• Guia21
  • Assine
  • Quem somos
  • Fale conosco
  • Sul21

Guia21

Cinema, teatro, literatura, música e exposições


MENUMENU
  • Acontece em POA
  • Cinema e TV
  • Música
  • Teatro e Dança
  • Livros
  • Exposições
  • Gratuitos
  • Cursos
  • Infantil

Boitempo lança Cabo de Guerra, romance focado na ditadura militar brasileira

junho 13, 2016 By Milton Ribeiro Deixe um comentário

História invoca fantasmas da sociedade brasileira: os dois polos da ditadura militar.

Do Acesso Cultural

A formação de um cachorro, seu treinamento e sua reintrodução na organização de origem já como agente, tornou-se uma das mais sofisticadas operações dos órgãos de repressão, o polo oposto da sanguinária tortura. Infiltrados em quase todas as organizações clandestinas, os “cachorros” desempenhariam papel crucial na liquidação final dos militantes dessas organizações, decidida pelos militares a partir de 1973, ao se vislumbrar no horizonte o fim da ditadura. Liquidar de vez os militantes passa a ser a prioridade da repressão, ainda que às custas de expor a identidade dos seus “cachorros”. A forma utilizada foi a do “desaparecimento”. Os militantes eram sequestrados e assassinados à margem do sistema legal de repressão, e seus corpos dispostos de modo tal que jamais fossem encontrados.

O “cachorro” de Cabo de guerra é um tipo medíocre, que se deixa levar por qualquer um. Um pobre de espírito e um fraco de caráter. É mais por acaso do que por convicção que ele chega à luta armada e também por acaso se torna informante das forças de repressão. Nem foi preciso torturá-lo. A história é narrada em primeira pessoa por ele próprio, que intercala aos episódios da trama central, recordações de uma infância traumática, na qual testemunhou a morte violenta do pai. Sofre, por isso, surtos alucinatórios.

O título remete à disputa que se deveria dar na mente de um “cachorro” entre a força maligna que o leva à traição, alimentada basicamente pelo oportunismo e o instinto de sobrevivência, e uma suposta força contrária oriunda do impedimento moral de todo humano à traição e à desonra, mas quase inexistente no sinistro personagem deste Cabo de guerra e obviamente derrotada.

cabodeguerra

No final da década de 1960, um rapaz deixa o aconchego da casa materna na Bahia para tentar a sorte em São Paulo. Em meio à efervescência política da época, que não fazia parte de seus planos, ele flerta com a militância de esquerda, vai parar nos porões da ditadura e muda radicalmente de rumo, selando não apenas seu destino, mas o de muitos de seus ex-companheiros.

Quarenta anos depois, ainda é difícil o balanço: como decidir entre dois lados, dois polos, duas pontas do cabo de guerra que lhe ofertaram? E, entre as visões fantasmagóricas que o assaltam desde criança e a realidade que ele acredita enxergar, esse protagonista com vocação para coadjuvante se entrega durante três dias a um estranho acerto de contas com a própria existência. Assistido por uma irmã devota e rodeado por uma série de personagens emersos de páginas infelizes, ele chafurda numa ferida eternamente aberta na história do país.

Narradora talentosa, Ivone Benedetti tem pleno domínio da construção do romance. Num texto em que nenhum elemento aparece por acaso e no qual, a cada leitura, uma nova referência se revela, o leitor se vê completamente envolvido pela história de um protagonista desprovido de paixões, dono de uma biografia banal e indiferente à polarização política que tanto marcou a década de 1970 no Brasil. Essa figura anônima será, nessa ficção histórica, peça fundamental no desfecho de um trágico enredo.

Neste Cabo de guerra, são inúmeras e incômodas as pontes lançadas entre passado e presente, entre realidade e invenção. Para mencionar apenas uma, a abordagem do ato de delação política não poderia ser mais instigante para a reflexão sobre o Brasil contemporâneo.

Arquivado em: Livros

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.

Acontece em Poa

Festival Cuida Natura fomenta cuidado com meio ambiente e inclusão social pela arte e cultura

2ª temporada da websérie ‘Confessionário – Relatos de Casa’ estreia nesta segunda (22)

Secretaria de Cultura retoma atendimentos presenciais em parte dos espaços culturais de Porto Alegre

Publicidade

Teatro e dança

Em formato online, Mostra de Dança e Teatro de Origem Africana chega à 9ª edição

A Casa de Teatro de Porto Alegre apresenta “Ensaios Intermitentes”

Arte como Ciência apresenta entrevista com Jessé Oliveira sobre Teatro Negro no RS

Exposições

Cláudia Sperb marca 30 anos de arte com exposição na Fundação Ecarta  

Espaço 900 recebe ‘Pop-Mosaïque’, série de mosaicos de Guto Villaverde

Mostra ‘Obras aleatórias de uma pandemia: exposições imprevistas’ acontece no Espaço 900

Publicidade

Infantil

Fundação Iberê oferece Colônia de Férias em julho

Orquestra de Brinquedos faz curta temporada em Porto Alegre, em julho, no São Pedro

Projeto Discriminação

http://aprs.org.br/projeto-discriminacao/

Sobre o Guia21

Todas as semanas, o Sul21 traz indicações de filmes, peças de teatro, exposições e música para seus leitores.

Não se trata de uma programação completa, mas de recomendações dos melhores espetáculos que assistimos.

O critério é a qualidade. Se você tiver sugestões sobre o formato e conteúdo de nosso guia, por favor, comente. Boa semana!

Últimas publicações

  • Em formato online, Mostra de Dança e Teatro de Origem Africana chega à 9ª edição
  • Festival Cuida Natura fomenta cuidado com meio ambiente e inclusão social pela arte e cultura
  • Projeto resgata a história e a arte de mulheres negras gaúchas no cinema
  • Márcia Barbosa apresenta um livro repleto de poesia urgente

Buscar no Guia21

Copyright © 2025 · Magazine Pro Theme On Genesis Framework · WordPress · Login