‘Esperança e Medo: O que te move?’ é o tema do XXVI Congresso Brasileiro de Análise Transacional

Esperança e Medo: O que te move?

Tema sintonizado com o tempo que vivemos vai movimentar o XXVI Congresso Brasileiro de Análise Transacional

Porto Alegre sedia de 31 de agosto a 2 de setembro o XXVI Congresso Brasileiro de Análise Transacional/CONBRAT 2017, uma realização da União Nacional dos Analistas Transacionais/UNAT-Brasil. A partir de um tema que diz muito do mundo contemporâneo e das angústias que acompanham a humanidade – Esperança e Medo: O que te move? – o evento acontece na Casa de Retiro Vila Betânia (Rua da Gruta, 230, bairro Glória). As inscrições estão abertas e podem ser feitas pelo site www.unat.org.br, onde é possível acessar todas as informações sobre o Congresso.

Segundo Márcia Beatriz Bertuol, coordenadora do CONBRAT, várias perguntas vão orientar as discussões, chamar para a reflexão, estimular o diálogo, buscar respostas e provocar o movimento em direção ao mundo que a humanidade deseja e precisa. O que é o medo? Em que momento protege e em que momento impede a vida? E a esperança, o que é? Esperar por um milagre que salve a humanidade ou um movimento em busca da mudança? O que mantém o homem vivo, trabalhando, criando, aprendendo, ensinando, se relacionando? O que sustenta suas ações internas, com o outro, na comunidade, com a natureza? O que pode torná-lo um agente de transformação? Mais de 40 profissionais vão conduzir seminários, mesas-redondas, palestras, dinâmicas de grupo e vivências.

Para além da esperança e do medo, o que mobiliza os profissionais que organizam o Congresso é o diálogo sobre o que nos move hoje. A linha de ação do encontro parte da esperança e do medo como sentimentos que nos movimentam cotidianamente e o desejo, ao final, enfatiza Márcia, é que os participantes encontrem novas possibilidades de ação na vida, a partir da alegria e do amor que surgem nos encontros genuínos.

A convidada internacional do Congresso é a inglesa Julie Hay, pesquisadora reconhecida pela contribuição para o desenvolvimento da Análise Transacional nas áreas de Psicoterapia, Educação e Coaching. Com vários livros publicados, Julie desenvolveu a Curva de Competências para representar o que acontece quando vivenciamos mudanças por decisão ou imposição. O tema da sua conferência, que abre o Congresso, é Esperança e Medo no Processo de Mudança. Esta é a segunda vez que vem ao Brasil.

O encontro está dividido em cinco eixos temáticos que vão conduzir as reflexões

Análise Transacional – O objetivo é a atualização teórica de conceitos fundamentais pautada nos avanços da ciência e na necessidade de caminhos viáveis ao momento planetário. A partir desta atualização, a proposta é refletir sobre como a filosofia, a visão de ser humano, suas relações e os conceitos da Análise Transacional contribuem para superar a dicotomia medo/espera(nça) na direção da alegria, do amor e nas ações autônomas.

Espiritualidade – O que pulsa no ser humano em rede. A sincronicidade. A consciência do sutil, que transcende as religiões, ampliando a consciência. O homem é um ser em evolução que integra uma grande teia cósmica. Como vivenciar e refletir sobre o desenvolvimento espiritual?

Comunidade – É onde ficamos próximos uns dos outros, reconhecidos e seguros. Mas em meio ao pluralismo, à flexibilidade levada a extremos, à competitividade e ao individualismo, característicos dos tempos atuais, o senso de comunidade se fragiliza. Passamos a não nos reconhecer no vizinho, no colega, nem na própria família, abrindo espaço para ameaças, insegurança e medo. Que ações podemos realizar para fazer frente às patologias da sociedade contemporânea e promover o reconhecimento de si e do outro, o cuidado mútuo, o engajamento e a inclusão social?

Família – Múltiplas e diversas, influenciam, de forma determinante, a qualidade das relações ao longo da vida. À luz da Análise Transacional, a proposta é dialogar sobre os afetos que movem a família. Quais são as motivações para se constituir e permanecer unida? O que mantém seus integrantes saudáveis, afetivos?

Mundo do Trabalho – Todos estão inseridos nesse mundo, que vive profundas transformações. As influências do mercado competitivo, que gera incertezas, pressão e exclusão e exige, ao mesmo tempo, respostas ágeis e desenvolvimento contínuo dos profissionais. Com frequência, o temor e a desesperança produzem incompetência. Neste contexto, há espaço para a construção de relações significativas? Efetividade e afetividade podem caminhar juntas na gestão de si e na liderança de outros?

Para referência

Participantes – Rosemary Napper (Inglaterra), Alberto Jorge Close (Argentina), Reverendo Sunanthô Bhikshú (RJ), Laucemir Silveira (PR), Ercilia Antônio da Silva (PR), Therezinha Moura Jorge (PR), Jefferson Moraes (PR), Sérgio de Oliveira Caballero (SP), Ede Lanir Ferreira Paiva (MG), Silvana Maria de Jesus (MG), Luiz Paiva Ferrari (RJ), Vitor A. Merhy, Sônia Nogueira Pedreira, Alcione Eidam (RS), Alexandre Rosa Franco (RS), Alexandre Franco (RS), Banco de Alimentos (RS), César Augusto Pancinha Costa (RS), Diza Gonzaga, da Fundação Thiago de Moraes Gonzaga/Vida Urgente (RS), Gabriel Carneiro Costa (RS), Graziela Jungbluth Freitas (RS), Jane Maria Pancinha Costa (RS), Márcia Beatriz Bertuol (RS), Matheus Costa Pozatti (RS), Rafael Souto (RS), Renate Muller (RS), Renate Muller (RS) e Renato Morandi (RS), entre outros.

Medo – Sentimento natural, ligado à preservação da vida. Acontece que hoje a sociedade dissemina e dá ao medo um poder que extrapola a proteção. A cultura do medo cria medos que impedem o viver, enclausuram, paralisam, alimentam fobias e desconfiança de toda ordem, do vizinho, da pessoa que caminha em nossa direção na rua, do outro de pele ou aparência distinta, da diferença e diversidade que constituem a humanidade.

Esperança – A nossa capacidade de sonhar com algo melhor no futuro, projetar para além dos temores uma imagem positiva, algo de bom que aconteça. Mas a esperança não pode ser passiva, espera de um salvador, de um milagre. Precisa do movimento, da consciência que permite imaginar um tempo melhor e, a partir daí, criar e manifestar o esperançado.

Na concepção de Espinoza, esperança e medo são sentimentos interligados, baseados na tristeza, um não existe sem o outro. A vida é permeada por estes sentimentos que, por serem tristes, alimentam a impotência, a superstição, a dúvida. O autor propõe que se busque o afeto alegre, que está nos encontros significativos entre as pessoas. Somente a partir de novos afetos podemos criar ações que façam diferença.