Os crimes, e as pessoas que os investigam e combatem, têm sido uma fonte inesgotável de histórias fascinantes. Histórias essas que nos acompanham desde a antiguidade clássica (em peças como Édipo Rei, de Sófocles), passando pela era medieval (contos árabes de mistério) e chegando a tempos mais recentes.
No século XIX, as narrativas sobre crimes começaram a ganhar sua forma definitiva nos Estados Unidos da América. Edgar Allan Poe (1809-1849) é geralmente creditado como o inventor do detetive ficcional moderno com Os Crimes da Rua Morgue, de 1841. Poe ainda escreveu histórias de roubos e assassinatos, alguns deles sob o ponto de vista dos criminosos.
A Europa também contribuiu com essa gênese: em 1887 surge Sherlock Holmes, criação de Arthur Conan Doyle, detetive mais famoso de todos os tempos. O início do século XX assistiu o nascimento de criminosos literários notáveis como Arsène Lupin (1905), de Maurice Leblanc; e Fu Manchu (1913), concebido por Sax Rohmer. Nas décadas de 1920 e 1930, a Inglaterra presenciou a “Era de Ouro da Literatura Detetivesca”, dominada por autoras como Agatha Christie e Dorothy L. Sayers.
No mesmo período, de volta aos EUA, as revistas pulp faziam enorme sucesso. Publicações como Black Mask e True Detective remodelaram a literatura policial, transformando-a em um dos gêneros mais populares do mundo. É neste momento que se desenvolve a literatura Hardboiled, notória pelo estilo de escrita árido e cínico dos autores de pulps. Dessa escola despontaram nomes como Dashiell Hammett e Raymond Chandler, representados na mostra por Relíquia Macabra (John Huston, 1941) e Um Perigoso Adeus (Robert Altman, 1973). James M. Cain, outro grande expoente do estilo, tem em O Destino Bate à sua Porta (Bob Rafelson, 1981) uma de suas melhores adaptações. Vera Caspary, com Laura (Otto Preminger, 1944), Cornell Woolrich, com A Noiva Estava de Preto (François Truffaut, 1968) e Dorothy B. Hughes, adaptada em No Silêncio da Noite (Nicholas Ray, 1950), completam essa fase.
A era dos livros de bolso (paperbacks), nos anos 1950 e 1960, de editoras como Gold Medal e Dell, produziu diversos clássicos. Um dos autores mais radicais e revolucionários de seu tempo, Jim Thompson escreveu o livro que gerou Os Imorais (Stephen Frears, 1990). Chester Himes teve a vida marcada pela tragédia e pelo racismo. Rififi no Harlem (Ossie Davis, 1970) mostra seu trabalho sobre os detetives do bairro negro de Nova York. Representante do lado mais truculento e conservador da literatura policial, Mickey Spillane proporcionou a realização do clássico A Morte num Beijo (Robert Aldrich, 1955).
Os anos 1960 trouxeram novas visões e abordagens para as narrativas de crime, tanto no conteúdo quanto na forma. Patricia Highsmith deu maior profundidade psicológica ao estilo tendo um vilão como protagonista. O Sol por Testemunha (René Clément, 1960) é exemplo disso. Especialista nos diálogos afiados e cheios de ironia, Elmore Leonard foi levado às telas com perfeição em Jackie Brown (Quentin Tarantino, 1997). Outro mestre na composição de criminosos clássicos foi Richard Stark, e À Queima-Roupa (John Boorman, 1967) bebe de sua obra. Às Margens de um Crime (Bertrand Tavernier, 2009) apresenta as tramas de ambientação sulista escritas por James Lee Burke. Já Os Amigos de Eddie Coyle (Peter Yates, 1973) adapta a obra-prima homônima de George V. Higgins.
Os últimos 35 anos têm nomes de destaque como James Sallis, autor do excelente Drive (Nicolas Winding Refn, 2011). Filho de um criminoso, Barry Gifford combinou experiências pessoais com uma prosa influenciada pelos beatniks. Coração Selvagem (David Lynch, 1990) é fruto dessa mistura. Dono de uma prosa minimalista, James Ellroy também teve uma vivência sombria. Los Angeles: Cidade Proibida (Curtis Hanson, 1997) é um marco de sua carreira. Autor versátil, o texano Joe Lansdale escreveu em diversos gêneros, do Horror ao Western, revelando-se um grande autor policial em Julho Sangrento (Jim Mickle, 2014). Walter Mosley explora os conflitos raciais dos EUA com O Diabo Veste Azul (Carl Franklin, 1995). Chuck Hogan, que arrancou elogios de Stephen King, escreveu o livro que originou Atração Perigosa (Ben Affleck, 2010).
