Programação de agosto da Sala Redenção

Foto: Reprodução/Filme ‘Mais que Nada’

Hitchcock é um ícone do universo cinematográfico que personificou o estereótipo, no melhor sentido, do diretor. Ele também é responsável, em larga medida, pela qualificação da transição do cinema mudo para o falado. A mulher do fazendeiro (Farmer’s wife) é bom exemplo desse processo, com trilha sonora assinada por Xavier Berthelot. Hitchcock trabalhou com compositores de muita expressão, como John Williams, em Trama macabra (Family Plot). Alguns dos seus maiores clássicos têm como destaque a trilha sonora, como A sombra de uma dúvida (Shadow of a doubt), com a música de Dimitri Tiomkin, Janela indiscreta (Rear window), que conta com Franz Waxman, e Topázio (Topaz), com música de Maurice Jarre. Cortina rasgada (Torn curtain) é outro exemplo de uma trilha sonora importante, composta por John Addison, que leva o espectador a momentos de tensão, uma característica do “Mestre do Suspense”. Psicose (Psycho), contudo, uma de suas obras-primas, é provavelmente o filme em que a música (composta por Bernard Herrmann) mais se destacou. “Hitch” acompanhou de perto essa produção musical. De acordo com Rebello (2013, p.153), “não importa o quanto o diretor confiasse em seu compositor e em seu montador de som, sempre fazia anotações detalhadas para a inserção dos efeitos sonoros e da música”. É como se ele compusesse sua própria “partitura musical”.

Os filmes de suspense, assim como os filmes de terror, são fundamentais para a afirmação da música como linguagem fílmica. Por isso priorizamos, nessa Mostra, parte da filmografia de Hitchcock, de modo a possibilitar ao público a reflexão sobre a importância da música no Cinema. Segundo Berchmans (2016, p.17), “o poder da música é pouco compreendido até por grandes diretores”. Nesse sentido, Hitchcock deu um passo à frente no diálogo com os compositores, ao procurar compreender a feitura das canções nos contextos dos seus filmes.

Contemplamos, também, filmes de outros gêneros, cujas trilhas foram compostas por músicos históricos. Henry Mancini se faz presente no filme A bonequinha de luxo (Breakfast at Tiffany’s), um clássico dirigido por Blake Edwards. Ennio Morricone está aqui com o filme Bastardos Inglórios (Inglorious Basterds), dirigido por Quentin Tarantino. John Barry compôs a trilha de 007 contra o homem contra a pistola de ouro (The man with the golden gun), que conta com a direção de Guy Hamilton e com a participação especial de Christopher Lee como o vilão de James Bond. Ryuichi Sakamoto, por sua vez, em companhia de David Byrne e Cong Su, assina a trilha de O último imperador (The last emperor), de Bernardo Bertolucci. A musicalidade de Philip Glass está em As horas (The hours, direção de Stephen Daldry) e a de Wojciech Kilar em Drácula de Bram Stoker (Bram Stoker’s Dracula), dirigido por Francis Ford Coppola, possivelmente a melhor adaptação do célebre livro do escritor irlandês. Dany Elfman musicou Tim Burton em Peixe Grande e suas histórias maravilhosas (Big Fish), e Vangelis compôs um dos temas mais famosos da história do Cinema em Carruagens de fogo (Chariots of fire), de Hugh Hudson. Betty Blue (Betty Blue: 37º2 Le Matin) e Thelma & Louise (Thelma & Louise), clássicos dos anos 80 e 90, respectivamente, tiveram suas trilhas compostas por Gabriel Yared e Hanz Zimmer, dois dos mais significativos compositores contemporâneos, especialistas em canções instrumentais.

Duas trilhas foram compostas por bateristas. O selvagem da motocicleta (Rumble Fish), dirigido por Coppola, foi musicado por Stewart Copeland, um dos mais renomados ritmistas do universo rock-pop, dono das baquetas do grupo The Police. Nessa obra, bolas de bilhar, máquina de escrever e outros objetos foram utilizados como instrumentos alternativos, em busca de novas sonoridades. Antonio Sanches, baterista de jazz, compôs uma trilha diferenciada para Birdman ou (A inesperada virtude da ignorância) [Birdman: or (The unexpected virtue of ignorance). O sucesso dessa produção fez com que o músico se apresentasse em diferentes países, usando imagens do filme em meio aos shows. Já Justin Hurwitz ambientou Whiplash: em busca da perfeição (Whiplash), um filme que trata diretamente de música, a partir de uma personagem que tem o sonho de ser um ritmista virtuoso. Nessa obra, muitas referências ao baterista Buddy Rich, ícone do instrumento. Direção de Damien Chazelle.

