OS ANARQUISTAS de Elie Wajeman
com Adèle Exarchopoulos
(LES ANARCHISTES/ DRAMA | FRANÇA | 2015 | 101 MIN| 14 ANOS)
de Elie Wajeman
com Adèle Exarchopoulos
Direção: ÉLIE WAJEMAN
Roteiro: ÉLIE WAJEMAN e GAELLE MACÉ
Figurino: ANAÏS ROMAND
Produção: LOLA GANS
Fotografia: DAVID CHIZALLET
Edição: FRANÇOIS QUIQUERÉ
Elenco: TAHAR RAHIM/ ADÈLE EXARCHOPOULOS/ CÉDRIC KAHN
SWANN ARLAUD/ GUILLAUME GOUIX/ KARIM LEKLOU,
SARAH LE PICARD/ EMILIE DE PREISSAC/ AURÉLIA POIRIER,
AUDREY BONNET/ OLIVIER DESAUTEL/ DAVID GESELSON,
THIBAULT LACROIX/ ARIEH WORTHALTER e SIMON BELLOUARD.
Questionado de onde veio a ideia para este filme, o cineasta francês ÉLIE WAJEMAN (dirigiu ALIYAH/2011 e atuou em MINHA QUERIDA DAMA/2014) disse que tem “uma paixão por histórias sobre infiltrados – um de meus filmes favoritos é Donnie Brasco, de Mike Newell. Eu queria inserir um personagem – um policial desprovido de qualquer ideologia – em um ambiente que era exatamente o oposto: um grupo altamente politizado e cheio de revolta. Eu queria filmar a relação entre o vazio e o universo pleno”.
Duas obras o impressionaram e o levaram a este OS ANARQUISTAS: as notáveis 12 horas da adaptação teatral de Peter Stein de Dostoievski, The Devils (OS DEMÔNIOS) que causou grande impressão em mim, assim como de The Molly Maguires (VER-TE-EI NO INFERNO) de Martin Ritt com Sean Connery e Richard Harris, em que um detetive infiltra um grupo de ativistas irlandeses no combate à exploração dos mineiros. Ele desenvolve amizades com os mineiros, enquanto os traí. Através da escrita de Dostoievski e do filme de Ritt, eu percebi que tinha o material para um filme”.
Duas vezes vencedora do Prêmio César das 3 em que foi indicada, ANAÏS ROMAND empresta o seu talento ao filme OS ANARQUISTAS. Seus trabalhos anteriores foram L’APPOLLONIDE – OS AMORES DA CASA DE TOLERÂNCIA, exibido pelo Guion e SAIN LAURENT. DIÁRIO DE UMA CAMAREIRA, A RELIGIOSA e HOLY MOTORS, exibidos pelo Guion (os dois primeiros) foram outros trabalhos memoráveis da profissional.
Sinopse:
Em Paris, em 1899, um militar de origem humilde, Jean Albertini (TAHAR RAHIM), tem a importante missão de se infiltrar no seio de um grupo de jovens idealistas, segundo o Inspetor-Chefe da Policia (Cédric Kahn), anarquistas. Caso a missão seja bem-sucedida ele tem a promessa de uma promoção.
Durante a sua arriscada tarefa, visto que terá que se envolver nas operações “criminosas” da sua nova comunidade, Jean envolve-se romanticamente com um dos seus membros, Judith (ADÈLE EXARCHOPOULOS), e fraternalmente com os restantes, tornando a missão num dilema sobre compromisso e lealdade.
