Realizado pela Secretaria Municipal da Cultura, o festival acontece no Parque Capão do Corvo com shows gratuitos dos grupos argentinos Escalandrum e La Chicana no dia 21 de novembro e do quinteto gaúcho Jazz 6, além do conjunto vocal sul-africano Ladysmith Black Mambazo, no dia 22
Famoso pela excelente programação, o Canoas Jazz chega à quinta edição este ano trazendo para a cidade da Região Metropolitana quatro renomadas atrações musicais. Realizado pela Secretaria Municipal da Cultura, o evento com entrada franca acontecerá nos dias 21 e 22 de novembro, a partir das 19h, no Parque Getúlio Vargas (Capão do Corvo).
Com o objetivo de democratizar um movimento cultural consagrado, a Prefeitura de Canoas insere o festival mais uma vez na programação do município. “Junto com a Feira do Livro, o Canoas Jazz é o principal evento do calendário cultural da cidade. Na sua quinta edição, consolida sua importância como um dos grandes momentos da música no Rio Grande do Sul”, analisa Luciano Alabarse, Secretário da Cultura de Canoas. “Artistas de renome internacional trocam experiência com os mais importantes da música gaúcha. Tudo isso num parque belíssimo, com acesso gratuito a todos os interessados. Duas noites para entrar para a história. Quem perder, vai se arrepender. Fica a dica: o Canoas Jazz é imperdível”, adianta o Secretário.
A primeira noite contará com duas formações argentinas. O sexteto Escalandrum, liderado pelo baterista Daniel “Pipi” Piazzolla – neto de Astor Piazzolla –, abre a programação apresentando o álbum Piazzolla plays Piazzolla. Depois, Dolores Solá e Acho Estol, do grupo La Chicana, sobem ao palco para fazer o lançamento mundial do disco La Pampa Grande. O encontro terá participação de Arthur de Faria, Giovanni Berti, Luiz Carlos Borges, Hique Gomez e Antonio Villeroy, apresentando canções como Romaria (Renato Teixeira), Dois Mil e Um (Rita Lee e Tom Zé), e Valsa para uma Menininha (Vinicius de Moraes e Toquinho).
A segunda data começa com show do quinteto gaúcho Jazz 6. Com o escritor Luis Fernando Verissimo no sax alto, o grupo surpreende pelo improviso e desenvoltura ao mesclar o estilo jazzístico ao balanço brasileiro, em uma mistura de muito bom gosto. O encerramento fica por conta do conjunto vocal masculino sul-africano Ladysmith Black Mambazo, que fará sua primeira apresentação no Rio Grande do Sul. Criado no início da década de 1960 por Joseph Shabalala, o grupo tem propagado a cultura de seu país com ritmos e harmonias à capella tradicionais da cultura local. Em 1986, ganharam destaque mundial ao participarem do álbum Graceland, do cantor e compositor norte-americano Paul Simon.
Atrações Musicais
ESCALANDRUM (Argentina)
O baterista Daniel “Pipi” Piazzolla, neto de Astor Piazzolla, formou a Escalandrum em 1999. O sexteto argentino especializado em tango eletrônico, que conta com os músicos Mariano Sívori (contrabaixo), Martín Pantyrer (clarinete baixo e sax barítono), Nicolás Guerschberg (piano) Damián Fogiel (sax tenor) e Gustavo Musso (sax alto e sax soprano), já levou sua proposta artística a mais de 40 países, tendo se apresentado nos lugares mais destacados dos cinco continentes.
O nome do grupo surgiu da combinação das palavras escalandrún (uma espécie argentina de tubarão que “Pipi” costuma pescar com seu pai Daniel – atividade familiar iniciada por seu avô Astor) e drum (tradução de tambor em inglês). Com 15 anos de trajetória, o conjunto já lançou seis álbuns de música original: Bar los amigos (2000), Estados Alterados (2002), Sexteto en movimiento (2004), Misterioso (2006), Visiones (2008), Vèrtigo (2013) e a homenagem a Astor Piazzolla intitulada Piazzolla plays Piazzolla (2011).