Por fim, temos Alberto Iglesias, compositor presente com frequência no trabalho do diretor espanhol Pedro Almodóvar, aqui representado na obra Abraços Partidos (Los Abrazos Rotos), um drama bastante sensível acerca de perdas e mudanças de identidade.

Sobre música e a “Sétima Arte”, é preciso observar que, segundo Carrière (1995, p.35), “ o cinema nasceu silencioso e continua a amar o silêncio”, o que não implica, obviamente, o desprezo pelas canções e pelos sons. Ao contrário, é crescente a significação da música como elemento fílmico, o que exige o conhecimento deste campo por parte dos diretores e demais produtores dos filmes.

Orquestradas, batucadas, cantadas, assobiadas, as trilhas sonoras possibilitam aos espectadores ouvirem os filmes, por meio de suas melodias, harmonias e ritmos. Através dos compassos, somos convidados pelos compositores a transitar pelos roteiros, em busca de vozes e sentidos diversos, alimentando ainda mais o rico imaginário cinematográfico.

Marcelo Pizarro Noronha*, curador convidado
* Doutor em Ciências Sociais, mestre em educação, músico e pesquisador de cinema.

Referências bibliográficas
BERCHMANS, Tony. A música do filme: tudo o que você gostaria de saber sobre a música de cinema. São Paulo: Escrituras Editora, 2016. 5ª ed.
CARRIÈRE, Jean-Claude. A linguagem secreta do cinema. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995.
REBELLO, Stephen. Alfred Hitchcock e os bastidores de Psicose. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2013.

01 de agosto | terça-feira | 16h
10 de agosto | quinta-feira | 16h
Bonequinha de luxo (Breakfast at Tiffany’s | EUA | 1961 | Cor | 115 min). Direção: Blake Edwards. Música: Henry Mancini. Paramount Pictures.
Holly Golightly é uma moça boêmia que sobrevive de presentes de admiradores. No mesmo edifício onde reside vive o escritor Paul, que luta para demonstrar seu talento e também se mantém graças à ajuda de uma rica benfeitora, com quem tem um caso. O equilíbrio delicado dos dois personagens é posto em xeque quando Paul se apaixona por sua vizinha linda e um tanto exasperante.

01 de agosto | terça-feira | 19h
02 de agosto | quarta-feira | 16h
007 contra o homem com a pistola de ouro (The man with the golden gun | EUA | 1974 | Cor | 125 min). Direção: Guy Hamilton. Música: John Barry. Twentieth Century Fox.
James Bond foi marcado para morrer e precisará de seus instintos mais letais aliados a seu charme irresistível para sobreviver. Roger Moore assume o papel de Agente 007 e participa de um jogo de gato-e-rato como o assassino Franciso Scaramanga.

02 de agosto | quarta-feira | 19h
03 de agosto | quinta-feira | 16h
Carruagens de fogo (Chariots of fire | EUA | 1981 | Cor | 123 min). Direção: Hugh Hudson. Música: Vangelis. Twentieth Century Fox.
Os melhores atletas da Inglaterra iniciam sua busca de glória nos Jogos Olímpicos de 1924. O sucesso honra sua pátria. Para dois corredores, a honra em questão é pessoal… e o desafio vem de dentro de cada um deles.

03 de agosto | quinta-feira | 19h
04 de agosto | sexta-feira | 16h
O selvagem da motocicleta (Rumble Fish | EUA | 1983 | Cor | 94 min). Direção: Francis Ford Coppola. Música: Stewart Copeland. Universal Pictures.
Descontente e inquieta, Rusty James foi abandonado por sua mãe e vive com seu pai alcoólatra. Ele se diverte saindo com sua namorada e com alguns amigos. Quando seu irmão, o Motoqueiro, retorna à cidade, Rusty tem esperança de ter encontrado um guia em sua vida.