Desde seu princípio, o cinema bebeu em fontes literárias para encantar os espectadores. Com a Literatura Policial não poderia ser diferente. De Edgar Allan Poe até James Ellroy, mais de um século e meio de boa escrita gerou material para clássicos da tela grande. Mestres de diversas gerações do cinema demonstraram sua paixão em excelentes adaptações. Mesmo fora dos EUA, o poder dessas páginas criminosas se fez sentir.
CÉSAR ALMEIDA é autor do livro Cemitério Perdido dos Filmes B. Também atua como editor e tradutor. Escreve ficção com o pseudônimo Cesar Alcázar.
03 de julho | segunda-feira | 16h
13 de julho | quinta-feira | 16h
Relíquia Macabra (The Maltese Falcon, EUA, 1941, 101 min)
Diretor: John Huston Roteiro: John Huston Com: Humphrey Bogart, Mary Astor, Peter Lorre, Lee Patrick, Sydney Greenstreet
A agência de detetives Spade & Archer é contratada por uma mulher misteriosa para trabalhar em um caso aparentemente banal. Porém, Archer é assassinado, fazendo com que Sam Spade se envolva em uma busca por um artefato histórico amaldiçoado. Estreia na direção de John Huston, que já havia trabalhado com Bogart em outra adaptação literária, Seu Último Refúgio (High Sierra, de Raoul Walsh – 1941), mas como roteirista. Embora Bogart não tenha o aspecto físico do Sam Spade descrito no livro, ele se transformou na imagem icônica do detetive. O roteiro, também de Huston, é bastante fiel ao livro de Hammett. Grande sucesso, Relíquia Macabra é um clássico absoluto do gênero.
03 de julho | segunda-feira | 19h – após a sessão, debate com Cesar Almeida, curador da mostra.
04 de julho | terça-feira | 16h
Um Perigoso Adeus (The Long Goodbye, EUA, 1973, 112 min)
Diretor: Robert Altman Roteiro: Leigh Brackett Com: Elliott Gould, Nina van Pallandt, Sterling Hayden, Mark Rydell, Henry Gibson
Marlowe ajuda um amigo a sair do país. Mais tarde, ele é procurado pela polícia e descobre que o amigo é acusado de assassinato. Porém, o homem comete suicídio no México e o caso é encerrado pela polícia, o que não satisfaz Marlowe. Um caso seguinte, a busca por um escritor excêntrico que desapareceu, mostra ter ligações com o suicídio.
Robert Altman leva Philip Marlowe para os anos 1970, na pele do comediante Elliott Gould. O roteiro de Leigh Brackett, que já havia adaptado Chandler quase trinta anos antes, muda vários aspectos da trama e adiciona um tom quase satírico em alguns momentos. A ideia era ressaltar o anacronismo do detetive após a “Era de Ouro” do noir nos anos 1940 e 1950.
04 de julho | terça-feira | 19h
05 de julho | quarta-feira | 16h
O Destino Bate à sua Porta (The Postman Always Rings Twice, EUA, 1981, 122 min)
Diretor: Bob Rafelson Roteiro: David Mamet Com: Jack Nicholson, Jessica Lange, John Colicos, John P. Ryan, Anjelica Huston
Obra-prima de James M. Cain, a novela “The Postman Always Rings Twice” escandalizou a sociedade americana ao mesmo tempo em que foi um sucesso arrebatador de vendas. Dirigida por Bob Rafaelson, a adaptação de 1981 (a quarta de sete versões cinematográficas) segue o livro fielmente, narrando o romance adúltero, e com toques sadomasoquistas, entre um andarilho e a esposa do proprietário de um restaurante à beira da estrada. Como não poderia deixar de ser, tudo resulta em assassinatos, ódio e paranoia. A combinação de sexo e violência escrita por Cain, mostrada sem amenidades por Rafaelson, algo impensável para as versões anteriores, fizeram a fama desta adaptação. Jessica Lange está muito bem no papel da esposa traiçoeira, mas Nicholson foi um erro de escolha para seu personagem.
