Simplifiquem, simplifiquem – Um Retrato de Thoreau

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O curso apresenta e discute as principais realizações literárias de Henry David Thoreau, o escritor que inspiraria Martin Luther King Jr. e Mahatma Gandhi, em quatro aulas. A complexa e riquíssima rede de influências que marca sua formação como escritor, de onde dois nomes são destacados: Ralph Waldo Emerson e William Wordsworth. Eduardo Vicentini de Medeiros discute as realizações do escritor em um estilo literário peculiar: o relato de viagem. Serão analisados seus ensaios e panfletos políticos mais destacados, com especial atenção para o conceito de ‘desobediência civil’, além de discutir sua obra-prima: “Walden” (1854).

Conteúdo Programático

Aula 1: Da Arte da Leitura Séria
Thoreau foi um leitor voraz. As primeiras horas da manhã – ‘nossas horas mais despertas e alertas’- eram dedicadas à leitura, esse exercício constante de compartilhar pontos de vista. Robert Sattelmeyer, no precioso estudo “Thoreau´s Reading”, listou 1478 obras diferentes que teriam sido objeto de sua atenta consideração: Botânica, clássicos gregos e latinos, poesia do Romantismo Inglês, História, Filosofia, relatos de viagem, escrituras de diversas religiões…seu cardápio era pantagruélico. Para demonstrar os efeitos da leitura séria na escrita de Thoreau, comentaremos dois autores e duas obras fundamentais na sua educação intelectual e sentimental: “Self-Reliance” (1841) de Ralph Waldo Emerson e “The Excursion” (1814) de William Wordsworth.

Aula 2: Da Arte de Sair do Lugar
Boa parte da produção textual de Thoreau assume a forma de relatos de excursões. Desde suas frequentes caminhadas vespertinas, passando por expedições fluviais na vizinhança de sua amada Concord, buscas nas praias de Cape Cod ou escaladas e aventuras nas florestas intocadas do Maine. Excursões e relatos de viagens que emulam a curiositas de Goethe em “Italienische Reise”, celebram a satisfação de estar imerso na Natureza e tonificar músculos e pensamentos e posicionam Thoreau, de forma inequívoca, entre os pais fundadores do eco-ativismo norte-americano. Comentaremos três obras onde Thoreau faz com maestria o elogio de sair do lugar onde se está, na busca de ar fresco: “A Walk to Wachusett” (1843), “A Week on the Concord and Merrimack Rivers” (1849) e “Walking” (1862)

Aula 3: Da Arte da Resistência
Mesmo que filósofos importantes, como John Rawls e Hannah Arendt, tenham falhado na compreensão do legado político da figura de Thoreau, dois grandes nomes e momentos da pulsação democrático-republicana contemporânea buscaram nele inspiração. A luta pelos direitos civis, capitaneada por Martin Luther King Jr. e o processo de descolonização e independência da Índia, pelos atos e palavras de Mahatma Gandhi. Ambos reconhecem, em suas autobiografias, o papel seminal do conceito de ‘desobediência civil’ na eficiente e correta configuração de estratégias políticas. Thoreau foi um ativista contra a escravidão da população negra, participante de primeira hora da Underground Railroad. Esbravejou contra o expansionismo da Guerra do México, lamentou o tratamento vil e covarde dispensado às populações indígenas americanas. Em outras palavras, andou na contramão do conservadorismo político mainstream da segunda metade do século XIX. Para traçar um perfil do seu ativismo político e moral, analisaremos três de seus panfletos mais inspirados, começando pelo clássico “Resistance to Civil Government” (1849), mundialmente conhecido pelo título alternativo “Civil Disobedience”, continuando com o pontiagudo libelo antiescravista, “A Plea for Captain John Brown” (1860), encerrando com “Live Without Principle” (1863), onde desmonta, com graça e precisão, o ethos protestante do incipiente capitalismo da América Jacksoniana.

Aula 4: Da Arte do Necessário: Walden (1854)
Entre Julho de 1845 e Setembro de 1874, Thoreau residiu às margens do Lago Walden em Concord, Massachusetts. Sua casa era uma cabana de apenas um cômodo, construída com a ajuda ocasional de uns poucos amigos, num terreno cedido por Emerson. Esse episódio é o elo narrativo de “Walden”, um clássico por direito da ficção americana e resultado de trabalho conceitual de nove anos. Stanley Cavell, no precioso comentário “The Senses of Walden” (1972) sugere: “Seria um resumo adequado dos motivos do livro dizer que ele nos convida a um interesse pelas nossas próprias vidas e nos ensina como.” O exercício da Filosofia, essa peculiar educação de gente crescida, começa em “Walden” com uma pergunta simples: quais são as coisas mais necessárias à vida? A resposta é igualmente simples: manter-se aquecido! Nada metafisicamente oneroso, nada transcendente ou inatingível. Apenas, manter-se aquecido. Explorar as implicações éticas dessa resposta é a tarefa que assumimos nesse breve curso. E a esperança de realizá-la a contento é, ipso facto, a tentativa de explicar os mecanismos literários que capturaram a imaginação de diferentes gerações de leitores de “Walden”.
Informações deste Evento

Docente(s): Eduardo Vicentini de Medeiros
Quando: Dias 08, 15, 22 e 29 de agosto de 2016, segundas-feiras, das 19h às 21h30
Vagas disponíveis: 20
Duração: 10h (2h30h/aula)
Valor(es):
Inscrições até 01 de agosto:
R$480,00 (público geral)
R$432,00 (ex-alunos e professores)

A partir de 02 de agosto:
R$528,00 (público geral)
R$475,00 (ex-alunos e professores)

Inscrições no site 

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