04 de agosto | sexta-feira | 19h
07 de agosto | segunda-feira | 16h
Betty Blue (Betty Blue: 37º2 Le matin | França | 1986 | Cor | 185 min). Direção: Jean-Jacques Beineix. Música: Gabriel Yared. Columbia Tristar.
Zorg é um faz-tudo que cuida de bangalôs numa praia na França. Em meio ao trabalho ele escreve. Um dia, Betty apareceu em sua vida, uma jovem tão linda quanto imprevisível. Inesperadamente a sua irreverência começa a fugir do controle, ameaçando a relação de ambos e suas próprias vidas.

07 de agosto | segunda-feira | 19h
08 de agosto | terça-feira | 16h
O último imperador (The last emperor | Reino Unido, Itália, França e China | 1987 | Cor | 162 min). Direção: Bernardo Bertolucci. Música: Ryuichi Sakamoto, David Byrne e Cong Su. Columbia Pictures.
Nomeado Imperador aos três anos de idade, Pu Yi viveu enclausurado na Cidade Proibida até os 24 anos, quando foi forçado a abandonar o luxo e a segurança da realeza. Tendo como pano de fundo as transformações políticas e sociais que atingiram a China entre o final do século XIX e a instituição do governo socialista de Mao Tse Tung em 1949, o filme ganhou vários prêmios.

08 de agosto | terça-feira | 19h
09 de agosto | quarta-feira | 16h
Thelma & Louise (Thelma & Louise | EUA | 1991 | Cor | 129 min). Direção: Ridley Scott. Música: Hans Zimmer. Twentieth Century Fox.
No Arkansas, garçonete e jovem dona de casa entediadas resolvem fazer pequena viagem para fugir da rotina. Quando param num bar, matam um estuprador e fogem, com destino ao México, mas são perseguidas pela polícia.

11 de agosto | sexta-feira | 16h
Drácula de Bram Stoker (Bram Stoker’s Dracula | EUA | 1992 | Cor | 130 min). Direção: Francis Ford Coppola. Música: Wojciech Kilar. Columbia Tristar.
O filme marca o retorno à fonte original do mito de Drácula e, partindo do romance gótico, cria uma moderna obra de arte.

11 de agosto | sexta-feira | 19h
14 de agosto | segunda-feira | 16h
As horas (The hours | EUA | 2002 | Cor | 115 min). Direção: Stephen Daldry. Música: Philip Glass. Miramax Films.
Três épocas, três mulheres e três histórias se mesclam e se transformam pela influência de uma grande obra literária.

14 de agosto | segunda-feira | 19h
15 de agosto | terça-feira | 16h
Peixe Grande e suas histórias maravilhosas (Big fish | EUA | 2003 | Cor | 125 min). Direção: Tim Burton. Música: Dany Elfman. Columbia Tristar.
Durante toda a sua vida, Edward Bloom tem sido um homem de grandes sonhos, paixões e histórias inesquecíveis. Em seus últimos anos de vida, ele continua sendo um grande mistério para seu filho. Agora, na tentativa de conhecer o seu pai de verdade, ele começa a juntar as peças para montar uma ideia real de seu pai através de flashbacks de suas histórias maravilhosas.

15 de agosto | terça-feira | 19h
16 de agosto | quarta-feira | 16h
Bastardos inglórios (Inglorious Basterds | EUA | 2009 | Cor | 153 min). Direção: Quentin Tarantino. Música: Ennio Morricone. Universal Pictures.
Durante a Segunda Guerra Mundial, na França invadida pelos nazistas, um grupo de soldados americanos de sangue judeu, conhecidos como Os Bastardos, é selecionado para espalhar medo naqueles que impuseram as duras regras do Terceiro Reich. A missão do grupo é exterminar os nazistas, sem medir consequências.

17 de agosto | quinta-feira | 16h
Birdman ou (A inesperada virtude da ignorância) (Birdman: or the unexpected virtue of ignorance | EUA | 2014 | Cor | 119 min). Direção: Alejandro G. Iñárritu. Música: Antonio Sanches. Twentieth Century Fox.
Determinado a provar suas qualidades como ator, depois de estrelar um filme de super-herói, Riggan arrisca todas as suas reservas para produzir uma peça para a Broadway. Agora ele tem de lidar com os críticos, um perturbado alter ego, sua filha distante e o temperamento nada comum do ator principal de sua peça.