Esse último disco será o destaque do show preparado para o Canoas Jazz. O álbum foi apresentado oficialmente em Buenos Aires no teatro Gran Rex para quase 3 mil pessoas, contando com a participação especial de Paquito D’Rivera. O trabalho teve uma ampla repercussão de público e na imprensa como nunca havia sido visto antes com um grupo de jazz ou tango na Argentina. Piazzolla plays Piazzolla também ganhou três prêmios Gardel (o mais importante da música argentina): Melhor Álbum de Jazz, Melhor Álbum do Ano e Gardel de Ouro – título que já foi recebido por grandes nomes da Música Popular Argentina como Mercedes Sosa, Luis Alberto Spinetta, Charly García e Fito Paez.
LA CHICANA (Argentina)
Liderado pelos músicos Dolores Solá (voz) e Acho Estol (guitarra), o grupo argentino La Chicana conheceu o Rio Grande do Sul em 1999, durante o festival de Buenos Aires em Porto Alegre e voltou no ano seguinte para participar do Porto Alegre em Cena. Para o conjunto, foi uma grande revelação se aproximar da música gaúcha e reconhecer tanto território musical em comum e o descobrimento da estética do frio. Os músicos se encantaram com o trabalho de Vitor Ramil, as canções de Mauro Moraes na voz de Bebeto Alves, o acordeom do maestro Luiz Carlos Borges, o delírio lírico de Hique Gomez, o ecletismo lúdico de Arthur de Faria e Antonio Villeroy, além do swing de Giovanni Berti.
O encontro entre os músicos do Rio Grande do Sul e da Argentina deram ao grupo liberdade para abordar o tradicional e renovar o que era visto em seu país. Dividindo momentos em Buenos Aires e Porto Alegre, trocaram vinhos, discos e parcerias, sempre com a ajuda, generosidade e trabalho de Luciano Alabarse e Carlos Villaba. E é por isso que depois de tantos anos vivendo em uma América mais unida, mais irmã e mais consolidada na realização de seus sonhos que o conjunto cumpre a sua meta lançando o disco La Pampa Grande com queridos amigos gaúchos durante o Canoas Jazz. O encontro terá participação de Arthur de Faria, Giovanni Berti, Luiz Carlos Borges, Hique Gomez e Antonio Villeroy, apresentando canções como Romaria (Renato Teixeira), Dois Mil e Um (Rita Lee e Tom Zé), Com o violão na garupa (Mauro Moraes), Noite de São João (Vitor Ramil e Fernando Pessoa), Valsa para uma Menininha (Vinicius de Moraes e Toquinho) e Jatobá (Mestre Ambrósio), além de composições de Acho Estol.
O conjunto La Chicana se formou em 1996 impondo uma sonoridade roqueira e experimental para músicas antigas e desenvolvendo um vocabulário original para suas próprias canções de tango com uma forte pegada cínica e pós-moderna. Seu primeiro disco Ayer yor era mañana (1997) ganhou o prêmio da Unesco. O sucessor Un giro extraño (2000) foi votado disco do ano por Leon Gieco. O trabalho seguinte, Tango agazapado (2003) ganhou o prêmio Gardel 2004 e foi distinguido pelo jornal El País (Espanha), como um dos melhores discos dos últimos 20 anos. A partir de então, lançaram sua discografia na Europa e Lejos (2006) foi o disco do ano da Revista FM (Espanha).
Foram protagonistas do longa-metragem Tango, Un Giro Extraño (2004) de Mercedes García Guevara, e, em 2006, Dolores Solá interpretou uma cantora de tango em Ciudad en celo, filme de ficção que ganhou o prêmio do público no Festival de Mar del Plata e o título de Melhor Ópera no Festival de Valladolid. Em 2011, protagonizaram o documentário Tango en el Tasso, com Leopoldo Federico, Horacio Salgan, Susana Rinaldi e Adriana Varela. Neste mesmo ano, lançaram o quinto disco Revolución o Picnic, com grande repercussão. Em agosto de 2015, divulgaram o sexto álbum, Antihéroes y Tumbas.
