Projeto do Instituto Mojo libera traduções de obras em Domínio Público gratuitamente em formato digital
No dia 7 de abril de 2018 a Mojo fundou o Instituto Mojo de Comunicação Intercultural, uma iniciativa sem fins lucrativos. A empresa já é conhecida por cases de Cultura Participativa e Democracia Digital entre seus projetos e trabalhos corporativos, como a Mojo Books (“Se música fosse literatura, que história contaria?”), BoicotaSP (central de denúncias de abusos ao consumidor), Empreendedores Criativos (Santander), Sesc-SP e LinkedIn (localização da multinacional em território brasileiro).
A formação do Instituto, por meio de seu primeiro projeto, é um esforço para derrubar a barreira linguística e liberar definitivamente as obras em Domínio Público para os falantes da língua portuguesa. No site qualquer pessoa pode acessar, baixar e copiar Livros Digitais Extraordinários — que muitos chamam de “clássicos” — absolutamente de graça.
As obras da literatura mundial em Domínio Público, embora sejam de livre acesso, precisam ser adaptadas para o nosso idioma. Peter Pan fala inglês, Pinocchio fala italiano, 20 mil léguas submarinas está em francês. Assim, como um brasileiro pode ler essas obras? Há traduções e edições digitais, piratas e amadoras, em diversos sites. Por ser um trabalho intelectual, qualquer tradução passa, com toda justiça, a ser propriedade dos tradutores ou editores. Assim, livros já há muito tempo sem copyright continuam distantes do público. Só resta a alternativa de adquirir essas obras nas lojas online e livrarias, pelo preço de capa. A democratização do Domínio Público é o livre acesso daquela criança ávida mas sem recursos.
Atualmente, a leitura em dispositivos digitais é acessível a todas as camadas sociais. As edições podem ser visualizadas em praticamente todos os smartphones, tablets, ereaders e computadores, em formato epub, html e Adobe PDF.
Mil extraordinários: 200 milhões de leitores
A fila das edições de lançamento começa com a coleção Mundos Extraordinários, com O livro da selva, de Rudyard Kipling, que apresenta as primeiras histórias de Mowgli, o menino lobo, e outras fábulas que fizeram desta obra uma das mais importantes do Século 20. Em seguida, estão Peter Pan & Wendy, de J. M. Barrie; O mágico e a maravilhosa Terra de Oz, de L. Frank Baum (o primeiro e o segundo livro da série); e As Aventuras de Alice: no País das Maravilhas e através do espelho, de Lewis Carroll (também composta de dois livros).
A curadoria do Instituto optou em iniciar as publicações por obras populares e repetidamente adaptadas para diversas mídias, todas com viés infanto-juvenil, como fator de engajamento do projeto e para atender imediatamente ao público de pais e filhos, escolas públicas e particulares e outras instituições. Agora, todos podem ler e se divertir com essas obras em português. Ao longo dos meses seguintes, contando com a adesão de associados, as obras passarão a se diversificar gradativamente, tendo como objetivo final a criação de um acervo livre dos chamados Grandes Livros da Humanidade — que abrangem desde os clássicos gregos até os modernistas do Século 20.
O lançamento oficial ocorrerá no dia 20 de setembro, quando O livro da selva impresso será enviado aos doadores.
O que mais vem por aí
Os Livros Extraordinários geralmente demandam algumas informações de contextualização, como por exemplo quando uma obra ou autor se referem a algo que atualmente nos soa estranho. Para Aristóteles, a escravidão era algo normal e inquestionável. Para Kipling, a colonização britânica não era exploratória, mas benéfica para os oprimidos. Assim, no site D[ao]P passaremos a publicar obras que chamamos de “orbitais” — ensaios acadêmicos, artigos, documentos e críticas — para levantar discussões sobre os pontos polêmicos que essas obras despertam no Século 21.
Os quatro primeiros livros — de setembro a dezembro —, podem ser reservados com desconto a partir do lançamento. A previsão do Instituto é lançar em dezembro de 2018 a adesão por taxa de associação, com pagamento recorrente, firmando o modelo de Clube do Livro, com envio mensal dos livros exclusivos para os associados. Por enquanto, os livros podem ser adquiridos exclusivamente pelo site do projeto.
O Instituto Mojo sobrevive de doações e taxas de associação. Pessoas físicas e jurídicas podem doar qualquer quantia. Há, porém, um regalo reservado aos que doarem quantias a partir de R$ 79,90. A cada mil doações, o Instituto se propõe a publicar mais uma obra em Domínio Público no mesmo formato.