Exposição revela cultura das pistas de dança na Fundação Ecarta

Foto: Felipe Gaiesky
Foto: Felipe Gaiesky

A mostra coletiva The Dance Party acontece entre os dias 7 de outubro a 13 de novembro na Galeria Ecarta (Av. João Pessoa, 943), com entrada franca. A exposição que reunirá nove artistas brasileiros e estrangeiros, com diferentes origens e propostas, busca investigar as interações entre a arte e a cultura das pistas de dança – e os reflexos disso no cotidiano. A mostra integra a programação da terceira edição do Festival Kino Beat de música e performance audiovisual multimídia. A curadoria é de Gabriel Cevallos e Leo Felipe.

Gestada nos clubes noturnos de Londres e Nova York ainda nos anos 1970, a atmosfera que envolve as pistas de dança vai muito além da música e da performance de quem está ali, obviamente, dançando. Os comportamentos, a moda e a ideologia deste universo influencia, há 40 anos, os costumes, o consumo, a política e a produção artística de toda uma geração que encontrou nestes locais as suas referências. A mostra promete uma releitura destes cenários e uma interpretação da influência que esta cultura teve – e tem – na sociedade.

Além das obras e performances dos artistas, a programação inclui um registro do que é considerado a primeira rave urbana brasileira, uma festa que ocorreu simultaneamente em São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, em 1992. O seminário A Teoria da Festa vai discutir, com base em pressupostos teóricos, as questões políticas e epistemológicas deste movimento.

A abertura acontece na sexta-feira (07.10), às 20h30, com a cantora, compositora e produtora musical carioca e radicada em São Paulo, Érica Alves. A cantora apresentará algumas de suas canções em formato eletrônico com sintetizadores e drum machines, explorando sonoridades que vão do house e techno ao pós-punk. Ainda no dia da abertura, a partir das 22h, haverá uma festa de ocupação do coletivo Arruaça com apresentações dos Djs Alies, Érica Alves, Cashu, L_cio e Dominik.

Serviço:
O que: Mostra artística coletiva The Dance Party
Quando: abertura na sexta-feira (07.10), às 20h30, com Érica Alves. Visitação para a exposição: de 7 de outubro a 13 de novembro (de terça a sexta-feira, das 10h às 19h; sábado, das 10h às 20h; e domingo, das 10h às 18h)
Onde: Galeria Ecarta (Av. João Pessoa, 943, em Porto Alegre)
Entrada franca
Outras informações: 51. 4009 2970
www.fundacaoecarta.org.br

Saiba um pouco mais sobre os nove artistas e suas obras:

John Cage (Los Angeles, 1912-1992)
Goal: New Music, New Dance (texto, 1939)
Para John Cage, a arte é como a “estação experimental da liberdade”. No artigo de 1939 que integra a mostra, extraído do livro Silence, Cage aborda a relevância da música percussiva que no futuro seria feita pelas máquinas – previsão que se confirmou. Suas ideias, expostas neste texto, transformaram a nossa noção de música.

Déh Dullius (Canoas, 1988)
Disco fall (performance, 2016)
Sob o codinome Jesebel, a artista Déh Dullius cria roupas-personagens que desfilam por clubes noturnos e eventos sociais, fazendo de sua própria presença extravagante uma performance. Para o projeto, o artista usará como elemento criativo um dos ícones definidores da cultura das pistas: a disco ball.

Leyland Kirby (Stockport, 1974)
The Death of Rave (álbum, 2006)
O álbum do artista é uma seleção das 19 horas de áudio do projeto The Death of Rave. Nele, os hinos da era das raves no Reino Unido são extraídos da estrutura original que os sustenta, dando origem a uma sonoridade nova, que poderá ser experimentada pelo espectador.

Mark Leckey (Birkenhead, 1964)
Fiorucci made me hardcore (vídeo,1999)
O curta de 14 minutos, montado a partir de registros que vão da cena northern soul do início dos anos 1970 ao auge do acid house, é um tributo à cultura das pistas de dança no Reino Unido.

Giovanni Mad (Porto Alegre, 1974)
After (fotografia, 2009)
Giovanni Mad é um fotógrafo de festas cuja marca é a presença e a significação da sordidez. Um cinzeiro do artista japonês Yoshitomo Nara, cheio de desagradáveis baganas de cigarro, é a peça central de sua “natureza morta”. O conjunto da obra é um comentário sobre os ritos e vícios que fazem parte da cultura das pistas.

Alexandre Navarro Moreira (Porto Alegre, 1973)
AUTACOM_b2b (instalação, 2016)
As instalações da série AUTACOM se originam a partir do diálogo do artista com outros interlocutores, neste caso, os curadores da exposição. O artista opera em uma situação de agrupamento humano efêmero, ruidoso e afetado por estímulos sensoriais, a partir de expedientes como a apropriação, a sobreposição e o remix. Quase como um DJ diante de uma pista de dança.

Leigh Orpaz (Nova York, 1977)
Breakfast (vídeo, 2014)
As imagens em preto e branco que Orpaz captou em um clube de Tel Aviv que dá nome ao vídeo não parecem combinar com uma festa – são quase mortos-vivos confinados em um bunker. A proposta é oferecer, por meio desta reflexão, uma resistência ao mundo que torna-se mercadoria.

Luiz Roque (Cachoeira do Sul, 1979)
Cabeça com brinco (escultura, 2015)
Em sua pesquisa sobre a superficialidade, o artista plástico Luiz Roque aproxima as formas puras do modernismo ao corpo ambíguo, com a ideologia da sexualidade livre. Com isso, a cultura da noite passa a integrar a história de sua arte.

Katja Ruge (Hamburgo)
Can Love be synth? (fotografia, 2010)
A fotógrafa Katja Ruge se especializou em retratar o universo da música, tendo produzido imagens para revistas, livros, exposições e festivais. Na série Can Love be synth? ela registra sintetizadores analógicos clássicos, reverenciando um dos instrumentos que deram origem à música eletrônica das pistas. Katja, que também é DJ, criará um mix especial para a exposição.