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Na Feira do Livro, a descoberta da nossa história não custa caro

novembro 2, 2015 By marcoweissheimer Deixe um comentário

As ofertas variam de 3 a 10 reais e há pacotes onde é possível, por exemplo, comprar até três publicações por 10 reais. Foto: Caroline Ferraz/Sul21
As ofertas variam de 3 a 10 reais e há pacotes onde é possível, por exemplo, comprar até três publicações por 10 reais. Foto: Caroline Ferraz/Sul21

Marco Weissheimer

A Feira do Livro de Porto Alegre, cuja 61ª edição iniciou na tarde de sexta-feira (30), costuma ser medida pelo volume de vendas nas bancas e pela lista de publicações mais vendidas. Há especialistas em produzir títulos que se tornam campeões de venda. E há aquelas obras nas quais as grandes editoras jogam grande peso midiático e publicitário para assegurar ótimas vendas. Entre os frequentadores mais antigos da Feira, há quem reclame da mesmice que acompanha essas estratégias, da falta de uma maior diversidade e do preço das publicações. Com tempo, paciência e foco em algumas áreas de interesse, porém, é possível construir outros roteiros e descobrir outras feiras dentro da feira. Um dos possíveis pontos de partida para um roteiro alternativo dentro da Feira do Livro de Porto Alegre é dado pelos balaios de saldos instalados ao lado de muitas bancas.

A vantagem não é só econômica, embora isso, por si só, já seja um atrativo inegável. As ofertas variam de 3 a 10 reais e há pacotes onde é possível, por exemplo, comprar até três publicações por R$ 10. Há quem diga que só há porcaria e encalhes neste balaio. Lenda ou realidade? O Sul21 foi conferir e percorreu vários balaios e bancas com ofertas no primeiro dia da feira, na Praça da Alfândega. O resultado foi bastante animador para quem deseja fugir da mesmice na Feira sem gastar muito. Tempo, paciência e foco: com esse trinômio foi possível comprar seis livros por menos de 40 reais. O foco escolhido girou em torno de temas ligados à história de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul. Quem quiser seguir um roteiro parecido com esse tem um bom ponto de partida logo no início de uma das entradas da feira, a banca da editora Martins Livreiro, especializada em publicações sobre o Rio Grande do Sul.

Com tempo, paciência e foco em algumas áreas de interesse, porém, é possível construir outros roteiros e descobrir outras feiras dentro da feira. (Foto: Caroline Ferraz/Sul21)
Com tempo, paciência e foco em algumas áreas de interesse, porém, é possível construir outros roteiros e descobrir outras feiras dentro da feira. (Foto: Caroline Ferraz/Sul21)

Os temas dos livros que estão no balaio de saldos desta banca variam desde a presença do povo guarani na história do Rio Grande do Sul até a cultura do charque, passando por episódios marcantes – e sangrentos – como a guerra entre chimangos e maragatos. “É a única banca especializada nestes temas. Existem outras editoras que trazem alguma coisa do Rio Grande do Sul, mas no nosso caso é 99%. O nosso balaio é um sucesso. Temos que abastecê-lo com novos livros o tempo todo”, diz Marcia Martins, diretora da editora.

Nele é possível encontrar títulos como “O trabalho guarani missioneiro no Rio da Prata Colonial entre 1640 e 1750”, de Eduardo Neuman, originalmente uma dissertação de mestrado que mostra, entre outras coisas, como os guaranis missioneiros foram utilizados como mão de obra para a manutenção da sociedade colonial. Ou obras como “A Pacificação da Revolução de 93”, de Laudelino T. Medeiros, que aborda o processo de pacificação do violento conflito que fez o Rio Grande do Sul sangrar durante três anos. Ou ainda como “A gaúcha Maria Josefa, primeira jornalista brasileira”, de Roberto Rossi Jung, que conta a história da mulher que, em 1833, participou da criação de dois jornais em Porto Alegre, “A Idade d’Ouro” e “Bellona”, e enfrentou uma sociedade marcadamente patriarcal e machista.

A rota dos balaios atravessa também a ala internacional da Feira do Livro, como na banca da livraria Calle Corrientes, que traz títulos em língua espanhola de autores de vários países da América Latina. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)
A rota dos balaios atravessa também a ala internacional da Feira do Livro, como na banca da livraria Calle Corrientes, que traz títulos em língua espanhola de autores de vários países da América Latina. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

A rota dos balaios atravessa também a ala internacional da Feira do Livro. Na tarde desta sexta, a banca da livraria Calle Corrientes começava a organizar seu acervo para a Feira, com ofertas de títulos em língua espanhola, de autores argentinos, uruguaios, peruanos e de outros países da América Latina. Alguns metros depois, um balaio discreto oferece o livro “Luciana de Abreu”, de Benedito Saldanha, que conta a história de outra destemida mulher gaúcha, praticamente desconhecida junto às novas gerações. Professora, poetisa e integrante do Partenon Literário, Luciana de Abreu, assinala o autor, “foi um dos principais nomes da associação, se destacando como educadora e conferencista, levando ao público ideias pioneiras como o acesso das mulheres aos cursos superiores”, no final do século XIX.

Outra passagem importante da história do Rio Grande do Sul, a tomada de sua capital pelos farrapos rebelados, pode ser conhecida por meio dos balaios da Feira. “Porto Alegre Sitiada”, de Sérgio da Costa Franco (Editora da Cidade), conta a ocupação de Porto Alegre e o cerco que os farroupilhas impuseram à cidade, de 1836 a 1840. Embora comemore anualmente os feitos da Revolução Farroupilha, Porto Alegre jamais se submeteu aos revoltosos, o que lhe valeu o título de cidade “leal (ao império) e valorosa”.

Personagens e momentos estratégicos da história do Estado também podem ser conhecidos na coleção Humanidades, do Instituto Estadual do Livro e EDIPUCRS, em obras como “Júlio de Castilhos – Positivismo, Abolição e República”. Organizado pela professora Margaret Bakos, o livro traz uma série de editoriais redigidos por Júlio de Castilhos sobre o movimento abolicionista no Rio Grande do Sul, publicados pelo jornal “A Federação”, entre 1884 e 1887, período de passagem do regime escravocrata para o livre.

Alguns poucos reais podem bastar para encontrar episódios e vidas de personagens até então desconhecidos ou pouco conhecidos. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)
Alguns poucos reais podem bastar para encontrar episódios e vidas de personagens até então desconhecidos ou pouco conhecidos.
(Foto: Guilherme Santos/Sul21)

A Feira do Livro de Porto Alegre carrega diferentes possibilidades dentro dela. Há caminhos para todos os gostos: para quem quiser adquirir os últimos títulos mais badalados, para comprar aquele livro cobiçado há muito tempo, para antecipar compras de Natal ou para não comprar nada exatamente e sim frequentar o evento, a praça de alimentação, os bares, os debates e as sessões de autógrafo. Além destas, oferece ainda outro possível caminho: garimpar nos balaios dos saldos alguma surpresa sobre a nossa própria história. Alguns poucos reais podem bastar para encontrar episódios e vidas de personagens até então desconhecidos ou pouco conhecidos. Em tempos de austeridade e crise econômica, a Feira traz uma boa nova: a descoberta da nossa história não custa caro.

Arquivado em: Livros Marcados com as tags: Feira do Livro, Feira do Livro de Porto Alegre, Júlio de Castilhos, leitura, literatura, Livro, Luciana de Abreu, Margaret Bakos, Maria Josefa, Revolução de 1893, revolução federalista, Sérgio da Costa Franco

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