Mostra fotográfica de Jorge Aguiar traz temática da periferia ao MARGS
O Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli convida para a exposição “Jorge Aguiar 4.2 ̶ Uma vida na fotografia documental”, com curadoria conjunta dos fotógrafos Nilton Santolin e Eurico Salis. A mostra fotográfica contêm 20 obras que retratam os mais de 40 anos de fotojornalismo de Jorge Aguiar, com abertura dia 7 de dezembro, às 19h, nas Salas Negras do MARGS.
No dia 14 de dezembro, às 16h, o público está convidado para um bate-papo com o fotógrafo e os curadores sobre a mostra “Jorge Aguiar 4.2 ̶ Uma vida na fotografia documental” e suas histórias sobre o registro fotojornalístico da vida nas periferias. O encontro, organizado pelo Núcleo Educativo do MARGS, acontece nas Salas Negras do museu, com entrada franca.
A exposição reúne imagens que correspondem a 10 documentários produzidos nos últimos 20 anos, totalizando 20 painéis que retratam o cotidiano de pessoas em situação de vulnerabilidade social.
O fotógrafo explica que concebe seu trabalho ouvindo histórias de vida e observando com olhar atento o dia a dia nas periferias das cidades. Cada tema leva em média dois anos até ser finalizado. O trabalho vai amadurecendo conforme ele visita os locais, a cada 15 dias, conversando com as pessoas, absorvendo suas realidades e entrelaçando suas histórias. Somente após o longo período de reconhecimento e pesquisa é que começam os registros fotográficos.
Um dos trabalhos que compõem a mostra intitulado “Manas Lisas da Periferia” é baseado na observação de mulheres das comunidades que estão assumindo sua negritude com orgulho. Assim, em contraponto ao quadro mais famoso do mundo, A Monalisa, o fotógrafo capta retratos de mulheres pobres, enquadradas por uma que ele coloca na frente delas.
Jorge destaca que, os pontos mais altos em sua carreira, são: o Prêmio Direitos Humanos, dado pela Unesco, em 2003, referente ao projeto “O fio da navalha”; o convite que recebeu para representar o país em 2005, ano ano que o Brasil foi homenageado pela França; e, por último, esta exposição, por se tratar do primeiro trabalho exclusivamente sobre periferia apresentado no MARGS. Além da mostra aberta ao público no museu, a mostra será apresentada em forma de varal fotográfico nas comunidades em que foram registradas.
A exposição pode ser visitada de 8 de dezembro a 28 de janeiro de 2018, com entrada gratuita. Visitas mediadas podem ser agendadas no e-mail educativo@margs.rs.gov.br.
Apresentação
Uma vez o diretor da agência Tony Stone me disse “o que importa no trabalho de um fotógrafo não é uma grande fotografia, mas o conjunto de sua obra.” Aqui em Porto Alegre nós temos um grande fotógrafo, Jorge Aguiar, que construiu sua trajetória com olhar voltado para documentar a vida dos pobres, dos desvalidos, e da vida simples, sempre com olhar tensionado, centrado na figura humana. Jorginho tem uma obra densa, definitiva. No seu trabalho de rua, ou “street photography”, estão presentes, lado a lado, de forma vibrante, a narrativa e a estética. Aquilo que forma a linguagem fotográfica, princípios que diferenciam o fotógrafo de verdade de um mero “batedor de fotos”.
Sem cair no ativismo ideológico, na denúncia partidária ou na estética panfletária, Jorge nos mostra uma realidade ácida, instigante, tão perto do nosso dia-a-dia, muitas vezes tão longe do nosso mundo. Vejam os exemplos do que estou falando nas imagens lúdicas da série Pradinho, ou nas imagens sensíveis da série Fio da Navalha, ou ainda, nas imagens ácidas da série, Hades – Mergulho no Inferno. São fotografias que seriam reconhecidas como obras de arte em qualquer galeria do mundo. Jorge Aguiar assim como Sebastião Salgado, é um fotógrafo de nosso tempo. Assim como Cartier-Bresson, é um fotógrafo de nossa história. Um artista que sabe documentar a vida como ela é, sem fazer concessões ou se apropriar de modismos e truques ingênuos tão presentes nas fotografias contemporâneas publicadas em redes sociais. Suas fotografias nos propõe uma reflexão permanente sobre a vida dos desvalidos.
As imagens desta retrospectiva fazem parte de dez documentários produzidos nos últimos vinte anos. Jorge Aguiar agora nos convida a percorrer o “conjunto de sua obra”, através de um conjunto de imagens que passa por Umbu, Pradinho, Pé de Meia, Hades – Mergulho no Inferno, Iemanjá, Oleiro, Meio Fio – Vida de Cadeirante, Fio da navalha, Santa Marta e Manaslisas. Uma obra tão complexa e tão simples, ao mesmo tempo. Uma obra local que atinge dimensão universal através de olhar singular. Um olhar que nos leva a conhecer um pouco mais da condição humana.
Eurico Salis – Fotógrafo
O fotógrafo
Jorge Aguiar tem 61 anos e é natural de Porto Alegre/RS, nascido e criado na Vila Jardim. Atua há 42 anos na fotografia jornalística e divide seu tempo entre aulas em workshops e oficinas de fotografias de rua.
Trabalhou no Jornal do Comércio, Zero Hora e no extinto Diário de Notícias. Participou de exposições internacionais na Espanha, França, Portugal, Japão e Iraque. É fundador do Instituto Luz Reveladora Photo da Lata, instituição sem fins lucrativos que ministra oficinas de pinhole a jovens e adultos em áreas de vulnerabilidade social.
É um dos grandes nomes da fotografia atual do Rio Grande do Sul, tendo recebido diversos prêmios, como o da VI Bienal de Fotografia da Europa em 1983. Com o projeto Photo da Lata/Fotógrafos Comunitários, recebeu, em 2003, o Prêmio Direitos Humanos da Unesco como melhor projeto de divulgação dos direitos humanos no RS. Expôs o seu acervo em diversos países como na Biblioteca de Documentação de Artes Contemporânea de Paris.
O trabalho em que mais se dedica e que gera maior reconhecimento nacional e internacional é o “Luz Reveladora – Photo da Lata”, por meio deste projeto o fotógrafo percorre periferias ministrando oficinas da técnica Pinhole a jovens e adultos em áreas de vulnerabilidade social.
Facebook: https://www.facebook.com/JorgeAguiarPhotographer
SERVIÇO
Exposição Jorge Aguiar 4.2 ̶ Uma vida na fotografia documental
Abertura: 7 de dezembro de 2017, às 19h
Visitação: De 8 de dezembro a 28 de janeiro de 2018, de terças a domingos, das 10h às 19h
Fotografia: Jorge Aguiar
Curadoria: Nilton Santolin e Eurico Salis
Local: Salas Negras do MARGS
Entrada Franca
Conversas com Artistas
Participantes: Jorge Aguiar, Nilton Santolin e Eurico Salis
Data: 14 de dezembro (quinta), às 16h
Local: Salas Negras do MARGS
Entrada Franca
70 lugares, por ordem de chegada