Foi-se um dos grandes: crítico literário Antonio Candido morre aos 98 anos em São Paulo
Da Redação
Tempo não é dinheiro. Tempo é o tecido da nossa vida.
Antonio Candido, 24.07.1918 – 12.05.2017
Esta manhã, fomos surpreendido pela morte do crítico literário e sociólogo Antonio Candido. A informação foi confirmada pela Faculdade de Filosofia e Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, onde ele deu aulas. Ele deixa as filhas e também professoras de História da USP Laura de Mello e Souza e Marina de Mello e Souza.
Ainda chocados com sua morte, revisamos e adaptamos abaixo seu verbete na Wikipedia, coisa que ele jamais aprovaria.
Antonio Candido de Mello e Souza foi um profundo estudioso da literatura brasileira e estrangeira, possui uma obra crítica extensa, respeitada nas principais universidades do Brasil. À atividade de crítico literário soma-se a atividade acadêmica, como professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Foi professor-emérito da USP e da UNESP, e doutor honoris causa da Unicamp e da Universidade da República do Uruguai (2005). Agraciado em 1996 com o Prêmio Anísio Teixeira.
Fixou-se na cidade São Paulo em 1937, tendo ingressado na Faculdade de Direito e na Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo em 1939. Abandonou a primeira no quinto ano e se formou em Filosofia em 1942.
Iniciou sua carreira como crítico na revista Clima (1941-1944), juntamente com Paulo Emílio Salles Gomes, Alfredo Mesquita, Décio de Almeida Prado, Gilda Rocha de Mello e Souza (filha de um primo de Mário de Andrade), com quem veio a se casar, e outros.
Em 1942 ingressou no corpo docente da Universidade de São Paulo (USP) como assistente de ensino do professor Fernando de Azevedo, na cadeira de Sociologia II, onde foi colega de Florestan Fernandes. A partir de 1943 passou a colaborar com o jornal Folha da Manhã, em que escreveu diversos artigos e resenhou os primeiros livros de João Cabral de Melo Neto e Clarice Lispector.
Em 1945, obteve o título de livre-docente com a tese Introdução ao Método Crítico de Sílvio Romero e, em 1954, o grau de doutor em Ciências Sociais com a tese Parceiros do Rio Bonito, ainda hoje um marco nos estudos brasileiros sobre sociedades tradicionais. Entre 1958 e 1960 foi professor de literatura brasileira na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Assis, hoje integrada à Universidade Estadual Paulista.
Em 1961 regressou à USP e, a partir de 1974, torna-se professor-titular de Teoria Literária e Literatura Comparada da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (assim denominada a partir de 1970) da USP, sendo responsável pela formação de grande parte da intelectualidade nacional, direta ou indiretamente. Entre os seus discípulos estão Antônio Lázaro de Almeida Prado, Fernando Henrique Cardoso, Roberto Schwarz, Davi Arrigucci Jr., Walnice Nogueira Galvão, João Luiz Lafetá, Antônio Arnoni Prado e Antônio Luiz Cagnin entre outros.
Aposentou-se em 1978, todavia manteve-se ainda como professor do curso de pós-graduação até 1992, ano em que orientou a última tese, a do crítico mexicano Jorge Ruedas de La Serna [6] e crítico atuante não só na vida literária, como também na política, tendo sido um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores. Recebeu o Prémio Camões em 1998.
Antonio Candido foi o primeiro brasileiro a receber o Prêmio Internacional Alfonso Reyes um dos mais importantes da América Latina, a premiação ocorreu em 8 de outubro de 2005, em Monterrey, a cidade natal de Reyes. Escritores como Borges, Carpentier, Malraux, Octavio Paz, Harold Bloom figuram entre os premiados
Paralelamente às atividades literárias, Candido militou no Partido Socialista Brasileiro e participou do Grupo Radical de Ação Popular, integrado também por Paulo Emílio Salles Gomes, Germinal Feijó, Paulo Zingg e Antônio Costa Correia, editando um jornal clandestino, de oposição ao governo Getúlio Vargas, chamado Resistência.
Posteriormente, participou do processo de fundação do Partido dos Trabalhadores, onde, entre outras funções, foi Presidente do 1º Conselho Curador da Fundação Wilson Pinheiro, fundação de apoio partidária instituída pelo PT em 1981, antecessora da Fundação Perseu Abramo. Ainda hoje é filiado ao partido, tendo apoiado a candidatura de Dilma Rousseff em 2010.