17 de agosto | quinta-feira | 19h
18 de agosto | sexta-feira | 16h
Whiplash: em busca da perfeição (Whiplash | EUA | 2014 | Cor | 107 min). Direção: Damien Chazelle. Música: Justin Hurwitz. Sony Pictures.
Andrew Neiman é um baterista de jazz jovem e ambicioso, que deseja chegar ao topo. Terence Fletcher, professor famosos por seus métodos aterrorizantes, descobre o jovem e o coloca na melhor banda de jazz, mudando para sempre a vida do músico. Mas a paixão de Andrew em alcançar a perfeição logo se torna obsessão, enquanto seu professor implacável o pressiona até o limite de sua habilidade e sanidade.

18 de agosto | sexta-feira | 19h
21 de agosto | segunda-feira | 16h
Abraços partidos (Los abrazos rotos | Espanha | 2009 | Cor | 127 min). Direção: Pedro Almodóvar. Música: Alberto Iglesias. Universal Pictures.
Em um trágico acidente de carro, um cineasta perde a visão e a sua amada. Já que não pode mais exercer sua profissão, ele passa a sobreviver com a ideia de que morreu ao lado de sua paixão e troca a sua identidade, transformando-se num homem cuja força de trabalho está envolvida no universo literário.

21 de agosto | segunda-feira | 19h
22 de agosto | terça-feira | 16h
A mulher do fazendeiro (Farmer’s wife | EUA | 1927 | P&B |100min). Direção: Alfred Hitchcock. Música: Xavier Berthelot. Universal Pictures.
Baseado numa peça de mesmo nome, essa obra conta a história de um velho e solitário viúvo que resolve se casar de novo. Sua empregada tem por ele uma paixão secreta e o ajuda a procurar uma esposa entre as mulheres locais. Todas, no entanto, o rejeitam, até ele perceber que a perfeita esposa vive sobre o seu próprio teto.

22 de agosto | terça-feira | 19h
23 de agosto | quarta-feira | 16h
A sombra de uma dúvida (Shadow of a doubt | EUA | 1942 | P&B | 108 min). Direção: Alfred Hitchcock. Música: Dimitri Tiomkin. Universal Pictures.
Joseph Cotten faz o papel do sedutor tio Charlie, um assassino ludibriante que viaja da Filadélfia para a Califórnia apenas um passo à frente da lei. Logo a sua sobrinha homônima, a “jovem Charlie”, começa a suspeitar que o seu tio é o assassino da Viúva Alegrea, tendo início um jogo mortal de gato e rato.

24 de agosto | quinta-feira | 16h
Janela indiscreta (Rear window | EUA | 1954 | Cor | 114 min). Direção: Alfred Hitchcock. Música: Franz Waxman. Universal Pictures.
Quando o fotógrafo profissional J.B. se vê obrigado a permanecer numa cadeira de rodas com uma perna quebrada, nasce nele uma obsessão pela observação dos dramas privados dos seus vizinhos. Quando suspeita que um vendedor possa ter assassinado a sua esposa, ele pede ajuda a namorada para investigar a cadeia de acontecimentos altamente suspeitos.

24 de agosto | quinta-feira | 19h
25 de agosto | sexta-feira | 16h
Psicose (Psycho | EUA | 1960 | Cor | 109 min). Direção: Alfred Hitchcock. Música: Bernard Herrmann. Universal Pictures.
Obra-prima estrelada por Anthony Perkins como o atormentado Norman Bates, cuja velha e misteriosa casa abriga um motel onde não se pode passar uma noite tranquila. E ninguém sabe melhor do que Marion Crane, a infeliz viajante cuja jornada acaba na famosa cena do chuveiro. Primeiro um detetive particular, depois a irmã de Marion a procurá-la são as bases para a montagem do horror e do suspense.

25 de agosto | sexta-feira | 19h
28 de agosto | segunda-feira | 16h
Cortina rasgada (Torn curtain | EUA | 1966 | Cor | 128 min). Direção: Alfred Hitchcock. Música: John Addison. Universal Pictures.
Paul Newman e Julie Andrews estrelam essa clássica história de espionagem. Ele é o famoso cientista que vai a um congresso internacional de Física com sua assistente. Durante a estada no evento, ela pega por um engano uma mensagem endereçada a ele, descobrindo que o mesmo está desertando para Berlim Oriental, onde pretende conseguir fundos para seu projeto. Ou não estará?