05 de julho | quarta-feira | 19h
06 de julho | quinta-feira | 16h
Laura (Laura, EUA, 1944, 88 min)
Diretor: Otto Preminger Roteiro: Jay Dratler, Samuel Hoffenstein, Betty Reinhardt Com: Gene Tierney, Dana Andrews, Clifton Webb, Vincent Price, Judith Anderson
Laura, uma mulher inteligente, independente e linda, é encontrada morta com um tiro que desfigurou seu rosto. Um detetive é encarregado do caso e passa a reconstruir a vida e as relações da jovem. Então, a surpresa: Laura está viva, e agora é suspeita do assassinato da mulher que morreu em seu lugar. Excelente adaptação do (difícil) romance de Caspary, todo narrado em primeira pessoa por diversos personagens. Dana Andrews é o típico detetive durão, ao lado de atuações marcantes de Vincent Price e Clifton Webb. No papel título, Gene Tierney não passa muito da força da personagem literária (que pode ter resultado de um conflito entre Preminger e Caspary sobre a caracterização de Laura), mas está bem em cena.
06 de julho | quinta-feira | 19h
07 de julho | sexta-feira | 16h
A Noiva Estava de Preto (La Mariée était en noir, França, Itália, 1968, 107 min)
Diretor: François Truffaut Roteiro: Jean-Louis Richard, François Truffaut Com: Jeanne Moreau, Michel Bouquet, Jean-Claude Brialy, Claude Rich, Charles Denner
Adaptado do romance “The Bride Wore Black”, estreia de Cornell Woolrich na narrativa longa, A Noiva Estava de Preto conta a história de uma mulher em busca de vingança contra os quatro homens responsáveis pela morte de seu noivo no dia do casamento. A presença magnética de Jeanne Moreau é o grande atrativo do filme. Truffaut, em seu segundo trabalho colorido, não ficou satisfeito com o resultado final, que foi um fracasso à época, mas com o tempo ganhou a reputação de clássico.
07 de julho | sexta-feira | 19h
10 de julho | segunda-feira | 16h
No Silêncio da Noite (In a Lonely Place, EUA, 1950, 94 min)
Diretor: Nicholas Ray Roteiro: Andrew Solt, Edmund H. North Com: Humphrey Bogart, Gloria Grahame, Frank Lovejoy, Carl Benton Reid, Art Smith
Roteirista de Hollywood em declínio, com fama de ter um comportamento violento, torna-se suspeito do assassinato de uma garota. Ele começa um romance com a vizinha misteriosa, que logo passa a desconfiar da inocência dele, cujas atitudes ficam cada vez mais erráticas. Embora amenize e modifique substancialmente a obra de Dorothy B. Hughes, No Silêncio da Noite é um clássico por qualidades próprias, com sua trama que envolve relacionamentos abusivos e mistério policial. Bogart, em seu papel mais vilanesco, está muito bem, mas quem brilha é Gloria Grahame, como a heroína da história.
10 de julho | segunda-feira | 19h
11 de julho | terça-feira | 16h
Os Imorais (The Grifters, EUA, 1990, 110 min)
Diretor: Stephen Frears Roteiro: Donald E. Westlake Com: John Cusack, Anjelica Huston, Annette Bening, Pat Hingle, Charles Napier
Trapaceiro profissional, filho de uma mulher que trabalha para o crime organizado, sofre uma agressão e quase morre. Ele é socorrido pela mãe, com quem tem problemas e não via há muitos anos. A reaproximação não é fácil, e os conflitos pessoais, agravados por suas vidas criminosas, tomam o rumo da tragédia. Adaptação espetacular do romance de Thompson pelas mãos de outro grande escritor, Donald E. Westlake. O trabalho de Stephen Frears na direção é de alto nível, gerando atuações exemplares do trio de protagonistas (em especial Anjelica Huston). O sucesso de Os Imorais renovou o interesse na obra de Thompson e outras adaptações vieram na sua esteira.
