Qual ética rege nosso laço social? Este é um dos principais questionamentos da Jornada de Abertura da APPOA deste ano, intitulada Gozo e lei na lógica das paixões. A jornada irá promover uma reflexão sobre os rumos atuais da cultura ocidental, onde o discurso capitalista, reeditado hoje como neoliberal, pretende construir um indivíduo unificado, coerente e plenamente satisfeito. Há a tentativa de fazer valer o cálculo racional e econômico em todas as atividades e relações humanas, sobretudo nas do sujeito com seus objetos e com os outros. Este caminho vem produzindo cada vez mais experiências de fracasso civilizatório e sintomas. A busca por extinguir resto ou diferenças necessárias resulta em um mal-estar que excede àquele que é constitutivo de uma cultura. Impera, assim, a angústia transbordante, medicalizada e, mais intensamente, a violência e a intolerância para o semelhante.
O que podemos produzir, pela via do discurso que possa criar algumas brechas num caminho que se apresenta falsamente como inexorável e natural? Uma resposta possível é a de que, enquanto nossa civilização empurra ao gozo, a psicanálise interroga o sujeito acerca do seu desejo. Desde Freud, a psicanálise já propõe uma experiência que busca salvaguardar a dimensão do desejo. Este se apoia numa falta definida como falta de unidade, atualizada em Lacan com a lógica do não-todo. A experiência analítica busca o reconhecer esta falta no trato com o sintoma fundamental; este que aprisiona ao ser do sujeito numa dimensão enganosa.
Assim, os valores do cinismo e da corrupção estão do lado oposto aos princípios que regem o processo civilizatório, as relações sociais. Uma ética que se sustenta na importância e no significado das palavras fortalece a nossa possibilidade de futuro, valorizando as relações mais simétricas, igualitárias e de respeito às diferenças. Esta postura ética vai ajudar a minimizar, fazer um contraponto à intolerância, ao crime e à paixão nos seus sentidos mais mortíferos. A Jornada de Abertura da Associação Psicanalítica de Porto Alegre convida à produção de novas interrogações e aberturas possíveis no laço com o outro.
Dia: 01 de abril (sábado)
Hora: das 9h às 18h
Local: Centro de Eventos do Hotel Plaza São Rafael (Av. Alberto Bins, 509 – Centro Histórico)
PROGRAMAÇÃO
9h – Abertura
9h30min – Versos e reversos da lei. (Beatriz da Fontoura Guimarães)
INTERVALO
11h – Virtualidade, conectividade e os efeitos de um “tempo intemporal”. (Eduardo Mendes Ribeiro)
14h30min – A paixão nas vizinhanças. (Fernanda Pereira Breda)
INTERVALO
16h – O inconsciente é nosso único patrimônio de saber. (Robson de Freitas Pereira)
18h – Encerramento
Mais informações: www.appoa.com.br – Fone: (51) 3333.2140
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