28 de agosto | segunda-feira | 19h
29 de agosto | terça-feira | 16h
Topázio (Topaz | EUA | 1969 | Cor |126 min). Direção: Alfred Hitchcock. Música: Maurice Jarre. Universal Pictures.
Um agente americano da CIA contrata um francês para ir a Cuba checar rumores de mísseis russos e um espião da OTAN chamado Topázio. Em Havana, a investigação se torna perigosa, envolvendo políticos, traição e assassinato.

29 de agosto | terça-feira | 19h
30 de agosto | quarta-feira | 16h
Trama macabra (Family Plot | EUA | 1976 | Cor | 120 min). Direção: Alfred Hitchcock. Música: John Williams. Universal Pictures.
Quando uma mulher rica contrata um motorista de táxi e um psicopata falso para achar seu herdeiro desaparecido o resultado é diabolicamente engraçado. Raptos, tentativas de assassinato, risadas e uma série de pequenas tramas recheia a história desse filme inesquecível.

CINEMAS EM REDE
Cinemas em Rede é um projeto inovador de compartilhamento e difusão de conteúdos audiovisuais, pela internet de alta capacidade, via CiPê, coordenado pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa- RNP em parceria com os Ministérios da Cultura (MinC) e Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). 12 Instituições participam do Projeto: Cinemateca Brasileira (SP), a UFRGS (Sala Redenção – Cinema Universitário); USP (CINUSP e Escola de Comunicação e Artes-ECA); UFBA (Saladearte Cinema da UFBA); a Fundação Joaquim Nabuco – FUNDAJ, em Recife; a UFG (Cinema da UFG); a UFES (Cine Metrópolis); a UFSCAR (CineUFSCar); a UFPB (Cinema da UFPB); a UFPel (Cinema UFPel); a UFOP (Cine Vila Rica) e a UFF (Cinema da UFF).

A Sala Redenção – Cinema Universitário convida para a exibição do fime Seu Carlito, do diretor Eduardo Moreira, filmado em 2016, documentário que conta a história do seu falecido avô, seu Carlos Moreira.

10 de agosto | quinta-feira | 19h
Seu Carlito (Brasil | 2016 | 70min) Dir. Eduardo Moreira
Carlos Moreira foi comerciante e fazendeiro no Manja Léguas, um subdistrito do município de Piranga. Filho de imigrante Sírio que veio fugido para o Brasil, conseguiu crescer na vida com seu talento nato para os negócios da roça. Entre as décadas de 40 e 50 ele ia constantemente a Belo Horizonte tratar de um problema físico que o deixou cego de um olho. Nas suas idas e vindas à capital mineira, fascinado pelas novidades da vida urbana, ele marcou a história do pequeno vilarejo rural onde vivia ao trazer as inovações da cidade para sua comunidade. Também é lembrado pela grande disposição em ajudar os moradores da localidade. Nesse documentário seu 30º neto, Eduardo, que não conheceu Carlos em vida, decide refazer o trajeto que seu avô percorreu e registrar os “causos” que seu filhos e netos ainda guardam. O filme é uma busca pela memória de Carlos Moreira.

PARCEIROS DA SALA REDENÇÃO

CineDHebate Direitos Humanos
O documentário, uma das vias escolhidas para denunciar situações de violação a direitos humanos, não é apenas o registro da realidade. Articula-se como uma série de afirmações sobre ela, que podem ser verdadeiras ou falsas. Imagens e sons não são apenas o veículo da transmissão dessas afirmações, pois lhes dão poder de convencimento. Ora, a capacidade de fazer afirmações sobre a realidade não é exclusividade do cinema documentário — o cinema narrativo ficcional também é capaz de fazê-lo. O Cinedhebate selecionou sete filmes excepcionais que tem muito a dizer à nossa conturbada época. Seu fio condutor é o espectro da distopia que assombra a atual forma de vida líquida e consumista. O cinema ficcional contribui muito para aguçar a reflexão crítica sobre os direitos humanos — como condição básica para a sobrevivência da sociedade e suas instituições, e sobretudo como caminho para sua (re)humanização. O cinema também contribui para atentarmos ao nosso papel enquanto indivíduos para melhorarmos nossas vidas e dos demais à nossa volta. Feitiço do Tempo apresenta uma nota de otimismo em meio ao inferno que pode ser nossas vidas muito, muito ordinárias.

