O Parque da Redenção sob um olhar estrangeiro
Jaqueline Silveira
Um olhar estrangeiro para as peculiaridades de um dos parques mais tradicionais de Porto Alegre, o Farroupilha ou da Redenção, como é conhecido. Essa foi a proposta do trabalho realizado pelas artistas chilenas Claudia Lee e Francisca Montes e que está retratado na Exposição Contiguo, aberta na última quarta-feira (25) na Galeria Ecarta.
O projeto adaptado ao Parque da Redenção é o mesmo executado pela Galeria Metropolitana, um espaço cultural independente implantado na periferia de Santiago, no Chile, há 17 anos. Lá, o mapeamento foi feito no Parque André Jarlan, Comuna de Pedro Aguirre Cerda. “Ela (galeria) funciona em uma garagem e recebe artistas do mundo inteiro”, contou o curador e diretor artístico da Galeria Ecarta, Leo Felipe. O espaço estrangeiro funciona em uma extensão da casa dos idealizadores, Ana María Saavedra e Luis Alarcón.
Na capital gaúcha, as artistas levaram uma semana para produzir o trabalho. Claudia se dedicou a recolher o lixo encontrado na Redenção, resíduos da cultura de massa característicos de Porto Alegre e, depois, reproduzi-los. Todos os objetos coletados no Parque ganharam um novo olhar. Entre eles, chupeta de criança, garrafas, canudinhos de plástico, madeira, embalagens e até uma cueca. Os objetos coletados foram lavados, esterilizados e transformados em obras. “Ela transforma o prosaico em escultura”, observou Leo Felipe. Todo o material encontrado foi registrado em fotos, que também integram a exposição.
Além disso, fazem parte de exposição parte do material coletado pela artista no trabalho feito no parque do Chile, como, por exemplo, embalagens de uma marca de vinho tradicional do país e muitas garrafas plásticas.
Já o trabalho de Francisca Montes foi produzido a partir de uma vista panorâmica do Parque da Redenção. O olhar foi captado por meio de um drone. Parte das imagens do vídeo foi extraída e exposta. A área ficou delimitada aos arredores do Monumento Expedicionário e retratam a rotina da Redenção à noite, como a circulação de pessoas e de carros nas ruas das proximidades.
O projeto da Galeria Metropolitana, conforme o curador e diretor artístico da Ecarta, identifica-se com a proposta do espaço cultural gaúcho. “É semelhante ao gente acredita, tem muito a ver”, comentou Leo Felipe.
Toda a produção do trabalho foi custeada pela galeria chilena e a montagem, pela Ecarta. A iniciativa, conforme Leo Felipe, foi levada para três capitais de países da América do Sul e por artistas diferentes. Além de Porto Alegre, México e Lima, no Peru, receberam exposições retratando a identidade desses locais. A captação dos recursos para bancar o projeto é feita pela participação em editais.
A mostra permanecerá na Ecarta até 24 de janeiro de 2016 e poderá ser visitada de terça a sexta-feira, das 10h às 19h, aos sábados, entre 10h e 20h, e aos domingos, das 10h às 18h.
Confira mais fotos da exposição: