Do Brasil de Fato
Em 1967, a escrita do colombiano Gabriel García Márquez já refletia sobre as atuais crises políticas e as quebras da democracia na América Latina. Com o romance “Cem Anos de Solidão”, García Márquez narra gerações familiares para interpretar uma região que está amarrada a uma solidão histórica em relação ao mundo.
Completando cinquenta anos do lançamento, “Cem Anos de Solidão” é uma obra atemporal, repleta de imaginação e fantasia para articular várias gerações da família Buendía, no povoado de Macondo. A história é um marco para o conhecido realismo mágico na literatura.
Juany Nunes é mestranda em História pela Universidade Federal de Pernambuco. Ela tem 26 anos e o primeiro contato com a mais conhecida obra de García Márquez, ou o Gabo, como era apelidado, aconteceu há dez anos. Era uma tarde de “estudos dirigidos” na escola, e lá na biblioteca Juany encontrou um livro de capa azul, com letras garrafais e um desenho de Caribé.
“Eu fui tentando ler para me encontrar naquela história, me encontrar naqueles personagens. E como Macondo poderia ser caracterizada como qualquer cidade, inclusive daqui, né?! Macondo também é Recife. E depois de cinquenta anos, falar sobre a primeira edição desse livro é se reportar ao caos político que a ente vive e a gente pode pegar as próprias páginas do livro que ele vai falando a questão da ideologia dos democratas e dos conservadores”.
A poesia presente em “Cem anos de Solidão” é capaz de criar diversas teias e conexões que misturam realidade e fantasia entre a obra literária ou a vida palpável de cada leitor. As várias gerações da família fictícia Buendía, por exemplo, estimularam Juany a quatro leituras do livro e algumas reflexões que mesclam as histórias que ouvia na infância, no sertão pernambucano, com os dias de hoje.
“Eu fico pensando muito em que mundo é esse que está se repetindo como farsa, talvez. Mas eu acho que Gabo nos incita, nos tira desse lugar comum, no sentido de questionar esses poderes todos eles. Seja falando de amor, divinamente, nos relatos e nas descrições das cenas românticas, amorosas são, para mim, as mais bonitas da literatura mundial. Entre falar sobre o poder da guerra e o poder do amor, eu acho que Cem anos de Solidão representa para mim essa ideia do outro para completar a gente. Não no sentido de completar como a metade da laranja, mas no sentido de se preencher, se preencher com o outro. Eu acho que ele, no final das contas, termina no livro dizendo que independente das pessoas, do mundo, a gente vai estar só. Seja aqui, na Colômbia, no México, a gente vai estar só”.
Nas horas vagas, Juany recita poemas nas casas, nos bares também através de um perfil no Youtube. Então, basta digitar “Juanyando Poemas” no Youtube. as que ouvia na infância, no sertão pernambucano, com os dias de hoje.
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