09 de agosto | quarta-feira | 19h
Loucura Americana (American Madness | EUA | 1932 | 75 min) Dir. Frank Capra
Durante a era da grande depressão americana, homem toma uma posição corajosa diante do imenso poder das corporações, ao passo que os Estados Unidos passam por sua maior catástrofe econômica. Ele é Tom Dickson, que por 25 anos tem sido um leal e dedicado presidente de banco. Quando a bolsa de valores sofre um colapso, o comitê da diretoria abusa do seu poder pedindo empréstimos, forçando Dickinson a lutar por seu emprego. Até que um executivo do banco sem escrúpulos e um suposto roubo de 5 milhões de dólares leva sua carreira e seu casamento à beira da destruição.

SESSÃO ESPECIAL

23 de agosto | quarta-feira | 19h
EL MAR LA MAR (EUA | 2017 | 94 min) Dir. Joshua Bonnetta e J.P. Sniadecki

Entre os dias 26 de junho e 01 de julho ocorreu na Sala Redenção a mostra Questões de Espaço: Releituras do Real, produzida pela Tokyo Filmes. A programação previu uma seleção de filmes contemporâneos que habitam uma zona entre o experimento, o documento etnográfico e a ficção, a fim de propor novos olhares sobre territórios, demarcados ou não, nos quais habitam ou transitam indivíduos e grupos. O conjunto de filmes trabalhou também com aquilo que compõe tais lugares como territórios, tanto física, quanto simbolicamente – das rochas às memórias. A opção por discutir o “espaço” surge da percepção de que esse tema, cujos desdobramentos são diversos, perpassa questões contemporâneas cruciais. O espaço como uma medida infinita, de presença constante, índice da globalização, é posto em questão sob a luz de uma força cada vez mais renovada do local, da medida restrita onde ocorrem fatos, vidas, mortes, em todas as suas multiplicidades de esferas. As ações e as relações, sejam elas humanas ou não-humanas, desdobram-se em um espaço/tempo, tornado espaço-memória, ligado a uma condição geográfica específica, da qual não só é definidor, mas pela qual é também definido. Assim, entram em pauta as identidades e as memórias coletivas engendradas na geografia; os olhares sobre as migrações (forçadas ou voluntárias) e sobre o movimento das pessoas em um planeta que cada vez mais parece ser unificado e transitável, mas cujas manifestações de elementos naturais trazem à tona a fragilidade do humano; o questionamento sobre a vigência de fronteiras (entre países, entre pessoas e a natureza); e, finalmente, uma renovada atenção dada a realidades específicas, até então escondidas do escrutínio público. Ela Mar la Mar, com direção de Joshua Bonnetta e J.P. Sniadecki terá uma sessão especial para aqueles que não puderam assistir no momento da mostra. Um debate sobre o filme se estabeleceu e teremos uma nova oportunidade para aqueles que não o conferiram poder participar.

23 de agosto | quarta-feira | 19h
EL MAR LA MAR (EUA | 2017 | 94 min) Dir. Joshua Bonnetta e J.P. Sniadecki
O deserto do Sonora, na fronteira entre o México e os Estados Unidos, com sua paisagem inóspita, é o cenário que todo o ano recebe milhares de imigrantes mexicanos ilegais. Essas pessoas deixam no local vestígios de sua passagem, mas nunca são vistas ou ouvidas. A sua história só pode ser contada através das impressões que causam.

SINGULARIDADES
A Sala Redenção – Cinema Universitário exibirá uma seleção de filmes e curtas/médias-metragens brasileiros. A mostra será exibida mensalmente e começará no dia 27 de julho. Em cada encontro será debatido sobre uma temática. Singularidades será composta por 04 (quatro) filmes, 03 (três) curtas-metragens e 01 (um) média metragem, como: Dromedário no asfalto (2015), de Gilson Vargas, Menos que nada (2012), de Carlos Gerbase, Ainda Orangotangos (2007), de Gustavo Spolidoro e Verdes anos (1984), de Carlos Gerbase e Giba Assis Brasil; curtas-metragens com direção de Emiliano Cunha Sob águas claras e inocentes (2016), Tomou café e esperou (2013); curta-metragem Domingo de Marta (2014) e o média-metragem Som sem sentido (2016), os dois com direção de Gabriela Bervian. A proposta da mostra é falar de cinema brasileiro proporcionando escuta ao outro. Podendo dialogar, sob diferentes perspectivas e olhares de diretores e profissionais, sobre as singularidades dos sujeitos nos filmes, nos curtas e média-metragens e de que forma o cinema as representa. Proporcionar também um olhar atento ao cinema brasileiro. Debatendo sobre a sociedade e a cultura em que estão expostos, usando as obras cinematográficas brasileiras como meio de escuta e representação dos sujeitos.