11 de julho | terça-feira | 19h
12 de julho | quarta-feira | 16h
Rififi no Harlem (Cotton comes to Harlem, EUA, 1970, 97 min)
Diretor: Ossie Davis Roteiro: Ossie Davis, Arnold Perl Com: Godfrey Cambridge, Raymond St. Jacques, Calvin Lockhart, Judy Pace, Redd Foxx.
Dirigido com habilidade pelo também ator e ativista Ossie Davis (em sua estreia atrás das câmeras), Rififi no Harlem consegue dosar humor e crítica social dentro de uma história de crime. A obra original de Chester Himes forneceu o principal ingrediente: a caracterização realista da população afro-americana do Harlem, em Nova York, bem distante das idealizações ou estereótipos negativos de Hollywood. Rififi no Harlem foi produzido pela MGM, numa clara evidência de que os tempos estavam mudando, e alcançou sucesso nas bilheterias. O filme já possui vários dos elementos característicos da vindoura Blaxploitation: a trilha sonora de Black Music, o cenário urbano caótico e o destaque para as questões raciais.
13 de julho | quinta-feira | 19h
14 de julho | sexta-feira | 16h
A Morte num Beijo (Kiss Me Deadly, EUA, 1955, 106 min)
Diretor: Robert Aldrich Roteiro: A. I. Bezzerides Com: Ralph Meeker, Albert Dekker, Maxine Cooper, Cloris Leachman, Jack Elam
O detetive Mike Hammer encontra por acidente uma mulher que está sendo perseguida por criminosos. Os vilões capturam a dupla e torturam a mulher até a morte. Hammer escapa, e passa a investigar. Logo ele se vê no meio de uma disputa por uma maleta misteriosa, que pode ser ainda mais perigosa que os bandidos atrás dela. Fantástica adaptação para o romance de Spillane dirigida com maestria por Robert Aldrich. Uma dose de espionagem e paranoia nuclear foi adicionada à trama do livro, deixando-a mais original. As cenas de violência e a imoralidade do herói (interpretado à perfeição por Ralph Meeker) provocaram polêmica.
14 de julho | sexta-feira | 19h
17 de julho | segunda-feira | 16h
O Sol por Testemunha (Plein Soleil, França, Itália, 1960, 118 min )
Diretor: René Clément Roteiro: Paul Gégauff, René Clément Com: Alain Delon, Maurice Ronet, Marie Laforêt, Erno Crisa, Billy Kearns
Tom Ripley, um jovem trapaceiro americano, é enviado para a Itália com a missão de levar o milionário Philip Greenleaf de volta para a casa dos pais nos EUA. Encantado com a vida levada por Greenleaf, Ripley começa a cobiçar o lugar dele. Logo, o jovem mata o milionário e tenta assumir sua identidade. Excepcional adaptação da obra de Highsmith, que peca apenas em seus segundos finais (isso em relação ao livro. Analisado como obra individual, o filme é perfeito). Alain Delon está ótimo no papel que o transformou em astro internacional, ainda hoje o melhor Ripley do cinema.
17 de julho | segunda-feira | 19h
18 de julho | terça-feira | 16h
Jackie Brown (Jackie Brown, EUA, 1997, 154 min)
Diretor: Quentin Tarantino Roteiro: Quentin Tarantino Com: Pam Grier, Samuel L. Jackson, Robert Forster, Bridget Fonda, Michael Keaton, Robert De Niro
Aeromoça de meia-idade transporta dinheiro ilegal para contrabandista de armas. Após ser presa, ela é obrigada pela polícia a trabalhar contra o contrabandista. Junto com um agente de fianças, ela arma um golpe para escapar da polícia e dos bandidos, levando ainda algum dinheiro consigo. Quentin Tarantino realiza aqui uma das melhores adaptações da obra de Elmore Leonard, utilizando muito bem o humor e a violência típicos do autor. O filme também funciona como uma bela homenagem à Blaxploitation, tendo uma ressuscitada Pam Grier à frente do elenco.
