Sandro Ka apresenta exposição individual com curadoria de Ana Albani de Carvalho, a partir de 12 de setembro no Museu do Trabalho

No dia 12 de setembro o artista Sandro Ka inaugura sua nova mostra, Paisagem Comum, no Museu do Trabalho, em Porto Alegre. Com curadoria de Ana Albani de Carvalho, o artista preparou uma série de trabalhos inéditos, entre objetos e instalações site-specific projetadas especialmente para o espaço expositivo, tendo como elementos centrais peças de jogos de quebra-cabeça. Partindo do imaginário comum, Sandro realiza combinações entre distintas estampas de paisagem de visual kitsch, na intenção de promover jogos associativos e narrativos com a memória e as lembranças afetivas do público.

Segundo a proposta curatorial, em Paisagem Comum, por meio de proposições que exploram o procedimento da apropriação, o artista investe na potência crítica do humor e da ironia como forma de discutir a validade das regras que delimitam socialmente a noção de “bom-gosto” e as definições convencionais do que entendemos como “obra de arte”. A proposta atual se associa ao universo investigativo do artista, com interesse pelo estabelecimento de novos sentidos a objetos cotidianos relacionados à indústria cultural, por meio do procedimento da apropriação, expandido para questões acerca do tema da paisagem, da memória e da pintura, enquanto estratégia de composição. O processo investigativo se apresenta como um desdobramento da pesquisa de doutorado do artista, na área de Poéticas Visuais, desenvolvida junto ao Programa de Pós-graduação em Artes Visuais da UFRGS.

Artista visual e pesquisador, doutorando e mestre em Artes Visuais (PPGAV/UFRGS) e bacharel em Artes Plásticas (DAV/UFRGS), Sandro Ka realiza exposições individuais e participa de exposições coletivas, desenvolvendo produções nos campos da escultura, desenho, instalação e intervenção urbana. A ação urbana Piscina (Praça da Alfândega, Porto Alegre, RS, 2015), as exposições individuais Paisaje Común (Espacio de Arte Contemporáneo, Montevidéu, 2018), Tanto Barulho por Nada (MARGS, POA/RS), Deixa Estar (MACRS, Porto Alegre/RS, 2013) e Relações Ordinárias (Paço Municipal, POA/RS, 2008); e as coletivas Queermuseu: Cartografias da diferença na arte brasileira (Parque Lage, Rio de Janeiro/RJ, 2018 e Santander Cultural, POA/RS, 2017), 1º Prêmio Aliança Francesa de Arte Contemporânea (Paço Municipal, POA/RS, 2017), Mostra SESC Cariri de Culturas (Juazeiro do Norte, CE, 2017, 2015 e 2014), O Triunfo do Contemporâneo (Santander Cultural, Porto Alegre, RS, 2012), Labirintos da Iconografia (MARGS, Porto Alegre, RS, 2011), Pixel: Unidade da Ideia (SESC, Aracaju, SE, 2009), 18º Salão da Câmara (Câmara Municipal, Porto Alegre, RS, 2008), 19º Salão Jovem Artista (MARGS, Porto Alegre, RS, 2006) e VIII Bienal do Recôncavo Baiano (Centro Cultural Dannemann, São Félix, BA, 2006), são destaques em sua carreira.

Vencedor do Prêmio Aliança Francesa de Arte Contemporânea – 3º Lugar (2017) e do Prêmio Açorianos de Artes Plásticas na categoria Destaque em Textos, Catálogos e Livros Publicados com a publicação Relações Ordinárias: Livro-Objeto de desejo (2009), o artista possui obras em importantes acervos como Fundação Vera Chaves Barcellos (Viamão/RS), MARGS (Porto Alegre/RS), MACRS (Porto Alegre/RS) e Sesc Juazeiro (Juazeiro do Norte/CE), entre outros.

A exposição Paisagem Comum pode ser visitada até o dia 14 de outubro de 2018, de terça a domingo, das 13h30min às 18h, e domingos. A entrada é franca.

Texto sobre a mostra – por Ana Albani de Carvalho/ curadora

Sandro Ka pertence a uma geração de jovens artistas brasileiros interessados nas múltiplas possibilidades e sentidos decorrentes das fricções e cruzamentos entre os campos da cultura popular e erudita, linhagem que encontra referências em vários momentos significativos da arte pós anos 60. Desde 2003, trabalhando com proposições que exploram o procedimento da apropriação, o artista investe na potência crítica do humor e da ironia como forma de discutir a validade das regras que delimitam socialmente a noção de “bom-gosto” e as definições convencionais do que entendemos como “obra de arte”.

Inscrita nesta linha de pesquisa artística, Paisagem Comum convida o espectador a participar de um jogo entre memória e invenção, entre o racional e o inconcebível, na tentativa de decifrar o código interno que preside a montagem de um quebra-cabeças. O ponto de partida para a instalação concebida para esta galeria consiste em coletar imagens que representem paisagens, no caso, cenas bucólicas com ar europeu e massificadas por reiterada repetição em ilustrações, cenas de filmes antigos, fotografias populares. Neste caso, 13 imagens foram escolhidas e reproduzidas como um jogo de quebra-cabeças nas dimensões de 30cm x 40cm. Cada imagem, por sua vez, foi multiplicada 10 vezes, possibilitando a criação de 130 “paisagens” distintas, através de jogos com inúmeras possibilidades de combinações, viabilizadas pelas peças moldadas em encaixes universais.

Por fim, na parede da galeria o artista realiza uma montagem específica, gerando uma espécie de narrativa visual sobre a paisagem: não linear, complexa, jogando com os vazios e com os desencaixes como se fossem as pausas ou os desencontros em uma conversa com um (des)conhecido familiar imaginário. Castelos, riachos, árvores e flores surgem em cenas que remetem a uma falsa memória, gerada por nossa repetida convivência com as imagens e produtos da indústria cultural de massa, produzindo uma sensação – ao mesmo tempo – de familiaridade e estranhamento. Paisagem é sempre jogo e resultado do olhar de quem observa, dualidade entre o mundo físico e os modos de ver o que manifesta em torno de nós. Nesse sentido, é sempre cultural, mais do que pura natureza. Para o espectador das paisagens ficcionais criadas por Sandro Ka está posto o desafio da imagem e o prazer de perder-se em seus labirintos visuais, pois o fio condutor de seu percurso é um segredo que somente o olhar atento poderá descobrir ou inventar.

Paisagem Comum, de Sandro Ka

De 12 de setembro a 14 de outubro de 2018
Terças a domingos das 13h30 às 18h
Museu do Trabalho – Rua dos Andradas, 230. Centro Histórico
Entrada franca
Mais informações: www.museudotrabalho.org