Após restauro, Igreja São Domingos de Torres será reinaugurada
A Igreja São Domingos de Torres, bem tombado pelo patrimônio histórico e precioso elemento da memória histórica e religiosa do Rio Grande do Sul, passou por um importante processo de restauro. Após 7 anos de obras, a Igreja será entregue à comunidade de Torres.
A reinauguração está agendada pra o dia 8 de abril de 2017, às 10h30, na Rua Padre Lamonaco, nº 2, Morro do Farol. E às 15h30 serão realizadas as palestras “Igreja São Domingos de Torres – a viabilização do projeto de restauração através das leis de incentivo à Cultura”, ministrada pelos gestores culturais Lucia Silber e Manuel Dias, da Lahtu Sensu Administração Cultural e “Primórdios da Capela e Matriz de São Domingos das Torres – 1815 – 1856” com o jornalista Nelson Adams Filho, Coordenador do Centro de Estudos da História de Torres e Região, e demais membros da entidade.
A edificação da Capela de São Domingos, iniciada em 1820 e inaugurada em 24 de outubro de 1824, constitui-se na primeira igreja construída no trecho litorâneo entre Laguna (SC) e Osório (RS), sendo a segunda mais antiga no litoral do Estado. Localizada no Morro do Farol, é o marco inicial do núcleo urbano de Torres, pois foi a partir da igreja que a cidade se desenvolveu.
Erguida por prisioneiros de guerra, guarani-cristãos castelhanos, a edificação é representativa da arquitetura luso-brasileira com trato barroco. O prédio e sua decoração interna têm um estilo eclético, com alguns traços neoclássicos e mesmo neogóticos. Sua única torre foi erguida em 1898 pelo Padre José Lamônaco. Encontram-se, em sua lateral direita, as fundações da segunda torre, que não foi concluída. Junto à igreja, está localizada a Casa n°1, que recebeu o Imperador D.Pedro I em sua passagem pelo local.
Em 1983, a Igreja Matriz de São Domingos, passou a integrar o patrimônio cultural do Estado, através da Portaria de Tombamento n°5/83.
Projeto
Em 2004, foi elaborado o projeto arquitetônico de restauro, assinado pelo arquiteto Edegar Bittencourt da Luz. Em dezembro de 2010, o projeto foi aprovado junto ao PRONAC e, em abril de 2011, junto à LIC-RS. Desde então, uma equipe multidisciplinar liderada pelo Bispo Dom Jaime Kohl, da Mitra de Osório, que investiu os recursos necessários para a elaboração dos projetos, tem se empenhado incansavelmente na captação dos valores que vêm viabilizando as obras.
Estas iniciaram em 2010, com recursos do Fundo Nacional de Cultura (FNC) R$ 300.000,00 e contrapartida da Prefeitura Municipal de Torres (R$75.613,50) e Mitra Diocesana de Osório (R$ 59.559,98). Seguindo, em 2013, com o financiamento do Governo do Estado do Rio Grande do Sul por meio da lei de incentivo à cultura estadual (Pró-Cultura RS LIC), R$ 1.015.909,72, e do Governo Federal por meio da lei de incentivo à cultura nacional (Lei Rouanet), R$ 819.450,55, patrocinados pelas empresas Tramontina (patrocinadora máster), Gerdau, CEEE, Banrisul, Randon, Casa Perini, Malharia Anselmi, entre outras. O projeto tem execução da Arquium Construções e Restauro e gestão administrativa da Lahtu Sensu Administração Cultural. O custo total do projeto foi R$ 2.270.533,75.
Obra
Em 2008, a igreja foi interditada para o uso e visitação. Quando foi iniciada a restauração em 2010, o estado físico estava comprometido por infiltrações nas paredes e a torre e a fachada estavam num avançado grau de erosão pluvial e eólica.
Foram mantidos sua estrutura e estilo original evidenciando as fases históricas da mesma. As intervenções gerais para restauro, definidas conceitualmente como conservacionistas, ocorreram a partir da estabilização das estruturas murarias em pedra e barro, e das estruturas da cobertura e beirados. A equipe procedeu a colocação de reboco transpirável em cal e areia, além da requalificação dos elementos de vedação em esquadrias de madeira, restauradas ou novas. Além disso, a estrutura de forros e pisos foram substituídos por madeira de alta densidade.
Também foram restaurados os bens integrados (imagens de santos em madeira e mobiliário) além da pavimentação do adro e dos blocos de arenito em cantaria, com a pintura a base de cal. A etapa final da obra consistiu na dotação de infraestrutura de instalações hidráulicas, elétricas e proteção a incêndio e segurança, bem como na implantação do sistema de drenagem e escoamento das águas pluviais e de acessibilidade.
Dom Jaime comenta sobre a importância da preservação deste importante monumento histórico. “A revitalização da Igreja São Domingos vai restituir à comunidade do município e do Estado este valioso imóvel, referência da arquitetura neo-colonial brasileira. A comunidade torrense poderá voltar a frequentá-la para suas celebrações, e a visitação dos turistas será retomada.”