JAZZ 6 (Rio Grande do Sul)
O Jazz 6 reúne quatro músicos profissionais e um quinto artista completo e multitalentoso: Luis Fernando Verissimo, cronista, jornalista, cartunista; um dos escritores mais queridos e populares do Brasil, que participa dos shows com seu sax alto. Completam o grupo Luiz Mauro Filho no piano e no teclado, Luiz Fernando Rocha no trumpete e no flugel-horn, Jorge Gerhardt no contrabaixo e Edison Espíndola na bateria. O quinteto surpreende pelo improviso e desenvoltura ao mesclar o estilo jazzístico ao balanço brasileiro, em uma mistura de muito bom gosto.
A ideia de formar o grupo se deu através de uma apresentação informal em um café de Porto Alegre, reunindo artistas com gosto comum pelo Jazz Instrumental e a Bossa Nova. A partir de sua primeira apresentação, o grupo começou a receber diversos convites para participações nos mais variados locais, inicialmente na Capital, depois no interior e a seguir em outros estados do país.
O conjunto já contabiliza em sua discografia seis discos gravados. O primeiro, realizado em Porto Alegre em 1998, Agora é a Hora, contém pérolas do Jazz americano compostas por Thelonius Monk, Charlie Parker, Duke Ellington e Sadao Watanabe. Além de Now Is The Time de Charlie Parker, que dá nome ao disco, há ainda composições de integrantes do grupo como Foyerismo e Mares do Sul, de Jorge Gerhardt, e Primeira Edição, de Adão Pinheiro. O segundo CD, também gravado em Porto Alegre em 2001, Speak Low, apresenta em seu repertório, clássicos do jazz como Love is Here To Stay e Embraceable You, de George Gershwin, Take “A” Train e Sophisticated Lady, ambos de Duke Ellington, e Night In Tunísia, de Dizzie Gillespie, com destaque para Moonlight in Vermont, de Karl Suessdorf.
O terceiro trabalho, A Bossa do Jazz, gravado em 2003 em São Paulo, é “uma homenagem distraída à Tom Jobim” que evidencia a versatilidade do grupo integrando a Bossa Nova e o Jazz. No repertório há temas brasileiros como Corcovado, Vivo Sonhando, Meditação, Amor em Paz e Wave, de Tom Jobim, além das internacionais One More Kiss Dear, de Vangelis, As Times Goes By, de Herman Hupfeld, e Watch What Happens, de Michel Legrand. No quarto álbum, Four, gravado em 2007 em São Paulo, o grupo mantém seu estilo original, trazendo preciosidades da música brasileira como Vivo Sonhando, de Tom Jobim, Samba de Verão, de Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle, A Rã, de João Donato e Caetano Veloso, e composições de Miles Davis, Jon Hendricks, Gary Campbell, Ramsey Lewis, Duke Ellington e Ted Snyder.
Em seu quinto disco, Nas Nuvens, o quinteto apresenta músicas de reconhecida qualidade estética como Sentimental Journey, de L. Brown e B. Hommer, Sweet Georgia Brown, de B. Bernie e Lullaby Of Birdland, de George Shearing, aproximando criativamente o estilo jazzístico e os ritmos brasileiros, resgatando temas clássicos internacionais presentes na memória cultural, preservando e inovando numa mistura de muito bom tom.
LADYSMITH BLACK MAMBAZO (África do Sul)
Formado no início da década de 1960, o Ladysmith Black Mambazo é um grupo vocal masculino cujo repertório é integrado por ritmos tradicionais da África do Sul. Uma mistura melodiosa de pertencimento, saudade e esperança permeia as canções destes artistas que ganharam destaque em todo o mundo ao participarem do álbum do cantor e compositor norte-americano Paul Simon, Graceland, lançado em 1986 e agraciado com três Grammy Awards.
Criado por Joseph Shabalala, o conjunto segue ensinando as pessoas, ao redor do mundo, sobre a África do Sul e sua cultura. Foi assim nas mais recentes turnês da Ladysmith Black Mambazo por países como Inglaterra, Escócia, Rússia, Irlanda, China e Estados Unidos. E promete ser também assim no Brasil, onde o grupo desembarca pela segunda vez. O show no Canoas Jazz será o primeiro a ser feito pelos músicos no Rio Grande do Sul. Em 2014, celebraram 50 anos de uma música prazerosa e edificante, com ritmos e harmonias intrincadas da mais pura tradição seu país. O grupo vocal à cappella criou um som que cativou audiências por todo mundo, acumulando elogios e honras de povos, organizações e países.