No dia 30/08, às 19h, será exibido o filme Menos que nada (2012), que conta a história de Dante, doente mental que está internado num hospital psiquiátrico, sendo tratado por uma jovem médica que decide ir mais a fundo no tratamento do paciente, procurando entender suas relações sociais.
Neste dia, o debate terá como temática Saúde mental e contará com a participação do diretor do filme, Carlos Gerbase e da psicóloga Laura Corso.

30 de agosto | quarta-feira | 19h
Menos que nada (Brasil | 2012 | 105 min) Dir. Carlos Gerbase
Dante é um doente mental que está internado em um hospital psiquiátrico. Ele foi diagnosticado com esquizofrenia e não fala com ninguém ou recebe visitas. O sujeito desperta a atenção da dra. Paula, uma jovem residente que decide tratar dele após acompanhar um de seus surtos no pátio do hospital. Procurando desvendar as relações sociais do paciente, a médica decide colher uma série de depoimentos de pessoas que conviviam com Dante antes do tratamento.

Após a sessão, debate com Carlos Gerbase, diretor e Laura Corso, psicóloga.
Carlos Gerbase é professor na faculdade de Comunicação da PUCRS desde 1981, atuando na graduação e na pós-graduação, sempre na área do audiovisual (cinema, TV e internet). É, também, cineasta e escritor, com vários filmes lançados e livros editados.
Laura Corso é Psicóloga formada pela UFRGS. Atua como Psicóloga na Fundação de Atendimento de Deficiência Múltipla (FADEM), na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Cachoeirinha/RS e em Consultório Particular. Especialização em Estimulação Precoce pelo Centro Lydia Coriat.

CINEFILIA E CRÍTICA DE CINEMA NO RIO GRANDE DO SUL
O curso Cinefilia e Crítica de Cinema no Rio Grande do Sul aborda aspectos da recepção do cinema a partir dos debates ocorridos na França da metade do século XX. Em torno da mítica revista Cahiers du Cinéma, e do crítico André Bazin, desdobrou-se a experiência apaixonada de assistir, debater e escrever sobre filmes. Essa paixão, que repercutiu em várias partes do mundo, aconteceu também em Porto Alegre, como atividade cineclubista e em torno da figura catalisadora do crítico P. F. Gastal. Do movimento cineclubista surgiram as salas alternativas de cinema, nos anos 80, incluindo a Sala Redenção. O curso aborda como a cinefilia segue viva e está hoje revigorada pelas facilidades das novas tecnologias de acesso e exibição de filmes de todas as épocas e gêneros. O Curso será ministrado por Fatimarlei Lunardelli, jornalista, escritora, professora e crítica de cinema. Lunardelli foi, de 1989 a 2002, programadora da Sala Redenção Cinema Universitário. Foi também professora do Curso de Realização Audiovisual da Unisinos, responsável pelas disciplinas de Teorias do Cinema, Crítica Cinematográfica e Análise Fílmica. Atuou como jornalista na UFRGS, participando, com Miriam Rossini, do Núcleo de Cinema e Comunicação. É sócia fundadora da ACCIRS, Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul, da qual é editora do site e integra a ABRACCINE, entidade representativa da crítica de cinema no Brasil.

31 de agosto | quinta-feira | 16h às 19h
Abordagem histórica da cinefilia
– Origem do cineclubista e da crítica cinematográfica na França do início do século XX
– Cinefilia e a revista Cahiers du Cinéma nos anos 1950
– O cineclubista no Brasil e o Clube de Cinema de Porto Alegre

01 de setembro | sexta-feira | 16h às 19h
Cinefilia e crítica cinematográfica no Rio Grande do Sul
– História da crítica e os embates dos anos 60
– Do cineclubismo surgem as salas alternativas
– As transformações tecnológicas e a renovação da cinefilia