18 de julho | terça-feira | 19h
19 de julho | quarta-feira | 16h
À Queima-Roupa (Point Blank, EUA, 1967, 92 min)
Diretor: John Boorman Roteiro: Alexander Jacobs, David Newhouse, Rafe Newhouse Com: Lee Marvin, Angie Dickinson, Keenan Wynn, Michael Strong, John Vernon
Durante um roubo, assaltante é traído pela esposa e por seu melhor amigo. Deixado para morrer, ele consegue escapar. Recuperado, parte em busca do ex-amigo, que agora pertence a um grande sindicato do crime. Seu objetivo, porém, não é tanto a vingança, mas recuperar a parte que tinha direito no roubo. Clássico absoluto e maior transposição de Parker, criação de Richard Stark, para o cinema, aqui vivido por um Lee Marvin perfeito. Com influência da Nouvelle Vague, a direção de John Boorman tem momentos brilhantes. A narrativa fragmentada, o ritmo que contrasta cenas frenéticas com momentos de silêncio e as imagens quase surreais marcaram época.
20 de julho | quinta-feira | 16h
27 de julho | quinta-feira | 16h
Às Margens de um Crime (In the Electric Mist, EUA, França, 2009, 117 min)
Diretor: Bertrand Tavernier Roteiro: Jerzy Kromolowski, Mary Olson-Kromolowski Com: Tommy Lee Jones, John Goodman, Peter Sarsgaard, Mary Steenburgen, Kelly Macdonald
O xerife Dave Robicheaux investiga uma série de assassinatos nos pântanos da Louisiana. Um crime há muito esquecido pode ter ligação com o caso, assim como as filmagens de um épico sobre a Guerra Civil Americana na região. Enquanto isso, Robicheaux tenta equilibrar os problemas de sua vida pessoal. Adaptação morna da obra de James Lee Burke, apesar da competência (e conhecimento de causa) do diretor Bertrand Tavernier. A atuação de Tommy Lee Jones não difere muito de tantos outros policiais veteranos que interpretou nos últimos anos. Produção europeia, não chegou a ser exibido comercialmente nos EUA.
20 de julho | quinta-feira | 19h
21 de julho | sexta-feira | 16h
Os Amigos de Eddie Coyle (The Friends of Eddie Coyle, EUA, 1973, 102 min)
Diretor: Peter Yates Roteiro: Paul Monash Com: Robert Mitchum, Peter Boyle, Richard Jordan, Steven Keats, Alex Rocco
O envelhecido Eddie Coyle é um pequeno atravessador de armas no submundo de Boston. Sob o risco de voltar para a cadeia, ele começa a fornecer informações para a polícia, que o pressiona cada vez mais. Porém, o jogo duplo com a lei pode ser ainda mais perigoso do que o mundo do crime. Adaptação fiel e sóbria da obra-prima de George V. Higgins. Totalmente focado nos personagens, assim como o livro, o filme contém atuações excepcionais. Robert Mitchum está perfeito no papel título, e Steven Keats rouba a cena como o contrabandista de armas. Sucesso de crítica, teve desempenho modesto nas bilheterias.
21 de julho | sexta-feira | 19h
24 de julho | segunda-feira | 16h
Drive (Drive, EUA, 2011, 100 min)
Diretor: Nicolas Winding Refn Roteiro: Hossein Amini Com: Ryan Gosling, Carey Mulligan, Bryan Cranston, Christina Hendricks, Ron Perlman
Mecânico e dublê cinematográfico ao dia, piloto de fuga para assaltantes à noite. Um jovem solitário leva essa rotina até se envolver com vizinha, cujo marido ex-presidiário tem uma dívida com criminosos. Sem querer, o piloto acaba no meio de uma trama entre mafiosos perigosos, colocando sua vida e de sua vizinha em risco. Um dos melhores filmes dos últimos 15 anos, Drive é uma adaptação espetacular da novela de James Sallis. O roteirista Hossein Amini transformou a narrativa fragmentada e não linear do livro em uma história convencional, porém, mais abrangente e desenvolvida. Direção espetacular e boas atuações.
24 de julho | segunda-feira | 19h
25 de julho | terça-feira | 16h
Coração Selvagem (1990) Wild at Heart
Diretor: David Lynch Roteiro: David Lynch Com: Nicolas Cage, Laura Dern, Willem Dafoe, Crispin Glover, Diane Ladd, Isabella Rossellini
Sailor e Lula são um casal apaixonado. Porém, a mãe de Lula não aceita o romance. Sailor acaba preso por matar um homem, mas, depois de ser libertado em condicional, cai na estrada com Lula. A mãe contrata um detetive e um assassino para caçar a dupla, que acaba se envolvendo em outros crimes por conta própria. Típica produção de David Lynch, cheia de bizarrices, Coração Selvagem é uma adaptação divertida e insana da obra de Barry Gifford. Lynch encontrou a atmosfera e o elenco perfeito. O filme foi muito criticado e não teve sucesso de público, mas venceu a Palma de Ouro em Cannes, uma premiação muito polêmica à época.