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MARAVILHOSO BOCCACCIO
(MARAVIGLIOSO BOCCACCIO/ 2015/ ITÁLIA-FRANÇA/ 122 MIN/ 14 ANOS/ FICÇÃO HISTÓRICA–COMÉDIA DRAMÁTICA)
Direção e Roteiro: VITTORIO TAVIANI e PAOLO TAVIANI
Fotografia: SIMONE ZAMPAGNI
Montagem: ROBERTO PERPIGNANI
Música: GIULIANO TAVIANI e CARMELO TRAVIA
Produção: STEMAL ENTERTAINMENT/ CINEMAUNDICI/ RAI CINEMA
Elenco: KASIA SMUTNIAK/ RICCARDO SCAMARCIO/ KIM ROSSI STUART, JASMINE TRINCA/ VITTORIA PUCCINI/ROSABELL LAURENTI SELLERS,
CAROLINA CRESCENTINI/ PAOLA CORTELLESI/ EUGENIA COSTANTINI,
FLAVIO PARENTI/ MICHELE RIONDINO/ LELLO ARENA/ FABRIZIO FALCO,
MIRIAM DALMAZIO/ ILARIA GIACHI JOSAFAT VAGNI/ NICCOLÒ CALVAGNA
SINOPSE
Florença, Itália, 1348. Com peste negra devastando os moradores das cidades da Toscana, um grupo de homens e mulheres jovens se refugia em uma vila remota nas colinas que cercam Florença. Agora vivendo como uma comunidade eles decidem dizer uns aos outros uma história por dia para distrair seus pensamentos de sua situação precária…
NOTA DO DIRETOR
Nós contamos esta história, essas histórias, livremente inspiradas no Decameron de Boccaccio, porque queríamos um desafio: contrastar as cores pálidas da peste – que então, assim como agora, de certa maneira, está em toda parte – às cores transparentes do amor, ingenuidade, poesia.
Colocamos esse desafio nas mãos de dez jovens; sete mulheres e três homens, que encontram força formando uma comunidade perto da natureza, com regras Franciscanas como preparar o seu próprio pão. Uma escolha de simplicidade que lhes permite olhar e compreender a complexidade das aventuras humanas, recordando-lhes do poder da imaginação.
As mulheres são o motor desta história
No campo, em uma casa grande, que tem vista para um belo vale, esses jovens contam histórias que têm um tema comum, o amor: um sentimento aparentemente grotesco às vezes, por vezes dramático, muitas vezes com grande erotismo. Enquanto transcorrem as imagens de paisagens espetaculares entre o Val d ‘Orcia, Pienza e Montalcino, os protagonistas chave são as mulheres, que, neste filme, parecem ter sido pintadas por Masaccio no afresco cinematográfico. “Para nós, este filme é todo feminino. São as mulheres que decidem deixar a cidade e serão as mulheres que irão contar as cinco histórias usando arte e imaginação, que se deve procurar a qualquer custo “dizem Paolo e Vittorio Taviani que as representam como donzelas em uma cena inesquecível quando elas entram na água todas vestidas de branco. A moral da história? Não há outra senão que “o amor é possível. Não há desfecho. E tudo graças a essas mulheres que vivem suas vidas sentimentais, mesmo sendo imorais”.
Catalina e Gentile: quando o amor é o antídoto para a morte
A primeira história é vivida por Vittoria Puccini e Riccardo Scamarcio. Catalina (Puccini) é o personagem principal, amada por um homem que não é seu marido. Quando ela adoece seu marido a manda embora para morrer sozinha, enquanto Gentile (Scamarcio) permanece ao seu lado e é capaz de ressuscitá-la, e, em seguida, torna-se seu amante. “Nós trabalhamos intensamente no close-up do despertar de Victoria Puccini. Tivemos de trazer à tona a luz dos seus olhos, porque esta é uma história de ressurreição através do amor”, dizem os irmãos Taviani que não têm nenhuma dúvida:”O amor vence a morte. E há um desejo de amor em Boccaccio; o amor tem um forte motivo para existir. Há uma cena muito emblemática onde Catalina, tida já como morta, é abraçada por seu amante, que abre sua blusa, procura seu seio e a toca sensualmente como se ela ainda estivesse viva.
Calandrino: como pode ser cruel este monstro de marido?
Em alguns aspectos, o tema da segunda história é o oposto da primeira, que é a história de Calandrino, que todos nós estudamos na escola, interpretado por um personagem feio e cruel, um quase irreconhecível Kim Rossi Stuart. “Nós escolhemos esta história porque ele representa algo que muitas vezes acontece hoje “Este é o tema: o que um homem faria nos dias de hoje se ele fosse um tolo como Calandrino e pudesse ter o dom de ser invisível? “Nós pensamos em um homem que – tolo ou não – no final, pensando que ele poderia se safar de qualquer coisa, traz para fora seu lado mais cruel. Ele se transforma inesperadamente em um monstro que persegue raparigas e torna-se ainda mais horrível com sua esposa quando chega em casa. Ele não é invisível para ela e ele sabe que ela pode vê-lo. No começo, ele a chama de bruxa, e então bate nela com violência e a chuta nas costas. Claramente, há uma referência às notícias que lemos e assistimos todos os dias sobre as mulheres que sofrem violência dentro de sua própria família.”
