Escola de Poesia lança o documentário ‘Wole Soyinka – A forja de Ogum’ em sarau dia 18 de novembro na Feira do Livro

Programação especial a partir do dia 2 homenageia o dramaturgo e poeta nigeriano vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 1986

Eliane Marques | Foto de Maurício Oliveira

Ogum é para mim um símbolo da multiplicidade da natureza humana. Ele me ajuda a entender que no mesmo indivíduo podem conviver um pacifista e um guerreiro. Posso adorar a tranquilidade, mas ao mesmo tempo ser energizado pelas lutas do mundo”, disse Wole Soyinka, que já descreveu Ogum, o orixá da tecnologia, do trabalho e da criação artística, como sua “divindade companheira”. Esta visão de mundo iorubá, com seus mitos e rituais, foi uma influência decisiva para a personalidade e a obra do dramaturgo, poeta, ensaísta e professor nigeriano, primeiro africano Nobel de Literatura, em 1986. Hoje, aos 83 anos, ele segue produzindo arte e defendendo os Direitos Humanos ameaçados por ditaduras ou por grupos terroristas como o Boko Haram, na Nigéria. Admirado em todo o continente por sua obra e pelo seu ativismo político, é considerado o dramaturgo mais notável da África.

Para homenagear o escritor, que vem pela segunda vez a Porto Alegre e, pela primeira vez, como uma das atrações da Feira do Livro, neste ano, a Escola de Poesia, que tem a obra de Soyinka como uma referência em seus estudos, vai lançar na Feira o documentário Wole Soyinka – A forja de Ogum, em sarau, no dia 18 de novembro, às 17h, na Tenda de Pasárgada (Praça da Alfândega). O filme mostra um pouco da obra e da vida de Soyinka e tem a participação de artistas e integrantes da comunidade local que se articulam, de algum modo, com a ancestralidade africana, como o grupo musical Alabê Ôni, o grupo teatral Pretagô, e seu diretor Thiago Pirajira, o Africanamente Ponto de Cultura e Escola de Capoeira Angola, e seu Contramestre Guto, o poeta Ronald Augusto, o escritor Jeferson Tenório, o pintor Paulo Montiel, os escultores Jonas e Marcos, a Iyalorixá Sandrali de Oxum, a Iyalorixá Bete Omidewa, a artista visual Manuzita, a poeta e psicanalista Lúcia Bins Ely e a psicanalista e poeta argentina Marcela Villavella.

Wole Soyinka – A forja de Ogum é uma produção da Escola de Poesia em coprodução com o Coletivo Catarse. Concepção, roteiro e direção da poeta Eliane Marques (Prêmio Açorianos de Literatura/2016) e do poeta e tradutor Adriano Migliavacca, estudioso da obra de Soyinka. Apoio de Gustavo Türck (documentarista e produtor audiovisual), Billy Valdez (operação de câmera) e Marcelo Cougo (operação de áudio). Documentação de Lúcia Bins Ely e Anelore Schumann. Pesquisa de imagens de Priscila Pasko. O filme não estará à venda no lançamento, mas depois algumas edições poderão ser adquiridas, a preço de custo, na Escola de Poesia, além da doação de cópias que será feita a bibliotecas públicas.

Ainda no sarau, Leitura dramática de A morte e o Cavaleiro do Rei, com o grupo teatral Pretagô, com direção artística de Thiago Pirajira, e a participação do grupo musical Alabê Ôni. Leitura de poemas de Wole Soyinka pelos integrantes da Escola de Poesia e público em geral. E Intervenção com tambores, com o grupo Alabê Ôni.

Outros lançamentos e oficina da Escola de Poesia

A homenagem ao escritor africano na Feira do Livro de Porto Alegre está organizada no projeto Escola de Poesia & Wole Soyinka – Para que as palavras tenham mais força que as metralhadoras. Diversas atividades serão realizadas, entre os dias 2 e 18 de novembro, todas integrando a programação oficial da Feira.

Com o foco na causa negra e LGBT, de modo a também propor uma reflexão sobre a censura que vem atingindo a área cultural no país, a Escola editou o livro Nomes à margem, do poeta Túlio Henrique Pereira, de Goiás. O livro de poesia será lançado no dia 2 de novembro, às 16h30min, no Pavilhão de Autógrafos da Feira. No prefácio da obra, o poeta Ronald Augusto afirma: “Grosso modo, a épica pode ser definida como a poesia que contém história, contudo, a poesia de Túlio se interessa radicalmente pelo sinal de menos dos cenários épicos, se afeiçoa por aquilo que resta às margens da experiência em sociedade. É como se Túlio fosse um Homero cuja empatia estivesse menos relacionada a Odisseu do que aos seus remeiros.”

Trazendo novidades em sua 4ª edição, será lançada a revista de poesia Ovo da Ema no dia 4 de novembro, às 19h, no Pavilhão de Autógrafos da Feira do Livro, contando com poetas de Salvador, além dos integrantes da Escola de Poesia – Cíntia Lang, Camila Noguez, Caren Lorea, Gustavo Burkhart, Anelore Schumman, Lúcia Bins Ely, José Jacques, Paula Giacomelli e Paulo Frydman. Adriano Migliavacca e Diego Dourado participam como convidados. A coordenação editorial é de Eliane Marques.

O lançamento da coleção de livros de poesia Adire (feitos à mão, em tecido com inspiração iorubá), por Luciana Simionovski, da editora patchbooks, com a colaboração de Liane Lummertz (fotógrafa) e Lu Gastal (designer de estampas), é a atração do dia 15 de novembro, às 17h30min, no Pavilhão de Autógrafos da Feira. A coleção é composta por seis livros, cada um com estampa escolhida pelo seu autor: Lúcia Bins Ely, Marcela Villavella, Anelore Schumann, Gustavo Burkhart, Adriano Migliavacca e Caren Lorea. Coordenação editorial de Eliane Marques.

A oficina O mundo africano na obra de Wole Soyinka, com o professor, poeta e tradutor Adriano Migliavacca, será ministrada no dia 18 de novembro, às 15h30min, na Sala Leste do Santander Cultural. Formado em Psicologia e Letras, com mestrado em Literatura de Língua Inglesa, que concluiu em 2013 com dissertação sobre a obra do poeta Hart Crane, Adriano é um estudioso da obra de Wole Soyinka, tema de sua tese de Doutorado em 2014, na UFRGS, quando se dedicou a ampliar seus estudos sobre a cultura iorubá. Para o pesquisador, nascido em Porto Alegre, em 1980, Soyinka, que se define como um “escritor iorubá”, é um exemplo de autor cuja criatividade se realiza de múltiplas formas e de todos os gêneros em que trabalha, o teatro é aquele que exerce mais plenamente.