O título do conjunto vem de Joseph, que na década de 1960 era um jovem menino de fazenda que virou operário. Ele combinou seu nome com o de sua cidade natal Ladysmith e a palavra Black, uma referência ao boi, o mais forte animal das fazendas, além de Mambazo, que vêm do dialeto zulu e traduz a habilidade do grupo para o “chop down”, quando venciam qualquer um que desafiasse este seu poder.
Um programa de rádio em 1970 abriu as portas para seu primeiro contrato de gravação – o principio de uma discografia ambiciosa que hoje inclui mais de cinquenta gravações. Sua filosofia em estúdio era, e continua sendo, não só preservar a herança musical como entreter. O grupo se inspirou em uma música tradicional chamada isicathamiya, que se desenvolveu nas minas da África do Sul, onde trabalhadores negros eram levados de trem para trabalhar longe de seus lares e familiares. Eles se entretinham, depois de seis dias de trabalho na semana, cantando canções nas madrugadas dos domingos. Quando os mineiros retornavam a suas terras natais, esta tradição musical voltava com eles.
Durante os anos 1970 e 1980, Ladysmith Black Mambazo estabeleceu-se como o mais bem sucedido grupo vocal da África do Sul. Na metade dos anos 1980, Paul Simon visitou a África do Sul e incorporou as ricas harmonias vocais do grupo ao seu famoso álbum Graceland, um disco seminal que introduziu a world music ao mainstream. Um ano depois, Paul Simon produziu o primeiro disco do grupo que teve lançamento mundial, Shaka Zulu, vencedor do Grammy de Melhor Gravação Folk, em 1988. Desde então, o grupo conquistou mais dois Grammy, com Raise your spirit higher (2004) e Ilembe (2009) e foi indicado mais 15 vezes ao prêmio.
Além de seu trabalho com Paul Simon, o grupo gravou com vários artistas, incluindo Stevie Wonder, Dolly Parton, Sarah McLachlan, Josh Groban, Emmylou Harris e Melissa Etheridge. O conjunto apareceu também no vídeo Moonwalker, de Michael Jackson, e no filme Do It A Cappella, de Spike Lee. Eles tem fornecido trilha sonora também para diversos filmes, como O Rei Leão, Parte II (Disney) Um Príncipe em Nova Iorque (Eddie Murphy), Assassinato sob Custódia (Marlon Brando), A Liga Extraordinária (Sean Connery), Os Deserdados (James Earl Jones ) e Invictus (Clint Eastwood). Um documentário intitulado On Tip Toe: Gentle Steps to Freedom, que conta a história do Ladysmith Black Mambazo, foi indicado ao Academy Award. O grupo apareceu também na Broadway e foi indicado ao Tony Awards e venceu um Drama Desk Award. Mais recentemente, fizeram parte de shows do The Family Guy e do filme Mean Girls (But you love Ladysmith Black Mambazo).
Em 2013, o grupo realizou Live: Singing For Peace Around The World, uma coletânea de canções gravadas durante suas turnês mundiais de 2011 e 2012. Em dezembro de 2013, o CD foi indicado para Grammy Awards na categoria Best World Music CD de 2013. Em 2014, o grupo gravou seu novo disco Always With Us, um tributo a matriarca do grupo Nellie Shabalala, esposa de Joseph Shabalala, que faleceu em 2002. Esta coleção de canções foi gravada por Nellie com seu coro de igreja em 2001, e o grupo gravou suas vozes com as canções de Nellie, num lindo tributo a sua vida e memória.
SERVIÇO
5O CANOAS JAZZ
Dias 21 e 22 de novembro
Sábado e domingo, a partir das 19h
Parque Municipal Getúlio Vargas (Capão do Corvo)
Rua Dona Rafaela, 700 – Bairro Marechal Rondon – Canoas/RS
ENTRADA FRANCA
PROGRAMAÇÃO:
Dia 21 de novembro (19h30 – Escalandrum | 21h – La Chicana)
Dia 22 de novembro (19h30 Jazz 6 | 21h Ladysmith Black Mambazo)
Deixe um comentário