Ghismunda e Duque Tancredi: fuguras de pais tirano sem uma migalha de amor em seus corações
A terceira história é uma mistura das duas primeiras. O personagem principal é Ghismunda (Kasia Smutniak), filha do Duque Tancredi (Lello Arena), por quem ela tem profunda afeição.
Mas quando seu marido, muito mais velho que ela, morre, ela volta para a casa de seu pai, e comete o erro de se apaixonar por um servo, Guiscardo (Michele Riondino). Seu pai não aceita e manda matar o jovem. “Nós sempre ficamos chocados com as histórias contemporâneas com relações absurdas entre pessoas casadas onde o amor é prejudicado por causa de religião ou status social”. No final esta mulher decide morrer com o homem que seu pai mandou matar e torna significativa esta frase – que também pode ser encontrada no texto original de Boccaccio – que diz: “Eu te amei e se é verdade que eu te amei, após a morte eu ainda vou te amar do mesmo jeito.” Para os irmãos Taviani, portanto, o amor vai além da morte neste caso também.
Também é muito interessante o estudo que foi feito com as cores, que muda em cada episódio. Nessa história, há uma cor violeta que tende a escurecer conforme a história flui com um clima sombrio do começo ao fim.
Usimbalda e Isabetta: “somos pecadores. Nosso pai nos fez de carne.”
O tom muda no quarto episódio que amortece o que acabamos de ver. O que acontece quando o grotesco é misturado com amor? Em um convent, uma abadessa muito rígida (Paola Cortellesi) descobre que a Irmã Isabetta (Carolina Crescentini) deixou um homem entrar em seu quarto. Abadessa Usimbalda a repreende no início e a ameaça na frente de todas as outras freiras. Mais tarde descobrimos que ela também já teve uma noite de sexo. A história dá uma volta com a abadessa que admite ser “uma mulher pecadora como todas as outras, porque nosso Pai nos fez de carne”. Os irmãos Taviani comentam:”Paola consegue ser cômica, mas também cruel e má em sua atuação. Sua habilidade é ser capaz de passar da abadessa inflexível à mulher que simplesmente admite que tem um homem em sua vida e, portanto, convida também as outras freiras a fazer o mesmo, principalmente porque nem todas têm essa oportunidade”. Uma virada que deixa o espectador com uma sensação de surpresa, mas que também testemunha a absoluta liberdade para amar, além de qualquer julgamento.
Federico e Giovanna: um erro feito com amor deve ser perdoado
E finalmente, talvez a mais famosa história, a de Federico degli Alberighi (Josafat Vagni). Federico é muito pobre e sacrifica seu falcão adorado para preparar uma refeição para sua amada Giovanna (Jasmine Trinca). “A morte do falcão é a exaltação do amor absoluto, porque é como se ele tivesse matado a si mesmo por amor”, dizem os irmãos Taviani. Este gesto horroriza a jovem no início, quando ela vai até Federico para pedir-lhe o animal porque seu filho estava muito doente e o falcão representava sua última chance de salvar seu filho. Após a morte da criança, Giovanna vai atá Federico novamente e dá-lhe a mão de um modo tão íntimo e delicado que desperta um sentimento de incrível sensualidade. “Há um momento de raiva, mas no final ela entende e nesse gesto há toda a compreensão do que aconteceu”.
LOCAIS DE GRAVAÇÃO
Filmado na Toscana e Lazio, MARAVILHOSO BOCCACCIO se passa nos lugares mais encantadores da região central da Itália. Na Toscana, as filmagens foram feitas no castelo de Spedaletto e torre de Tarugi em Pienza, em Potentio, em castelos de mil anos de idade, na região de Grosseto, na Badia a Settimo, no município de Scandicci, no castelo Romitorio Montalcino e no palácio Nobili- Tarugi (atribuído a Antonio da Sangallo, o Velho)
em Montepulciano, também em Villa La Sfacciata, com vista para Florença com uma vista única. Em Lazio, entre os cenários selecionados, há o famoso castelo de Odescalchi em Bassano Romano, castelo Montecalvello, construído pelo rei lombardo Desidério e que ficou famoso por Balthus, a Abadia de Sant’Andrea em Fiumine e a Basílica de Sant’Elia.
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