Em 15 anos, número de cidades com biblioteca cresce e com livrarias diminui
Nielmar de Oliveira
Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela que subiu de 76,3% para 97,1% a proporção de cidades com biblioteca pública, de 1999 a 2014. Por outro lado, no mesmo período, caiu de 35,5% para 27,4% o número de cidades com livrarias. Os dados constam no Suplemento de Cultura do Perfil dos Estados e Municípios Brasileiros 2014 (Estadic/Munic 2014), divulgado nesta segunda (14).
A pesquisa indica ainda que, no ano passado, 24 dos 27 estados e 6% dos 5.570 municípios apoiaram a produção de 1.849 filmes, tendo como destaques os estados do Rio Grande do Sul (60 filmes), Pernambuco (54 filmes) e São Paulo (42 filmes).
TV aberta e internet
Conforme a pesquisa, o sinal aberto de TV continua sendo “o maior meio de acesso aos conteúdos culturais”, ao estar presente em 99% dos municípios, em 2014. No mesmo ano, apenas 12,1% dos municípios tinham produção local de programas de TV, em 1999, era 9,1%. O IBGE constatou alta no acesso à internet por meio de provedores (presentes em 65,5% dos municípios) e lan houses (82,4% dos municípios). No caso dos provedores, o percentual era 16,4% em 1999. Em relação às lan houses, o dado era 80,7% em 2012 (ano em que o dado passou a ser coletado).
No sentido oposto, houve uma retração na presença de videolocadoras no país, passando de 82% municípios (2006) para 53,7% municípios em 2014; e também das lojas de discos, CDs, fitas e DVDs (de 59,8% para 40,4% dos municípios, no mesmo período).
“Os dados melhoraram como fruto de uma política pública adotada pelo governo em 2003, mas ainda são incipientes e atestam a gravidade da situação do acesso à cultura no Brasil. Menos de 10% dos brasileiros entraram alguma vez em um museu, pouco mais 13% vão ao cinema com alguma regularidade e a média per capita de leitura do brasileiro ainda é de apenas 1,7 livro”, disse o ministro da Cultura, Juca Ferreira, que acompanhou a divulgação da pesquisa.
O ministro destacou que quando comparado com outros países da América do Sul – como a Argentina, o Uruguai e o Paraguai, o nível cultural brasileiro é menor. “Mesmo quando comparado com outros países sul- americanos, sempre fomos muito desleixados do ponto de vista cultural com a população. E é por isso que, desde 2003, estamos desenvolvendo políticas voltadas para colocar a cultura como um direito básico da população, como é a comida, a habitação e a saúde. Agora, há que se ressaltar que a gente trabalha com poucos recursos. E qualquer política pública implica necessariamente na liberação de mais recurso para o setor”, disse.