainda promete revisitar faixas do seu primeiro trabalho “Passos Simples para Transformar Gelatina em um Monstro” (2016). Os ingressos custam R$ 30 na hora, mas também é possível adquirir o lote promocional pelo Sympla por R$ 20. A casa abre às 19h e os shows estão marcados para as 22h.
► SOBRE “O CHÃO É LAVA”
“O Chão É Lava” é um lançamento do selo Escápula Records, tem masterização analógica realizada por Marcos Abreu e mixagem assinada por Lauro Maia, que ganhou o Grammy Latino por “Derivacivilização”, de Ian Ramil. A produção é do guitarrista da banda, Leonardo Braga. No primeiro trabalho (“Rodovia do Parque”, lançado em 2015), a Alpargatos refletia sobre uma possível vida urbana através da transformação do mundo ao redor. No segundo (o EP visual “Essa cidade cheia de heróis”), enxergava na cultura o único meio possível de resistência diante os inúmeros retrocessos vividos no Rio Grande do Sul e no país inteiro. Agora, com seis anos de estrada e mais maturidade, as letras carregam um tom muito mais futurista, caótico e até às vezes pessimista. “O Chão É Lava” fala sobre a vida quando não é mais possível resistir, onde o indivíduo precisa se encontrar no futuro que tentou evitar a todo custo. Futuro esse que não é o caos, a tecnologia e a assepsia da ficção científica, mas sim o futuro próximo, iminente, que nos bate à porta nesse exato momento.
O vocalista e compositor Afonso Antunes explica que as três canções têm em comum um processo bem íntimo de composição: “Parecem ter sido criadas antes do próprio sentido, vieram antes do estômago do que do pensamento. Só depois de escritas que comecei a refletir sobre as imagens, e aí pude aparar uns versos aqui e acolá. Mas gosto de pensar que vieram de um lugar subconsciente, exatamente com essa força da natureza de um vulcão ou um terremoto: algo adormecido, das profundezas, que emerge exatamente quando a gente menos espera. Como uma força que se liberta”.
Ao longo de três faixas, o quarteto gaúcho explora mais a fundo sonoridades experimentais e eletrônicas, começando pela explosiva “Placa Tectônica”, composta em parceria com o poeta Guilherme Becker. A abertura do EP fala tanto sobre um relacionamento entre duas pessoas quanto sobre a dualidade entre ser e natureza, ação e reação, causa e consequência, razão e emoção – contando ainda com a participação da cantora Saskia nos vocais, numa performance visceral e intensa.
Já “Bonecas Russas” chega mais bruta e intimista, com uma percussão marcante e backing vocals que parecem ecoar dentro da cabeça, onde descolamento da realidade é ao mesmo tempo sintoma do futuro que se aproxima e uma maneira de lidar com ele. “Pombais” encerra a tracklist com uma sonoridade melancólica e singela, provando que as coisas mais simples e cotidianas muitas vezes são as que batem mais forte – e também as mais bonitas. Como canta Afonso: “Mas o caminho é longo / E o tempo é luxo / Vou seguir o fluxo”.
O Popload descreve a banda como “referência técnica e sonora na capital com uma musicalidade tipo-exportação, pronta para fazer uma trajetória semelhante aos seus conterrâneos Dingo Bells”. Alpargatos é formada por Afonso Antunes (vocal/guitarra), Bruno dos Anjos (baixo), Leonardo Braga (guitarra) e Pedro Nectoux (bateria). O grupo já integrou o lineup de festivais como Morrostock e MECAFestival, além de ter sido selecionada como uma das três bandas brasileiras finalistas na categoria de videoclipes do 22º Florianópolis Audiovisual Mercosul com “Essa Cidade Cheia de Heróis”.