Em Tuiatã, a autora conta a trajetória secular de sua família, tendo por cenário a história do Brasil e do Rio Grande do Sul
“…Olhou o Tuiatã. Sabia que o avô
comparava a própria família àquele pássaro
que era discreto, guardava o seu melhor
para os seus e os ensinava, desde cedo,
a reverenciar a natureza… Para João, o pássaro
era diferente dos outros e, sobretudo, das pessoas.
Não usava o seu melhor para se exibir,
o seu melhor era para cantar o sublime
e para celebrar o belo…”
Hilda Simões Lopes, em seu mais recente romance histórico, narra a saga de sua família, que se inicia em 1720, acesa pela paixão entre um dragão oficial português e uma cigana. Tuiatã (Libretos, 560 páginas, R$58) foi construído através de longa pesquisa bibliográfica e documental de um sangue que viveu atrelado à história do Brasil desde a segunda década do século XVIII, e participou da ocupação, formação e defesa do território da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul.
Nessa obra, a intrincada e caótica história dos brasileiros nas minas de ouro e diamantes no centro do país, e a presença da Inquisição com suas Cartas de Familiatura surgem como cenário a uma real e sofrida história de amor genuíno onde, para viver, é preciso fugir. E é nas quase desabitadas e perigosíssimas terras do extremo sul que o casal (um dragão enviado com as forças d´El Rei para colocar ordem nas terras brasileiras, e uma cigana expulsa de Portugal) encontra um lugar para viver e, em paz, construir sua família.
Revolucionários, políticos, poetas e pensadores cruzam-se, amam, sonham, morrem e lutam, enquanto as gerações se sucedem, a história é escrita e as memórias familiares são construídas entre guerras e revoluções. A formação social, econômica e política, do futuro estado do Rio Grande do Sul são contados através das paixões e tragédias de personagens verídicos, fortes, reflexivos, combativos e ao mesmo tempo sensíveis.
Tuiatã tem lançamento no dia 19 de outubro, quinta-feira, a partir das 18 horas, no Bistrô do Solar (Praça Marechal Deodoro, 148 – Centro Histórico), no Solar Palmeiro. O local, que pertenceu à família Carneiro da Fontoura (um dos ramos da árvore genealógica), foi cenário de uma das passagens do livro durante a Revolução Farroupilha.
Hilda Simões Lopes é natural de Pelotas, RS. Advogada e socióloga, foi professora universitária e pesquisadora da área social com foco em Sociologia do Desenvolvimento e Sociologia da Família. Tem oito livros publicados, sendo dois de Sociologia (um sobre delinquência juvenil e outro sobre a condição da mulher no Brasil) e ainda obra sobre criação literária. Na literatura, publicou dois romances, uma novela, um livro de crônicas e outro de contos. Ganhou o Prêmio Açorianos com o romance A Superfície das Águas (IEL, 1997) e foi finalista no mesmo prêmio com as crônicas Cuba: Casa de Boleros (AGE, 2000).
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