‘Casa Barroso’ tem exposição prorrogada e segue na Quarta Cultural até julho
Quixadá, ou “curral de pedras”, é um paraíso brasileiro no sertão central. A terra dos monólitos que se estendem como icebergs rochosos e escaldantes até o costado das nuvens. O lugar onde as flores de maracujá florescem no “inverno” nevoento e chuvoso a apalpar a terra seca, a serenar os pensamentos, amarelando o ocaso brilhoso na fronteira do dia com a noite. Berço de escritores como Jáder de Carvalho e Rachel de Queiroz que, embora nascida em Fortaleza, adorava visitar a cidade e repousar as mãos em livros à sombra do arvoredo ou do alpendre da fazenda “Não Me Deixes”, herdada do pai. Hoje Rachel tem sua própria Casa em Quixadá, para preservar seus originais e suas memórias, erguida sobre um monólito e aberta para visitação pública no centro da cidade. E foi esta terra que Eduardo Cabeda escolheu para fotografar. Na verdade ele foi escolhido, ‘abduzido’ pela beleza, sensibilizado pela natureza, pelo tempo que passa lentamente ao redor.
Ao visitar Quixadá durante as gravações para uma série de tevê, enquanto a luz “cósmica” se debruçava sobre a locação, Eduardo foi chacoalhado pelo sossego das coisas profundas, maquinadas nos movimentos intermináveis duma vida confundida com silêncio. “Entre uma cena e outra, um plano e outro, ao se construir ‘a luz da luz’, é que me escapei, peguei o celular e cliquei esse ensaio ao acaso”, afirma. E assim se descobriu capaz de angular instantes a um público. Com o incentivo dos amigos e a possibilidade de participar do projeto Quarta Cultural, Eduardo, enfim, resolveu expor “A Casa Barroso’, uma homenagem ao personagem real, Francisco Leonardo Barroso.
“Quixadá é dona duma luz esmaltada, dourada e única na Terra. Uma beleza que apenas se agiganta no passar das horas feito um casamento emblemático com suas texturas naturais. Tudo então é lindo e triste ao mesmo tempo. Salgado e doce, como rir e chorar na mesma volta do ponteiro. A seca, por sinal, é um tipo de beleza doída, retumba: o tempo parado a espera da chuva. Uma chuva que chove assim, no vasto interim enquanto não vem. Nesse cenário é possível fixar os olhos na fila de caminhões pipa estacionados e empoeirados na entrada da cidade, tirando um cochilo do vaivém diário, e ficar preso na imagem sem fim. Mas, uma vez que se escape dela, se pode virar o pescoço para a tranquilidade das cabras que encaram o sol como se fosse a brisa na beira da estrada”. Assim poeticamente, Eduardo fala sobre essa terra, que registrou com a mesma poesia no olhar.
Eduardo Cabeda é diretor e roteirista, formado em Letras/Literatura pela UFRGS, Mestre em Escrita Criativa e foi professor de Narrativas Audiovisuais no programa de pós-graduação da ESPM-Sul. Também trabalhou para várias produtoras de Porto Alegre e já roteirizou e/ou dirigiu peças de teatro, curtas e longas-metragens, storytelling, filmes publicitários, documentários e séries de televisão para Grupos Exibidores de médio e grande porte, nacionais e internacionais, entre eles, TVE, TV Brasil, A&E Ole Networks, RBS TV e TV Unisinos.
A Quarta Cultural é uma iniciativa do Sicredi em parceria com o Ministério da Cultura, por meio da Lei de Incentivo à Cultura. Todos os eventos do projeto são gratuitos e abertos ao público. As mostras podem ser visitadas em horário comercial, de segundas a sextas-feiras, das 9h às 18h, na Av. Assis Brasil, 3940 – térreo.
Serviço:
Casa Barroso – exposição de fotos de Eduardo Cabeda
Visitação até 04 de julho
De segunda a sexta, das 9h às 18h
Biblioteca do Sicredi – Av. Assis Brasil, 3940 – térreo. Porto Alegre
Entrada franca
Produção: Liga Produção Cultural
Realização: Lei de Incentivo à Cultura – Ministério da Cultura
Apoio: Câmara Rio-Grandense do Livro