25 de julho | terça-feira | 19h
26 de julho | quarta-feira | 16h
Los Angeles: Cidade Proibida (L.A. Confidential, EUA, 1997, 138 min)
Diretor: Curtis Hanson Roteiro: Brian Helgeland, Curtis Hanson Com: Kevin Spacey, Russell Crowe, Guy Pearce, Kim Basinger, James Cromwell, Danny DeVito
Três policiais de personalidades bastante distintas participam da investigação de um massacre acontecido em um bar. O que, a princípio, parecia o resultado de um assalto malsucedido, se mostra uma grande intriga envolvendo policiais e políticos corruptos, além do crime organizado. Grande sucesso de público e crítica, Los Angeles: Cidade Proibida simplifica e ameniza a obra de James Ellroy, considerada sua obra-prima. Um filme de direção e atuações competentes, com bela atmosfera reproduzindo a los Angeles dos anos 1950.
27 de julho | quinta-feira | 19h
28 de julho | sexta-feira | 16h
Julho Sangrento (Cold in July, EUA, 2014, 109 min)
Diretor: Jim Mickle Roteiro: Nick Damici, Jim Mickle Com: Michael C. Hall, Sam Shepard, Don Johnson, Vinessa Shaw, Nick Damici
Um homem pacato mata ladrão que invadira sua casa no meio da noite. Logo, ele começa a ser perseguido pelo pai do bandido, que acabou de sair da cadeia. Após um confronto, a revelação: o ladrão morto não era o filho do ex-presidiário. Começa assim uma busca pelo verdadeiro filho do homem. Belo trabalho de Jim Mickle, que peca apenas por cortar partes importantes demais da trama original, causando uma falta de desenvolvimento no filme. O trio de protagonistas está muito bem, com destaque para Don Johnson. Julho Sangrento teve ótima recepção, proporcionando o surgimento de outras adaptações de obras de Joe R. Lansdale.
28 de julho | sexta-feira | 19h
31 de julho | segunda-feira | 16h
O Diabo Veste Azul (Devil in a Blue Dress, EUA, 1995, 102 min)
Diretor: Carl Franklin Roteiro: Carl Franklin Com: Denzel Washington, Tom Sizemore, Jennifer Beals, Don Cheadle, Maury Chaykin
Easy Rawlins, desempregado e com a hipoteca da casa para pagar, aceita o trabalho oferecido por um homem suspeito: encontrar uma mulher branca que frequenta os bares das comunidades negras. O que ele não sabe é que a mesma mulher está sendo procurada por homens que querem matá-la. Carl Franklin se sai muito bem dirigindo e adaptando o livro de Walter Mosley, equilibrando com sucesso a ação, o mistério e o lado social da narrativa. Apesar das qualidades positivas, como o visual requintado e as atuações de Washington e Don Cheadle, o filme teve uma recepção morna, o que dificultou a continuidade das aventuras de Easy Rawlins no cinema.
31 de julho | segunda-feira | 19h
Atração Perigosa (The Town, EUA, 2010, 125 min)
Diretor: Ben Affleck Roteiro: Peter Craig, Ben Affleck Com: Ben Affleck, Rebecca Hall, Jon Hamm, Jeremy Renner, Pete Postlethwaite, Chris Cooper
Baseado no romance “Prince of Thieves”, Atração Perigosa conta a história de Doug MacRay, filho de um criminoso que segue os passos do pai. Ele comanda um bando de assaltantes, realizando roubos ousados em Boston. Em um desses roubos, seu grupo toma uma garota de sua vizinhança como refém. Para saber se ela é capaz de reconhecê-los, Doug passa a segui-la, e os dois acabam tendo um romance. O segundo filme de Ben Affleck como diretor é uma das grandes obras do cinema policial recente. Com personagens bem delineados e interpretados, momentos de ação e tensão, Atração Perigosa convence e prende o espectador como poucos filmes da atualidade.
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