Ed. Carambaia traz teatro de Henrik Ibsen em tradução direta do norueguês

Caixa reúne quatro das principais peças do dramaturgo, considerado o pai do realismo no teatro moderno, que despertaram polêmica em sua época ao propor o debate sobre grandes questões morais da sociedade

Quatro das principais peças de Henrik Ibsen (1828-1906), em traduções diretas do norueguês, compõem a caixa que a CARAMBAIA dedica ao dramaturgo: Espectros (1881), Um inimigo do povo (1882), Hedda Gabler (1890) e Solness, o construtor (1892). São textos de vigor permanente, que integram o repertório de companhias teatrais de todo o mundo e contribuíram para que o autor se tornasse o mais encenado no mundo desde William Shakespeare.

Tido como o pai do realismo no teatro moderno, Ibsen foi um dos grandes provocadores da literatura, com um olhar clínico e uma disposição aguerrida de encarar a hipocrisia e os tabus da convivência. Suas peças mostram sucessivas quebras de aparência, revelações incômodas e bruscas mudanças de situações – além de propor discussões de ordem moral.

Entre as obras incluídas na caixa Henrik Ibsen da CARAMBAIA, um assunto espinhoso – os conflitos entre convicções individuais e interesses coletivos – é levado às últimas consequências em Um inimigo do povo. Nesse texto, um médico descobre contaminação nas águas de uma estação de banhos e transforma sua preocupação pela saúde pública numa luta individual. Ibsen escreveu essa saga pessoal como declaração de resistência após o escândalo provocado por Espectros, que já se seguira à polêmica em torno de Casa de bonecas (1879), na qual uma jovem senhora percebe a incompreensão que a cerca em família e acaba por abandonar marido e filhos.
Espectros, que muitos consideram a continuação de Casa de bonecas, chegou a ser proibida em vários países, ao tratar de temas como a ocorrência de doenças venéreas, abuso sexual, filho bastardo e até eutanásia no seio de uma família tradicional. Adaptada cerca de quarenta vezes para o cinema e para a televisão, Hedda Gabler, uma de suas obras-primas, oferece um estudo da psique feminina e suas estratégias ao descrever o projeto de vingança pessoal de uma mulher da alta sociedade. Solness, o construtor, escrita na última fase da vida do autor, aborda temas como desejos irrealizados, paixões platônicas e crepusculares, a morte e a impotência.

A caixa Henrik Ibsen traz cada um dos títulos em volumes separados, num projeto gráfico que segue o modelo dos programas de espetáculos. Um quinto volume contém o posfácio do crítico Aimar Labaki sobre a importância revolucionária do dramaturgo e as montagens desses textos no Brasil.

Henrik Ibsen viveu boa parte da vida adulta longe da Noruega, morando na Itália e na Alemanha durante 27 anos, mas todas as suas obras se passam em seu país natal e foram escritas em norueguês. Nasceu em Skien, cidade portuária na qual seu pai controlava o embarque de madeira. Aos 7 anos, a falência dos negócios e o impacto psicológico sentido pela mãe se refletiram nos assuntos de suas peças, em que são comuns os problemas financeiros e os efeitos desagregadores provocados nas famílias.

Depois de fracassar na tentativa de iniciar estudos de medicina, Ibsen pôde exercitar sua vocação de dramaturgo e encenador ao se encarregar, por cinco anos, da direção artística de um teatro na cidade de Bergen. Nesse período, o autor se dedicava a um projeto romântico-nacionalista que gerou pelo menos uma peça célebre em versos, Peer Gynt (1867). A bancarrota do teatro de Bergen coincidiu com a adoção do veio realista que chamaria atenção além das fronteiras da Noruega. O marco dessa transição foi justamente Casa de bonecas.

Ibsen foi um dos abalos sísmicos que constituíram o grande terremoto trazido pelo modernismo à cultura ocidental. Nas palavras de Aimar Labaki, “para além de uma obra teatral responsável pela fundação do drama moderno, o trabalho de Ibsen criou, na linha de Freud, Darwin, Marx e Einstein, a base do que seria a consciência do homem ocidental no século XX”. É famosa a carta escrita a ele por um jovem James Joyce deslumbrado por suas inovações. E figuras cardeais do teatro do século XX, como George Bernard Shaw e Eugene O’Neill, reconheceram a dívida com Ibsen.

A tradução das quatro peças da caixa Henrik Ibsen ficou a cargo de Leonardo Pinto Silva. O projeto gráfico, de Fábio Prata, Flávia Nalon e Gabriela Luchetta, da ps.2 arquitetura + design, evoca, na caixa preta, um palco nu, e cada volume recebeu um jato de spray de cor viva, aludindo ao impacto da modernidade das obras de Ibsen. Nos textos, algumas falas ganham destaque em letras grandes, lembrando os momentos de concentração de luzes sobre um ator na ribalta​.

Ficha técnica:
Título: Caixa Henrik Ibsen: Espectros, Um inimigo do povo, Hedda Gabler, Solness, o construtor
Autor: Henrik Ibsen
Tradução: Leonardo Pinto Silva
Posfácio: Aimar Labaki
Projeto gráfico: ps.2 arquitetura + design (Fábio Prata, Flávia Nalon e Gabriela Luchetta)
ISBN: 978-85-69002-33-8
Número de páginas: 456 (total) – Espectros (92 págs), Um inimigo do povo (128 págs.), Hedda Gabler (116 págs.), Solness, o construtor (104 págs.), Posfácio (16 págs.)
Ano de publicação: 2017
Acabamento: brochura com luva com serigrafia
Dimensão: 17x24x3,3cm
Tiragem: 1.000 exemplares
Preço: R$ 147,90
Editora: CARAMBAIA