Exposição leva múltiplas faces de dor e do belo para o Espaço Cultural Correios

Imagem: Divulgação

Os aborígenes acreditavam que ser retratados por alguém roubava-lhes a alma. Pela mesma razão, a arquitetura marroquina não registra figuras, apenas arabescos. Por aqui, a pintora Graça Craidy capta as almas e a essência de seus retratados em uma profícua produção artística que passa pela dor, pela denúncia e pela contemplação. Essas diversas manifestações, concretizadas em 115 obras, estarão expostas até o dia 4 de agosto, em dois grandes ambientes conjugados do Espaço Cultural Correios, localizada no térreo do Memorial do Rio Grande do Sul, em frente à Praça da Alfândega. O acesso é pela Rua Sepúlveda, no Centro Histórico de Porto Alegre.

Natural de Ijuí, publicitária formada na PUCRS na década de 1970, Graça sempre esteve ligada à criatividade. Trabalhou por 20 anos em agências de propaganda de São Paulo, onde também fez seu primeiro curso de desenho. Conheceu de perto as obras dos grandes mestres em viagens ao exterior. De volta à capital gaúcha, lecionou na ESPM e ingressou no Atelier Livre da Prefeitura de Porto Alegre. Paralelamente, fez cursos na Accademia D’Arte, em Florença, na Itália, e no Instituto Tomie Ohtake, na capital paulista, entre outros aprimoramentos contínuos. Suas obras já estiveram em mais de 40 exposições, em espaços como o MACRS, Memorial do RS, Paço Municipal, Assembleia Legislativa, Galeria Duque e Galeria Gravura. “A mulher que roubava almas” é a primeira que reúne toda sua produção em uma montagem retrospectiva, incluindo obras inéditas.

‘A mulher que roubava almas’ é uma exposição dividida em 12 módulos, sendo 4 inéditos. Em ‘Retratos da Morte’, a expressão chocante e desoladora de mulheres assassinadas por seus companheiros. Em ‘Retratos do Desespero’, a violência contra a mulher é retomada em uma série que aponta os crimes denunciados pela Lei Maria da Penha. O tema também está presente em ‘Retratos da Violência’, em manifestações contra o estupro e espancamento. Graça expõe ainda os inéditos ‘Retratos da Guerra’, onde aparecem a dor e itinerância sem rumo dos refugiados da Síria. Nos ‘Retratos da Resistência’ estão duas obras da série Quilombola, que mostram o reconhecimento da luta pela liberdade e dignificação da sua cultura.

Em ‘Retratos da Diversidade’, grandes painéis de 1,60m x 1m mostram a beleza e a multiplicidade do ser humano, com obras que revelam a expressividade de personalidades como a cantora Pabllo Vittar. Os ‘Retratos do Amor’ trazem beijos clássicos de cinema, como nos filmes Casablanca, La Dolce Vita, A um Passo da Eternidade e Bonequinha de Luxo. Os também inéditos ‘Retratos do Expressionismo’ e ‘Retratos da Arte’ são homenagens da artista a nomes que a inspiram como Iberê Camargo e o próprio Fernando Baril, e a grandes mulheres, como Elis Regina, Clarice Lispector e Virgínia Woolf. A admiração pelos pássaros, gatos e flores está em ‘Retratos da Natureza’.

Em suas mais recentes obras, a inventividade e a observação de quem retrata o sentimento humano afloram. Em ‘Retratos da Paixão’, Graça explora o vício de beber café em retratos nos quais a bebida aparece como matéria-prima inusitada. A série inédita “Retratos da Solidão” revela um olhar sobre o abandono da velhice em flagrantes de velhos e velhas nas janelas da cidade, uma expressão de compaixão da retratista que não rouba as almas, mas as coloca em evidência.

Serviço:

Exposição: A mulher que roubava almas

Período: de 3 a 31 de julho, de terça a sábado, das 10h às 18h

Local: Espaço Cultural Correios, localizado no térreo do Memorial do Rio Grande do Sul (entrada pela Rua Sepúlveda, no Centro Histórico, Porto Alegre).

Entrada Franca