Henrique Schneider comemora Prêmio Paraná de Literatura 2017

Escritor gaúcho foi agraciado na categoria Romance pelo inédito “Setenta”, sobre a ditadura militar no Brasil

Henrique Schneider | Crédito: Thaís Lehmann

Com as incertezas do mercado editorial em crise ante às novas tecnologias, são poucos os escritores que começam um ano com a certeza de uma publicação. É o caso do gaúcho Henrique Schneider. Vencedor do Prêmio Paraná de Literatura 2017 na categoria Romance, o escritor soube essa semana que terá Setenta, texto de sua autoria, inédito, publicado pela Biblioteca Pública do Paraná, promotora do certame, no ano que vem. A vitória rende-lhe ainda R$ 30 mil em dinheiro.

“Mais do que a conquista na sua dimensão pessoal ou de carreira literária, comemoro o livro em si: ele trata de um tema absolutamente necessário”, revela Schneider, referindo-se à ditadura militar instaurada no Brasil com o Golpe de 1964, temática que envolve Setenta, cuja trama se desenrola em Porto Alegre, durante os “Ano de Chumbo”. “É um tema também infelizmente necessário em meio aos ataques à democracia e aos direitos sociais com os quais convivem os brasileiros atualmente.”

Foram 2.180 textos inéditos, de autores de todo o Brasil, inscritos em três categorias. Além de romance (prêmio Manoel Carlos Karam), vencido por Henrique Schneider, foram agraciados o também gaúcho Marcelo Degrazia, na categoria contos (prêmio Newton Sampaio), com A bandeira de Cuba, e Sônia Barros, de São Paulo, com Tempo de dentro,  na categoria poesia (prêmio Helena Kolody). “É uma sensação diferente saber que o seu texto foi o escolhido entre tantos – e certamente excelentes – concorrentes”, destaca Schneider, que enfrentou outros 654 autores de romances. O júri da categoria foi composto por Heloisa Jahn, Livia Deorsola e Luís Bueno. Cada um dos três vencedores terá 1.000 exemplares de suas obras publicadas pela Biblioteca Pública do Paraná ainda no primeiro semestre de 2018.

PERSPECTIVAS                                                           

Henrique Schneider projeta um ano de 2018 intenso na carreira literária a partir da visibilidade que o prêmio, associado à publicação de Setenta, pode representar. “É uma oportunidade de abrir novos diálogos, ampliar públicos… O que para quem trabalha com palavras, convenhamos, é um novo prêmio a cada porta que se abre”, brinca o escritor, já prevendo a publicação de novas edições do livro ainda no ano que vem. As obras mais recentes do gaúcho são Cidades Contemporâneas (Um Cultural, 2017), com imagens do fotógrafo Edison Vara, e Respeitável Público (Dublinense, 2015).