Gentileza gera Gentileza — 11º Happy Hour Singullar encerra o ano espalhando gentileza

O já tradicional Happy Hour Singullar fecha o ano com um evento inspirado no Profeta Gentileza, um mimo de Natal que acontece no dia 14 de dezembro, das 18h às 21h30min, na Singullar Presentes. Entre as atrações, varal com a história do Profeta, árvore para as pessoas montarem juntas, brincadeiras sobre as virtudes e declarações de afeto. A proposta é espalhar gentilezas. O evento é gratuito e aberto ao público.

Profeta Gentileza

Para quem não conhece, Gentileza chamava-se José Datrino e viveu de 1917 a 1996. Foi um andarilho urbano no Rio de Janeiro, um pregador de barba longa e túnica branca, que escrevia mensagens pelas ruas, especialmente no viaduto da Avenida Brasil, zona portuária carioca. “Gentileza gera Gentileza” é a mais conhecida. De comportamento atípico e contraditório, teve uma infância de muito trabalho. Lidava diretamente com a terra e com os animais para ajudar a família. Amansava burros para o transporte de cargas, o que o levou a dizer, já conhecido como profeta, que era “um amansador dos burros homens da cidade que não tinham esclarecimento”. Seus pais chegaram a procurar ajuda para entender seu comportamento esquisito.

O incêndio do Gran Circus Norte-Americano em Niterói no dia 17 de dezembro de 1961, tragédia que vitimou mais de 500 pessoas, foi definitivo na vida de José. Ele foi para o local como voluntário, ficou por lá quatro anos e ganhou o nome de Profeta Gentileza. Depois, passou a andar pelas ruas, praças, trens, ônibus e barcas entre Rio e Niterói. Fazia pregações pela bondade, amor, respeito ao próximo e à natureza. Quando o chamavam de louco, dizia: “Sou maluco para te amar e louco para te salvar”. Contraditório, assim como falava em gentileza como um mantra, era agressivo, moralista e desbocado, segundo pessoas que conviveram com ele entre 1960 e 1970. Antes de se tornar conhecido, tinha uma empresa de transporte de cargas. Morreu aos 79 anos em Mirandópolis/SP, cidade da família.

A editora da Universidade Federal Fluminense/EDUFF publicou, no final de 2000, o livro “Brasil: Tempo de Gentileza”, do professor Leonardo Guelman, obra que aproxima o leitor do Profeta. Guelman lançou também um vídeo e um CD-ROM com o título “Universo Gentileza: a gênese de um mito contemporâneo”. Em 2001, Gentileza foi homenageado pela Escola de Samba GRES Acadêmicos do Grande Rio, por iniciativa de Joãozinho Trinta. Em 2009, a novela “Caminho das Indias”, TV Globo, criou um personagem interpretado por Paulo José para homenageá-lo. Em Conselheiro Lafaiete, interior de Minas Gerais onde morou, uma ONG chamada AMAR dá continuidade ao seu trabalho. Gonzaguinha e Marisa Monte homenagearam o Profeta nos anos 1990, com canções chamadas Gentileza. Uma ONG de Mirandópolis também valoriza sua missão através da música, teatro, poesia e dança.

Gentileza denunciava o mundo regido “pelo capeta capital que vende tudo e destrói tudo”. Via no circo destruído uma metáfora do circomundo, que também será destruído. Para ele, gentileza era o remédio para todos os males, antídoto para a brutalidade do sistema e das relações, um novo e necessário paradigma civilizatório. Por mais de 20 anos circulou pela cidade com seu estandarte, pregando a gentileza.

Para referência

A Singullar é uma loja de presentes, moda e cultura. Trabalha com produtos artesanais e peças exclusivas, que trazem em si criatividade, originalidade, histórias de vida e da cultura local,  tanto em artigos para vestuário, decoração e culinária, opções únicas e repletas de significado para os turistas que querem levar uma lembrança da cidade.